Observações da Academia Catalana de Letras – O Morro de Santo Antonio
A Academia Catalana de Letras constata que, um dos locais históricos mais tradicionais em Catalão é o Morrinho de Santo Antonio. Entretanto, é o menos conhecido da população e bem menos frequentado que os demais.
Mas, nem sempre foi assim. Os moradores da velha Rua da Grota guardam na memória as concorridas novenas e os animados festejos de Santo Antonio realizados no cume daquele pequeno morro.
Tradicionalmente o mês de junho, em Catalão, começava com a Festa de Santo Antonio e se prolongava em comemorações até o dia de São João. Os devotos eram tantos que a comunidade ganhou, há mais de quarenta anos, a denominação de Bairro Santo Antonio.
A área urbana de Catalão tem três elevações topográficas. Ao norte, o Morro de São João é o mais alto e conserva interesse turístico pela sua imponente localização. A sudeste destaca-se o Morro das Três Cruzes que abriga atualmente um centro cultural. E, na parte meridional uma pequena elevação sustenta, no cume, a capela de Santo Antonio. Um local que evoca interesse histórico e remonta ao primeiro conglomerado de casas na cidade: a Rua da Grota.
Teve um tempo em que o centro residencial, comercial e industrial de Catalão esteve nos limites meridionais de sua zona urbana. Foi quando se formou a Rua da Grota, paralela ao córrego Pirapitinga, que foi o lugar mais evoluído da cidade. Ali nasceu o comércio pioneiro de secos e molhados e, na estradinha que se prolongava até o Córrego do Almoço, as agroindústrias da carne e do couro se instalaram.
Na primeira metade do século passado, a parte de cima do bairro, mais distanciada do Pirapitinga, era uma enorme área de cerrado que se prolongava em direção a antiga saída para Goiandira e também servindo de acesso aos povoados de Olhos D’água e Pedra Branca.
Um dos primeiros moradores daquele terreno deserto, no perímetro urbano, foi o carpinteiro Alan Kardec de Melo que levantou casa nas cercanias do morro constituindo uma enorme e religiosa família.
Desde essa época, a devoção a Santo Antonio se tornou o principal culto religioso da comunidade.
A família do “Seu Lan”, como era conhecido, assumiu a responsabilidade e a conservação da capelinha no alto do morro, assim como também da Cruz do Antero que ficava bem de frente à sua residência.
Durante mais de meio século, os moradores da Rua da Grota realizaram a novena de Santo Antonio, erguendo um rústico coreto e um grande barracão com folhas de buriti no alto da colina, onde promoviam batizados, casamentos, leilões e bailes nas noites de junho.
Era um grande acontecimento para a comunidade. Tudo muito simples, mas concorrido por se tratar de um santo bastante popular. Por sinal, um dos devotos mais conhecidos chamava-se Arsênio, um alegre baiano que tocava sanfona a noite inteira na época da festa, repetindo quase sempre a mesma música. “Seu Arseno”, como era chamado, tinha uma oficina de reparos de utensílios domésticos, ferramentas, arreios e bicicletas nas cercanias do morro. Até mesmo fundo em garrafa o baiano colocava, garantem.
Assim, a Rua da Grota teve, durante muito tempo, uma festa popular em homenagem a um santo popular. Santo Antonio, o guia espiritual do bairro, carrega a fama de ser casamenteiro e de encontrar objetos perdidos. Carrega também o Menino Jesus no colo, tal a intimidade que desfruta com Deus na tradição católica. Foi um padre agostiniano que se tornou seguidor de São Francisco de Assis a quem conheceu pessoalmente.
A sua capela, no alto da colina, foi reformulada há pouco mais de uma década e ganhou inteiramente novas feições. Mas continua quase esquecida, bem ao lado dos trilhos da estrada de ferro, de frente para o vale do córrego Pirapitinga.
Santo Antonio é padroeiro de Lisboa, em Portugal, de Pádua na Itália e protetor da Rua da Grota em Catalão.
FOTO: Pintura de Santo Antonio utilizada nos festejos de antigamente
FOTO: Vista atual da igrejinha de Santo Antonio, no alto do morrinho, na antiga Rua da Grota.
FOTO: Vista lateral da capela de Santo Antonio depois de reforma.
FOTO: Pequena gruta vazia no pátio da igrejinha de Santo Antonio.
FOTO: Calçada de acesso à capela de Santo Antonio em Catalão.
Luís Estevam
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