Recordações da Academia Catalana de Letras – Primeiras obras da canalização do córrego Pirapitinga
A Academia Catalana de Letras lembra ter sido muito difícil iniciar a canalização do córrego Pirapitinga, por duas razões fundamentais: falta de recursos e discordância de moradores do centro da cidade. Historicamente, o Pirapitinga serviu a várias funções. A mais preocupante foi o fato de o córrego se tornar um esgoto a céu aberto, depositário de todo o lixo da cidade. O ribeirão frequentemente era local de desova de cachorros e cavalos mortos, carcaças de animais de açougues, além de receber esgotos residencial e industrial. As agroindústrias de Catalão despejavam no Pirapitinga praticamente todos os resíduos descartáveis. Além disso, o manancial servia, costume de antigamente, para lavagem de roupas dos moradores, banhos e pesca da meninada da Rua da Grota. Na parte central da cidade, as residências foram construídas na rua de cima, paralela ao ribeirão, com enormes quintais que se prolongavam até a beira do córrego. Como resultante, cada morador tinha um pedaço do Pirapitinga no fundo do seu lote. No início da década de 1970, o córrego estava tão poluído que virou caso de saúde pública, carecendo de imediatas providências de saneamento. Mas, haviam dois empecilhos. Primeiro, nem o governo do estado e muito menos a prefeitura tinham recursos financeiros para canalização do ribeirão. O outro problema vinha da parte de moradores que não permitiam a invasão do fundo dos seus quintais sem uma indenização. Para resolver o primeiro empecilho , Silvio Paschoal, o prefeito da época, partiu para Brasília onde conseguiu audiência com o presidente do senado, o gaúcho Daniel Krueger. Expôs os perigos da poluição do Pirapitinga na área central de Catalão, a sua preocupação de médico com a saúde pública e o acalentado desejo de canalização. O prefeito falou de forma tão veemente e convicta, que Krueger agendou com o departamento federal de infraestrutura e se empenhou na reivindicação, juntamente com o prefeito. Com os recursos garantidos, o prefeito partiu para a empreitada. Teria que desapropriar áreas limítrofes ao córrego, invadindo terrenos particulares de moradores tradicionais da cidade. Não foi fácil. Sílvio Paschoal enfrentou ameaças, ações na justiça, foi taxado de invasor de quintais, conviveu com o ódio de algumas famílias, mas não fraquejou. Conseguiu realizar 1 quilometro de canalização e urbanizar o terreno com avenida de duas pistas, bem na área central da cidade. Os moradores que foram desapropriados em parte do terreno, no fundo de seus quintais, descobriram, enfim, as vantagens da valorização imobiliária. Tanto que, em prolongamentos posteriores, da canalização, os primeiros a reivindicar os benefícios foram os proprietários dos lotes. Assim, as dificuldades iniciais foram sendo vencidas. Na época, o deputado Ênio Pascoal conseguiu, através do Nilo Margon,uma audiência com o General Golbery, a quem solicitou continuidade da canalização do Pirapitinga. Golbery deferiu o despacho no próprio requerimento do deputado, concedendo mais meio quilômetro de canalização da avenida Raulina. Assim foi o começo das obras no córrego. Daí em diante, outros prefeitos de Catalão se empenharam em estender adiante a canalização e a urbanização do Pirapitinga. São histórias a ser devidamente contadas. O fato é que, com o tempo, o ribeirão está se tornando um belo cartão postal da cidade.
FOTO: Silvio Paschoal
FOTO: Silvio e seus companheiros
FOTO: Primeiras obras do Pirapitinga
Luís Estevam
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