Recordações da Academia Catalana de Letras – O pioneirismo de Ipameri

Maysa Abrão 12 de maio de 2020.

A Academia Catalana de Letras relembra que, antigamente existia uma dissimulada competição entre Ipameri e Catalão. Tanto que, por muito tempo as duas comunidades seguiram rumos diferentes na economia e na política. Mesmo em termos sociais era como se existisse uma linha divisória. Ipameri esteve voltada para a região central de Goiás (Formosa, Anápolis e Cristalina) e Catalão mais ligada ao Triângulo Mineiro (Araguari, Bagagem e Araxá).

Catalão sempre carregou o mesmo nome, seja como arraial, vila ou cidade. Ipameri, por sua vez, nunca teve um nome definido e sim uma referência de localização. Nasceu com o apelido Vai-Vem e mais tarde virou cidade com o nome de Entre-Rios. Décadas depois de emancipada, resolveram trocar sua denominação para Ipameri que, na língua indígena, significa “entre rios”. Assim, não mudou muita coisa.

Contudo, Ipameri foi uma cidade admiravelmente progressista, sendo a primeira do estado de Goiás a contar com energia elétrica gerada no próprio município. A Usina Hidrelétrica do Rio do Braço, na antiga Vai-vem, funcionou com maquinário trazido da Alemanha, tornando-se atração turística e protótipo para outros municípios.

Além da energia elétrica, Ipameri foi pioneira no serviço de abastecimento urbano com água encanada, foi sede de um dos primeiros jornais do estado (O Ipameri), criou o primeiro sindicato rural, teve a primeira emissora de rádio de Goiás (Rádio Xavantes) e a primeira sala de cinema (Cine Estrela).

Não parou por aí. A primeira agência do Banco do Brasil no estado de Goiás foi a de Ipameri, assim como o primeiro Jóquei Clube goiano (Hipódromo Firmo Ribeiro) onde ocorriam competições de hipismo em âmbito nacional. Sem deixar de mencionar que Ipameri sediou uma unidade do exército desde a transferência do 6° BC da antiga capital para aquela cidade.

Finalmente, em termos religiosos, Catalão encontra-se subordinado à Diocese de Ipameri que congrega 19 municípios da região. A Diocese foi criada em 1966 pelo Papa Paulo VI e instalada na majestosa catedral do Divino Espírito Santo em Ipameri.

Em Catalão, a Diocese aprovou a divisão em três paróquias: a Paróquia Mãe de Deus (existente desde os tempos do Arraial do Catalão), a Paróquia São Francisco de Assis (criada em 1968) e a Paróquia São Vicente de Paulo (instalada em 2008). A primeira tem jurisdição religiosa sobre a Velha e a Nova Matriz, a segunda com sede na igreja São Francisco (em acabamento) e a última com ministério na igreja São Vicente de Paulo (Vila Liberdade). Entretanto, todas as diretrizes paroquiais de Catalão estão subordinadas ao bispo da Diocese de Ipameri.

Atualmente Catalão e Ipameri, em termos econômicos, estão bem distanciadas. A primeira se tornou um pólo de desenvolvimento mineral, industrial e comercial, ainda com um setor de agronegócio em plena expansão.

A segunda encontrou na moderna agropecuária uma forma de sustentação ainda não inteiramente consolidada. Pelo menos Ipameri ainda conserva, na zona urbana, vestígios do glorioso passado da velha cidade chamada Entre-Rios.