Nicolau Abrão por Nair Abrão de Castro (Nazirinha)
Nicolau Abrão nasceu em Safita, Síria, no dia 15 de novembro de 1909; filho de Ibrahim Dayoub e Marta Dayoub. Viveu sua infância entre Safita e Tarture, que era uma cidade a beira mar, onde viveu com seus tios e aprendeu a nadar feito um peixe (gabava-se ele).
Já rapaz com 17 anos sua família recebeu carta de seu primo David, que morava em Vianópolis-GO, dizendo que havia feito fortuna e que a América era o paraíso. Nicolau começou a sonhar e a se entusiasmar, pois era nômade por natureza e, também muito sonhador. Quis vir para a América. Sua tia Miriam, que morava na Argentina, irmã de seu pai conseguiu arrumar seu passaporte. Seu pai arranjou cinco libras esterlinas e a sua mãe Marta coube apenas suas roupas e matula para viagem.
Contrariando a família viajou para Trípoli com parentes e amigos, com destino a Gênova na Itália. Com ele embarcaram mais 350 passageiros. Um fato importante aconteceu, Nicolau e outros passageiros estavam com viagem marcada para o navio Mafalda, mas quando chegaram ao porto, o Malfada já havia partido, somente um primo seu, Jamil, conseguiu embarcar. Quando chegaram a Gênova/Itália, pelo navio América, ficaram sabendo que o navio Malfada havia naufragado e mais de 500 passageiros faleceram, inclusive seu primo Jamil.
Após longa viagem, que pagaram com trabalho na cozinha e outras tarefas no navio, desembarcaram no Brasil sem saber falar nada em português, mas se viraram até chegar a Vianópolis.
Com inteligência foi dominando e aprendendo a língua. Para sobreviver negociava e mascateava. Trabalhou por dois anos em Anápolis -Go, e economizou três contos de réis para comprar em Catalão, do Sr. Farid Cosac a casinha dos “Dois Chalés”, onde começou a sua vida comercial. Casou-se, encantado, com a filha de Calixto Velho, D. Samira, em 23 de fevereiro de 1930. Deste casamento nasceram seis filhos: Nager, Zique, Nazira, João, Fátima e Paulo. Tem hoje 20 netos e 27 bisnetos.
A casa dos “Dois Chalés”, que tanto “fuminho bão” vendeu em Catalão e para o nosso roceiro, tornou-se algo magnifico e suntuoso. A transformação para um Supermercado, que bem diz do que foi Super Nicolau. Um super comerciante, super cidadão catalano, super pai, super amigo…
Completado pela sua companheira Samira, sempre participava e possuídos pela grande amizade, tinham em sua casa as portas abertas e recebia desde o mais humilde cidadão até o mais importante. Sentava-se em sua “Praça da Alegria”, o deputado, o prefeito, o padre, o carroceiro, a empregada, o comerciante…
Sr. Nicolau amava muito o Brasil e a sua cidade de Catalão. Torcedor fanático do Santos e Botafogo.
Homem simples, letrado pela escola da vida, tornou-se um marco em nossa cidade e que durante sua vida, ajudou a estabelecer pequenos comerciantes. Participou do crescimento de Catalão, da construção do Cine Real e contribuiu para o desbravamento e progresso de nosso município.
Faleceu em 24 de abril de 1992, deixando saudades, exemplo, amigos e muito amor.
Nazirinha – Abril de 2000
FONTE: Memórias de uma vida, Nair Abrão de Castro (Nazirinha),
Em 1988 Nicolau Abrão concedeu entrevista ao Jornal “Em Pauta”, o Blog da Maysa Abrão registra o conteúdo.
Com apenas 20 libras seu Nicolau Abrão construiu todo o seu patrimônio
Jovem ainda desembarcava no porto de Santos, Nicolau Abrão, natural de Safita, Síria. Hoje, aos 78 anos, seu Nicolau, casado com dona Samira Calixto, é o patriarca de uma numerosa família com seus seis filhos, 21 netos e 16 bisnetos. Comerciante bem sucedido, ele chegou ao Brasil trazendo no bolso 20 libras esterlinas, uma pequena soma que gerou todo o seu patrimônio. Dono de um supermercado onde estão estocados Cz$ 30 milhões de mercadorias, seu Nicolau, que também é proprietário rural, reside em Catalão desde 1929.
Antes de mudar-se para Catalão, Nicolau, com 19 anos incompletos, teve que fazer uma escolha importante: ficar no Brasil e, trabalhar duramente ou então tentar a sorte na Argentina. Escolhendo a primeira alternativa, a conselho de um amigo, ele viajou em seguida para a cidade de Catalão esperando encontrar uma companheira com quem pudesse casar-se mais tarde.
Não foi preciso esperar muito. No ano seguinte à sua chegada depois de apenas 15 dias de namoro, Nicolau Abrão casou-se com a jovem Samira Calixto cujo pai era natural de Safita, na Síria. Nesta época ele já havia comprado um pequeno estabelecimento comercial, um mercadinho de duas portas que lhe custou 3 contos de réis, divididos em prestações mensais.
Ao deixar na Síria os pais e os irmãos, Nicolau Abrão, assim como outros milhares de sírio-libaneses, veio tentar a sorte na América. Na época, segundo seu Nicolau não se falava em Brasil: “o meu passaporte autorizava a minha entrada tanto no Brasil como na Argentina. Eu tinha parentes nesses dois países”. Mas, o garoto Nicolau gostou mesmo foi do Brasil onde passou a residir no município de Vianópolis.
Desde que mudou para Catalão em 1929, seu Nicolau só voltou a sua terra natal apenas uma vez, quando completou 60 anos de idade. Para ele, o seu país é o Brasil que só não é melhor devido a corrupção. “Essa é a melhor terra do mundo para o estrangeiro”.
Já na adolescência, Nicolau percebeu que tinha talento para o comércio. Durante a entrevista que concedeu ao jornal “Em Pauta” seu Nicolau mencionou várias vezes a persistência e a competência de sua esposa nos negócios da família. “Ela tem tino comercial e muita vitalidade. Durante muitos anos ela fez quitandas para que pudéssemos criar os filhos”.
Segundo Nicolau Abrão para vencer na vida é preciso ter a cabeça no lugar, ter persistência para vencer os obstáculos e dificuldades e enxergar a vida como se ela fosse uma escada onde cada degrau deve ser galgado pacientemente. Praticando essa filosofia de trabalho, seu Nicolau conseguiu atingir as suas metas. O mercadinho de duas portas (veja foto) ocupa hoje uma área de mais de 2 mil metros quadrados.
E para chegar aonde ele chegou foi necessário economizar os tostões, trabalhar diuturnamente sem regalias e, principalmente, tratar cada freguês como se fosse o único toda uma longa jornada de trabalho atrás do balcão. “É esse o talento de que falo, saber se relacionar com os fregueses com simpatia, com cumplicidade”, diz Nicolau carregando no sotaque. Mesmo depois de tantos anos no Brasil, seu Nicolau ainda preserva, além do sotaque, o hábito de reunir a família nas ocasiões especiais. “A grande riqueza que tenho é minha família”, conclui ele.
FONTE: Jornal “Em Pauta”, Ano I, Número 0, Catalão 20 a 26 Agosto de 1988, página 07, Especial 129 anos do Catalão, Goiás.
FOTO: Nicolau e Samira com os filhos Paulo e Fátima e os netos César e Marta
FOTO: Construção Super Nicolau
FOTO: Construção Super Nicolau
Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário em 1985
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FOTO: Nicolau Abrão com a bisneta Mayra Abrão
FOTO: Calixtinho, Haley Margon e Nicolau Abrão
FOTO: Propaganda Super Nicolau em 1981 – Jornal Tribuna da Cidade
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