Recordações da Academia Catalana de Letras – Haley Margon Vaz completa 90 anos
A Academia Catalana de Letras lembra que hoje é o aniversário de 90 anos de Haley Margon Vaz. Aproveita o ensejo para relembrar os passos que deu na trajetória de sua vida pública.
Algumas atividades surgiram, desde cedo, na vida de Haley. Ainda adolescente havia sido o primeiro presidente e fundador do Grêmio Estudantil do Ginásio Presidente Roosevelt. Anos depois, assumiu a presidência do Rotary Clube e a direção do Clube Recreativo e Atlético Catalano (CRAC). E, em 1967, fazia parte da direção quando o CRAC ganhou o seu primeiro campeonato estadual.
A participação de Haley no CRAC foi muito interessante. De fato, até 1965 era o técnico do time que ainda não disputara campeonatos estaduais. Mas, naquele ano, resolveram profissionalizar o time, contratar novos jogadores e o CRAC passou a competir com times maiores. Resultou que, dois anos depois, a equipe de Catalão foi a campeã goiana de futebol.
Em termos políticos Haley se colocou contra o governo militar no Brasil, sendo um dos fundadores do antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), tendo sido eleito vereador em Catalão, na década de 1960, pela oposição ao regime. Desde então, nunca mudou de partido continuando a vida inteira dentro da mesma agremiação. Com o desenrolar do tempo, o seu currículo passou a integrar a história política de Catalão, assim como a da região sudeste e a do próprio estado de Goiás.
Quando vereador, um acontecimento político marcante foi o impedimento que a Câmara Municipal de Catalão impetrou contra o prefeito Osark Vieira Leite.
Reconheceu Haley que o administrador afastado nunca fora corrupto. Era um homem de boas intenções, honesto e os vereadores tinham plena consciência disso. Porém, a prefeitura estava um caos em virtude de ações cometidas por parte de assessores do prefeito e a saída encontrada foi o seu afastamento da administração pública.
Foi um período muito conturbado na história política de Catalão, momento em que o legislativo da cidade demonstrou inédita firmeza em suas decisões. Interessante que, nunca mais fato similar ocorreu na Câmara de Vereadores de Catalão.
Em 20 de agosto de 1963, o governador Mauro Borges Teixeira esteve em Catalão nas comemorações do aniversário da cidade, ocasião em que recebeu o título de cidadania catalana outorgado pela Câmara de Vereadores. O orador, na solenidade, foi o vereador Haley Margon. Na ocasião, líderes políticos e representantes de entidades compareceram em peso, lotando as dependências do Cine Real em Catalão.
Com a aproximação das eleições municipais de 1972, em pleno período da ditadura, o MDB de Catalão, ainda no germe de seu nascimento, optou por lançar candidato próprio a prefeito da cidade. Na época, isso era quase politicamente impossível. Em reunião com alguns integrantes do partido, entre eles João Enéas Bretas Netto e Mauro Campos Netto, a escolha recaiu sobre Haley Margon, apesar de seu irmão, Nilo Margon, estar ligado ao partido adversário e ocupar uma Secretaria no governo estadual. Em função disso, até a própria família Margon esteve dividida naquela eleição. Mesmo assim, Haley obedeceu às decisões do seu partido, assumindo a candidatura.
Deste modo, foi candidato a prefeito naquele pleito, tendo sido derrotado pelo médico Silvio Paschoal. No entanto, Haley considerou que foi uma vitória para o partido, que conseguiu lançar candidato e firmar-se como alternativa política em pleno regime militar. O MDB necessitava dessa injeção. Haley sentia, no íntimo e com antecedência, que a sua eleição era praticamente inviável naquela ocasião. O adversário, Silvio Paschoal, da Arena, era um médico muito querido e contava ainda com seu irmão Ênio Pascoal como deputado estadual. Ambos, pessoas extraordinárias a quem Catalão deve muito pelo trabalho, ressaltou Haley mais tarde. Revelou ainda, sem qualquer mágoa, que Silvio Paschoal, apesar de ter sido seu adversário político, foi um ótimo prefeito para Catalão.
Mas, na década seguinte, o quadro político brasileiro estava bem diferente. O povo clamava por mudanças, pelo fim do autoritarismo militar e pela abertura democrática. Foi o momento em que Haley se elegeu prefeito municipal, com larga vantagem eleitoral, exercendo o mandato de 1983 a 1988. Sua administração alterou as bases do desenvolvimento de Catalão em todos os setores.
A partir daí, exerceu uma vida pública quase sem interrupções. Assumiu a presidência da Associação dos Prefeitos da Região Sudeste no biênio 1985-1986. Posteriormente foi Secretário Geral do Ministério da Agricultura de 1989 a 1990. Assumiu, como titular da pasta, o cargo de Ministro Interino da Agricultura do Brasil por três vezes e, nas eleições de outubro de 1990, candidatou-se e foi eleito deputado federal.
Logo após, aceitou convite do governo de Goiás e assumiu a Secretaria de Fazenda do estado onde permaneceu de 1991 até o final de 1992. Retornou, depois de dois anos, à Câmara Federal onde cumpriu o restante do mandato e posteriormente assumiu, por quase um ano, a Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás. Antes, recebera convites para ocupar outros cargos públicos que recusou no governo Itamar Franco, entre eles, o de ser Ministro da Agricultura do Brasil.
Haley Margon cumpriu várias missões oficiais no exterior. Como Secretário Geral do Ministério da Agricultura esteve em Tóquio (Japão) em 1989, representando o governo federal na busca de recursos para o Prodecer (projeto de cooperativas do cerrado) e junto ao Fundo Nakasone para a execução de projetos de eletrificação rural. Os recursos obtidos aceleraram o processo de modernização da agricultura em todo o país, especialmente em Goiás que se transformou em relevante produtor de grãos. Essa viagem ao Japão foi a semente de instalação da Mitsubishi em Catalão posteriormente.
Esteve também em Havana (Cuba), naquele mesmo ano, como Secretário Geral da Agricultura, negociando transferências de tecnologia na área de inseminação animal. Cuba, naquela época, era um centro de pesquisas reconhecido mundialmente nesse setor.
Como Secretário de Fazenda do Estado de Goiás retornou ao Japão, em 1991, coordenando preparativos para a assinatura de empréstimo ao governo de Goiás pelo Fundo Nakasone. Com a iniciativa, o Estado conseguiu proporcionar novos recursos ais agricultores na área de eletrificação rural, na implantação de agroindústrias e em projetos de irrigação de lavouras.
Ainda como Secretário de Fazenda e membro de comitiva governamental de Goiás esteve na França em 1992, onde manteve encontro com bancos negociando e renegociando empréstimos para o estado de Goiás. Viajou também até Sevilha (Espanha), quando Secretário de Fazenda, visitando a Expo 92 a convite do governo espanhol.
Interessante que, mesmo com todas as experiências exercidas na vida pública, Haley Margon continua sendo um homem simples, metódico e trabalhador, residindo em Catalão, onde tem amigos e admiradores por todos os cantos do município. Persiste em ser um benfeitor da cidade, com a mesma e antiga preocupação que tinha com respeito aos problemas e às necessidades do povo. Continua acreditando que a educação é a forma suprema de transformação da sociedade. Tanto que, depois de suas atividades políticas, Haley tem se dedicado a desenvolver projetos em prol da comunidade catalana, principalmente na área educacional e na preservação do meio ambiente.
A comunidade catalana, sem dúvida, fica muito satisfeita com a passagem do aniversário de 90 anos de um dos seus filhos mais ilustres.
FOTO: Haley Margon no Rio de Janeiro (1950)
FOTO: Haley Margon como presidente do Rotary Clube de Catalão
FOTO: Vereador Haley Margon discursa em recepção ao governador Mauro Borges (1963)
FOTO: Haley Margon e Íris Rezende (1985)
FOTO: Haley Margon quando prefeito de Catalão (1984)
FOTO: Haley Margon quando Secretário de Fazenda do Estado de Goiás (1991)
FOTO: Luís Estevam e Haley Margon em evento na UFCat (2020)
Luís Estevam
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