TRAJETÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL DE CATALÃO
Houve um tempo em que a maioria da população de Catalão morava na roça. O município era enorme e compreendia todas as cidades que hoje formam o sudeste goiano. Como havia poucas estradas, o deslocamento era difícil, obrigando os moradores da zona rural a ser autossuficientes em quase tudo, não dependendo do comércio urbano. As pessoas somente vinham à cidade em ocasiões especiais, nas festas religiosas, batizados, casamentos ou para cumprir alguma obrigação nos cartórios.
Ao contrário das terras de São Paulo, onde se plantava café para exportação, as terras do cerrado goiano quase nada valiam. Tanto que, os pioneiros, vindos de Minas Gerais, adquiriram imensas glebas no município de Catalão que foram, com o tempo, sendo repartidas entre os herdeiros. Com isso, as velhas fazendas foram se tornando cada vez menores em função da constante divisão entre filhos, netos e bisnetos.
Assim, durante todo o século XIX, a maioria das famílias catalanas levava uma vida rural, ocupada na lavoura e na criação de gado. A comercialização era bastante modesta, restrita ao excedente de produção. O arroz, o feijão e o milho, que sobravam, eram vendidos nos armazéns da cidade ou transportados em carros de boi para negociação no Triângulo Mineiro. A vida dos moradores era inteiramente rural.
A vida urbana em Catalão somente obteve alento com a chegada da ferrovia e dos imigrantes estrangeiros. Os mascates, no início do século passado, abriram lojas e armazéns na cidade, negociando mercadorias em toda a região. Com os ganhos de capital, abriram charqueadas, curtumes, selarias, bares, fábricas de manteiga, açúcar, sapatos, bebidas e beneficiamento de grãos.
O centro de negócios era a estação ferroviária, onde se recebiam os artigos encomendados de fora e se despachavam os produtos regionais. Nas décadas iniciais do século XX, pela primeira vez, a cidade passou a oferecer meio de vida e emprego para as famílias rurais, que foram se estabelecendo na zona urbana. Houve um considerável êxodo rural no período.
Na década de 1920, Goiânia não existia. Anápolis era apenas um entreposto comercial e Catalão se tornou a capital econômica do estado, a cidade mais industrializada e dinâmica do território goiano.
No entanto, a condição privilegiada de Catalão durou pouco mais de trinta anos. Com a construção de Goiânia e abertura de rodovias, a região da estrada de ferro ficou relegada. Dada a opção rodoviária por parte do governo federal, não houve investimentos em ferrovias e o grande mercado consumidor se consolidou no eixo Goiânia-Anápolis. Catalão esteve economicamente isolada, perdeu muitas fábricas, lojas e indústrias que fecharam as portas e se mudaram para a área central do estado.
Na década de 1950, metade da população do município ainda era rural. Mas, apesar da forte competição e da estagnação econômica, a cidade viveu um período brilhante nas relações culturais, esporte e lazer. Cinemas, teatros, clubes, bares e restaurantes marcaram um clima de otimismo, na época, compartilhado por novas lideranças políticas e empresariais que acreditavam na retomada econômica do município.
Foi o período em que Ouvidor, Três Ranchos e, pouco depois, Davinópolis se emanciparam, apontando para um enfraquecimento do município. Entretanto, as visitas do presidente JK a Catalão, a abertura da BR-050, a ponte sobre o rio Paranaíba e a inauguração de novas escolas colaboravam para o entusiasmo da população urbana.
A retomada econômica somente aconteceu a partir da década de 1970 com a implantação das mineradoras. Catalão iniciou um inesperado ciclo de crescimento econômico e recebeu uma nova configuração urbana.
Em 1970, o município tinha 27 mil habitantes e 43% ainda residia na zona rural. Mas, três décadas depois, no final do século, a população alcançou 64 mil habitantes, com apenas 10% morando na área rural. No período, todas as cidades vizinhas perderam população, o que indica a forte atração que as mineradoras exerceram na região.
No início do século atual, dada a criação do distrito industrial, Catalão deu um salto qualitativo na sua economia. Recebeu montadoras de automóveis e de implementos agrícolas, multiplicando a arrecadação do município, bem como o número de bairros da cidade. Superou a marca dos 100 mil habitantes tendo somente 5% da população morando na zona rural.
A economia de Catalão se diversificou. De um lado, a agricultura moderna, com alta tecnologia, passou a ser representativa no contexto estadual e a região se tornou exportadora de grãos. De outro, no setor de serviços, a localização estratégica do município transformou Catalão em centro distribuidor de produtos acabados para todo o Brasil-Central.
Tudo leva a crer que, o desenvolvimento econômico de Catalão está no rumo certo. O desafio agora é aprofundar a diversificação do setor, completando lacunas na cadeia produtiva. Se produzimos soja, o investimento deve ser em fábricas de óleo de soja e assim por diante. Para isso, a ampliação do distrito industrial é condição necessária para instalação de novas indústrias no município.
Microrregiões do estado de Goiás
A região que compreende o antigo município de Catalão
Luís Estevam