Observações da Academia Catalana de Letras – A tristeza do Morrinho de São João

A Academia Catalana de Letras observa que, o alto do Morrinho de São João está muito tristonho. A paisagem que se apresenta, lá de cima, é de uma cidade deserta, melancólica e silenciosa. O barulho e o dinamismo das ruas e avenidas desapareceram. Até o latido dos cães e a cantiga dos galos provocam imensa nostalgia.

Poucas vezes na história, Catalão apresentou um cenário tão inesperadamente ruim. Antigamente, quando alguma danação ameaçava a cidade, os moradores caminhavam unidos, em procissão, rumo ao alto do morro, implorando a Deus o fim da tragédia. Fosse uma seca prolongada que assolasse a região, ou uma peste que ameaçasse as crianças do lugar, ou um excesso de chuvas que inundasse o vale, a comunidade subia o morro, ficando mais próxima dos céus, proclamando súplicas, lamentações e promessas.

No momento, nem isso se pode fazer, a não ser isoladamente. Os habitantes foram condenados à dispersão.

No entanto, daqui a três meses, quando tudo estiver normalizado, será a Festa de São João. Quem sabe, neste ano, a tradição possa renascer, proporcionando conforto para as famílias de Catalão.

O costume de se reunir no alto do morro era muito forte antigamente. Eram muitos dias de festa, sempre no mês de junho, cada dia uma programação diferente com leilões, casamentos, batizados e muita dança. Uma das festas mais movimentadas e pitorescas do nosso passado. Maria das Dores Campos testemunhou que, a população de Catalão jantava às 16 horas e subia a pé, aos grupos, por duas estradas que levavam ao morro, sendo uma pela rua do São João e a outra pela antiga rua da Capoeira. Levavam água, café, frutas e biscoitos, pois lá em cima não nada havia, a não ser uma tolda com bancos rústicos e um coreto muito frágil, onde se faziam os leilões. Quão agradável era a subida, em bandos alegres, todos a pé, velhos, moços e crianças, brincando e apanhando flores silvestres pelo campo, apreciando a bucólica paisagem nas tardes de junho. Era uma poesia em movimento. As estradas ficavam coloridas com a gente que subia e, chegando ao cume do morro, antes mesmo de se sentar na relva fresca do chão para descansar, todo mundo entrava na capelinha e rezava devotamente para São João, pedindo sua ajuda e confiando-lhe seus problemas. Depois das oito horas da noite começavam a descer. Quando havia luar, era romântico e poético, os casais de amigos ou namorados, descerem calma e tranquilamente a ladeira, entoando canções e modinhas da época.
Quem sabe, poderemos voltar o tempo.

Luís Estevam

Foto: Rogério Garcia

 

 

 

 

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