USINA MARTINS – Uma das mais importantes e poderosas indústrias de Catalão

Propriedade e administração do estimado sr. Francisco Cassiano Martins – Açúcar de primeira qualidade e de grande aceitação pelo mercado consumidor – Fala-nos o grande industrial

O Jornal Gazeta do Triângulo, de Araguari, Minas Gerais, trouxe o seguinte artigo no dia 20 de agosto de 1959:

 

Uma das industrias que, sem dúvida alguma, honram e elevam o município de Catalão é a USINA MARTINS, de propriedade do sr. Francisco Cassiano Martins, conhecido entre os amigos por CHICO CASSIANO.

Em oportunidade de visita-lo em sua usina, observamos um ritmo harmonioso, onde a satisfação dos numerosos operários se faz sentir, graças ao tratamento cavalheiresco que lhes dispensa o grande industrial, fazendo com que todos se sintam como em família.

O sr. Francisco Cassiano Martins é dos mais estimados cidadãos catalanos, quer pela seriedade com que conduz seus negócios, como também pela forma exemplar como orienta à família e sua própria vida, mostrando-se exemplo de honradez e de dignidade. Seu tino administrativo é muito grande, bastando notar-se a firmeza com que dirige não apenas a sua poderosa indústria, mas também outros recursos de que é proprietário, como fazendas e gado.

 

DADOS GERAIS SOBRE A USINA MARTINS

Foi fundada em 1947; com profunda visão do assunto, o sr. Francisco Cassiano Martins a desenvolveu, aumentando o ritmo de sua produção; ela atinge diariamente 250 sacas, de 60 quilos, artigo de primeiríssima qualidade, que tem aceitação não apenas em todo o território goiano, mas também em muitos municípios mineiros, circunvizinhos a Catalão; para comprovar sua aceitação, basta salientar que o produto tem 99,8% de polarização, ou seja de pureza.

As instalações e dependências próprias se localizam na Fazenda Santo Antônio do Ouvidor, distante da sede da cidade 9 quilômetros; nelas trabalham cerca de 200 operários, inclusive no setor agrícola, como plantio e os cuidados com extensas lavouras de cana, operários que integram cerca de 80 famílias que residem em dependências de propriedade do sr. Francisco Cassiano Martins.

Além do açúcar, a Usina produz aguardente e álcoois anidro e industrial.

Para carregamento de produtos manufaturados e para transportes em geral, o proprietário dispõe de três caminhões, 1 automóvel, 1 camioneta, 5 tratores e 22 carretas.

 

PESSOAL TÉCNICO

É oportuno lembrar que com o sr. Francisco Cassiano Martins se encontra apenas pessoal técnico e especializado, a quem são entregues os diversos setôres de trabalho. Pormenorizemos:

É responsável pelas maquinas em geral o técnico sr. João Pinto de Melo Filho; é gerente na usina, na parte industrial, o sr. Alberto Martins Borges; é responsável pela parte agrícola o sr. Cassiano Leite Martins.

Nos escritórios, confeccionando e orientando a contabilidade, encontram-se os srs. Waldemar Gomes da Costa e Divino Martins de Deus, onde contam com a eficiente colaboração do proprietário e de seu filho, Ivan Levy Martins. A contabilidade é feita nos moldes da padronização do Instituto de Açúcar e do Álcool, atendendo o disposto no art. 173 do Decreto – lei 3.855, de 21.11.1941, que tornou extensivo o seu uso a todas as usinas de açúcar do País. Para isso, dispõe de maquinaria moderna e completa, adquirida da Front Feed S.A; a escrita é mecanizada, o que a torna das pioneiras de Goiás.

FOTO: Vista de um dos pavilhões da Usina Martins; ao lado a grande chaminé, – que traduz operosidade. –

IMPRESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Quem percorre a indústria, como nos percorremos, e verifica a completa harmonia nela existente, e observa o grande entrosamento entre o patrão, seus filhos, os técnicos, os operários e os auxiliares de maneira geral, e nota o ritmo acelerado das maquinas, no seu completo intrincado, produzindo açúcar de primeira qualidade, que tem aceitação imediata, e cuja produção não satisfaz à procura, graças a sua excelência, tem impressão extraordinária, e chega à conclusão de que a Usina Martins é realmente modelar pela sua organização, enriquecendo o parque manufatureiro e elevando o nome de Catalão, no conceito de outras cidades.

FOTO: Aspecto da Usina Martins, situada na Fazenda Santo Antônio de Ouvidor, distante da sede de Catalão 9 quilômetros

 

ENTREVISTA

Aproveitando a oportunidade, colhemos do sr. Francisco Cassiano Martins uma entrevista que, a seguir, publicamos:

 

– Sobre a fundação, que nos pode informar?

– Em fins de 1946, adquiri dos herdeiros de Antônio Sales tôda a maquinaria  e direitos junto à Autarquia Açucareira da extinta Usina Ipanema. Em 1947, comecei com produção modesta, não tendo a fabricação atingido meio milhar de sacos; a produção foi aumentando gradativamente, estando a usina hoje aparelhada para fabricação de 50.000 sacos por safra. Com a evolução da Usina, veio o progresso dos fazendeiros vizinhos, que deram expansão à lavoura canavieira. Fui compelido a levantar casas para os operários e colonos, que hoje constituem verdadeiras vilas.

 

– E como se encontra a indústria de açúcar, atualmente?

– Passa por uma fase em que a concorrência nem sempre é leal. Há potentados usineiros que armazenam toda a produção, para soltá-la na época em que o produto principal atinge a cotação máxima; a compensação dessa espera é vantajosa para o usineiro que tenha capital bastante para não acompanhar os preços em nova safra; se assim for, o que se produz nas entre safras dá e com sobra para sustentar o mercado, mesmo quando o custo da produção supera a sua cotação.

– Quais são suas pretensões para o futuro?

– Mercê de Deus, e ate onde minhas forças derem, pretendo, de maneira gradativa, revolucionar a minha indústria; sempre acompanho de perto as inovações e as técnicas mais modernas introduzidas nas artes açucareira e alcooleira. Estou programando para dar a todos que labutam comigo um ambulatório completo, com drogas e medicamentos vários, e ainda contar com a assistência de um facultativo particular, pelo menos uma vez por semana. No setor educacional, a Usina já dispõe de Grupo Escolar, alias bem montado, com carteiras anatômicas, condizentes com o numero de alunos, que atinge a mais de 80, distribuídos em duas turmas: uma pela manha e outra à tarde, estando em cogitação para instalar uma turma noturna, para maiores. A escola dispõe de apetrechos completos, quarto para os professores, instalações sanitárias completas. Desejo levantar uma igreja, em homenagem a São Pedro, padroeiro da indústria açucareira. No que tange aos esportes, já tenho campo de futebol, embora modesto; não raro, nele se pratica o esporte bretão. Outros melhoramentos serão introduzidos, com a criação de uma seção de tecidos , para confeccionar pelo menos a própria sacaria de que necessita a minha indústria, para ensacar o principal produto. O bagaço que bem poderia ser aproveitado para a fabricação de papel e papelão é utilizado como auxiliar de combustível, nas caldeiras. Tenho o proposito de construir uma casa para teatro, cinema, banda de musica e outras diversões, que não fogem dos meus planos, com o objetivo de proporcionar aos operários as diversões de que carecem, nas horas apropriadas.

FOTO: Francisco Cassiano Martins e seu irmão Alberto Martins Borges na unidade de recebimento da cana

FOTO: O açúcar ensacado

FOTO: Bodas de ouro de Cassiano e Julieta, em agosto de 1954

FOTO: Chico Cassiano e dona Palmira com os filhos Cassianinho e Áurea, Ivan, Helio, Tânia e Valéria. As crianças Luiz Antônio e Francisco Cassiano Neto

FOTO: Chico Cassiano e dona Palmira com filhos, netos e bisnetos

FOTO: Nicolau Abrão, Chico Cassiano e ??????

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