Registros da Academia Catalana de Letras – CRAC, um dos símbolos inalienáveis da história de Catalão

A Academia Catalana de Letras ressalta que, o Crac é um dos símbolos inalienáveis da história de Catalão, seja como clube social, seja como time de futebol. Em programações festivas, na metade do século passado, o Crac fazia inveja aos maiores clubes sociais do estado. Como time de futebol se destacou em várias disputas regionais, até conseguir participar no campeonato goiano da primeira divisão.

Em 1967, a cidade de Catalão literalmente explodiu, quando a sua equipe ganhou o campeonato goiano. Foi considerada a maior e a mais longa comemoração popular de toda a região. A cidade, na época, era bem pequena, com ruas estreitas, a maioria absoluta sem calçamento. A economia do município estava estagnada, ainda sem a presença das empresas mineradoras. O time do Crac, sem condições financeiras, era impulsionado unicamente pela paixão dos torcedores e dedicação de seus dirigentes.

A conquista do título foi uma surpresa para o futebol goiano, uma alegria imensa para a comunidade catalana e serviu de ânimo para novos investimentos locais. Pode parecer que não, mas o futebol tem o poder de disseminar, de forma positiva, o nome de uma cidade. Por isso, a conquista do primeiro título de campeão merece uma revista bem detalhada.

A partida final aconteceu numa tarde de sábado em novembro de 1967, no campo do Atlético em Goiânia. Era um dia de sol e chuva ao mesmo tempo e o campo estava em péssimas condições. Por cima, o Crac teve ainda que enfrentar dois fatores adversos: o Atlético, que necessitava somente do empate, e a sua vibrante torcida que compareceu em massa. O número de torcedores catalanos era bem reduzido, sem marcar qualquer presença meio à imensa turba de rubro negros.

O primeiro time a entrar em campo foi o Crac, diretamente pela linha lateral do gramado, recebendo poucos aplausos. A entrada do Atlético, por sua vez, foi triunfal. A equipe saiu do túnel e partiu direto para o centro do gramado recebendo agitação de milhares de bandeirolas, gritos de entusiasmo, espocar de centenas de fogos, dando a impressão de que o estádio iria ruir.

Aos 21 minutos do primeiro tempo aconteceu aquilo que os torcedores não esperavam: gol do Crac! A torcida atleticana, até então vibrante, emudeceu sem poder acreditar no que ocorrera. Daí, até o final da partida, a tensão foi generalizada, mas o Crac conseguiu, com esforço de gigante, barrar o Atlético e assegurar o placar. Ninguém esperava, na época, que pudesse acontecer. Mas aconteceu.

As comemorações iniciaram em Goiânia, atravessaram a região sudeste e teve o ponto culminante na cidade de Catalão onde, segundo cronistas esportivos da época, houve um “endoidecimento” geral da população.

A comitiva vitoriosa voltou para casa no domingo de manhã, empreendendo um retorno demorado e histórico. Jogadores e diretores foram cantando, desde a saída de Goiânia, numa alegria incontrolável. Em Pires do Rio foram abraçados como verdadeiros heróis, em Ipameri receberam um foguetório deslumbrante e, em Goiandira centenas de torcedores catalanos aguardavam os seus ídolos.

Quando a caravana chegou a Catalão foi um estrondo. Houve lágrimas, desmaios e uma enorme correria. Os diretores foram entusiasticamente aplaudidos, os jogadores carregados, derrubados e abraçados. No jardim da praça central o povo tomava banho, atirando-se na fonte, explodindo de contentamento. Mulheres, crianças, velhos, enfim, todos os moradores saudando a Vitória do Crac.

Foi uma festa jamais vista em toda a história do futebol goiano, conforme registraram cronistas esportivos.

De resto, é válido lembrar que, o time do Crac é o time mais antigo do interior de Goiás. A sua semente germinou desde a fundação do clube, em 1931, nascendo junto com a construção de sua sede social, numa época em que Goiânia sequer existia. Foi também o primeiro a ter um campo de tamanho oficial, inteiramente gramado, serviço feito com a ajuda da população no finalzinho da década de 1950. O estádio Genervino Evangelista da Fonseca, nome dado em homenagem ao doador do terreno, foi inaugurado no começo de 1960. As obras naquele estádio foram difíceis e demoradas em razão da excessiva umidade do terreno, com deslizamentos e graves acidentes.

Até hoje, a drenagem do campo é difícil de ser realizada.

Pena que a sede social do clube não exista mais. Mas, pelo menos o time constitui um marco simbólico de grande importância para os moradores. Inclusive, pela conquista de outro título de campeão estadual em 2004.

FOTO: Brasão do Crac

FOTO: Time campeão em 1967

FOTO: Entrega de faixas a dirigentes (1967)

FOTO: Estádio Genervino Evangelista da Fonseca

FOTO:  Elenco do Goianão 2019

 

Luís Estevam

 

 

 

 

 

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