Milton Nery Santana recita poesia “CULTURA E FRATERNIDADE” de Júlio Pinto de Melo
O momento aconteceu no último sábado (31) no 1° encontro dos antigos trabalhadores da Rádio Cultura nos anos 60/70.
CULTURA E FRATERNIDADE
– Júlio Pinto de Mello –
Nem bem a madrugada despontava
nas grimpas das palmeiras, já cantava
a passarada, em grande algazarra, saudando-a e quando o sol se esbarra
nas montanhas ao longe,amarelo,
Ouro tão fulgurante e tão belo!
Próximo de uma fonte cristalina,
onde o musgo verdeja e se inclina
na orla e enfeitando mansamente
a água que desliza da nascente.
sobre o vergel das terras verdejantes ali sentaram duas viandantes.
Uma delas trajava seda pura, cabelos louros, olhos de doçura,
trazia sobre a fonte um diadema
de uma rara beleza tão suprema,
riso angelical, tez alabastrina,
corpo de mulher gesto de menina.
A segunda vestida com elegância,
trazia belas flores com abundância
a cair dos cabelos cacheados,
pretos, luzentes, lindos,delicados.
Essa numa voz maviosa, indagou:
– De onde vem, mulher, por que parou?
Conte-me sua vida, sua história,
seu passado, presente e sua glória.
Respondeu-lhe com calma a viandante:
– Sou eu quem da poder ao comediante
de fazer rir,fazer viver a vida,
de chorar lágrima sentida!
ao ator melodrama eu lhe ensino,
tragédia por força do destino!
ao músico nas notas, dou guaridas,
notas que de sua alma são nascidas.
Dou-lhe as sinfonias e as sonatas,
de Chopin, Mozart nas serenatas,
em noites de luar as namoradas
suspiram de amor nas sacadas!
ao poeta dou-lhe as rimas sonoras,
as palavras mais velhas e canoras,
as estrofes de amores de paixão,
no lirismo rimando o coração,
Sófocles,Aristófanes e Homero,
tantos outros mencionar não quero.
Ao pintor, dou-lhe as cores das auroras,
sorrisos de donzelas e de senhoras,
Da Vinci,Miguel Ângelo,Rafael,
Caravaggio dos mestres do pincel.
ensinei Beaudelaire, ensinei Comte,
Praxitélis,Esopo,Xenofante,
receberam de mim sábias lições,
e poetas menores a Camões,
de mim tiveram meus conhecimentos
e mostraram ao mundo seus talentos.
Eis,aí,meu retrato, ó Criatura,
vivo esquecida, eu sou a CULTURA!
vivo esquecida,abandonada,
vivo nos cantos,marginalizada.
agora és tu quem vais me dizer
O nome, de onde vieste,quero saber.
– Eu, boa companheira, sou de longe
trago na alma a fé de um pobre monge,
peregrinando sempre pelo mundo,
vou ensinando a bondade, dom fecundo.
Aos meus irmãos que sofrem nas agruras
Da vida, dou-lhes sempre as ternuras
do coração, do afeto e meu carinho,
Ensino-lhes rumar no bom caminho.
Aos pobres eu amparo, a minha mão
é sempre estendida com afeição.
Ensino-lhes agir só com bondade,
Eu sou a paz, amor e sou amizade.
Aos descrentes ensino-lhes a oração,
aos moribundos sou extrema-unção.
no casabre, no palácio sempre vivo,
aos doentes ministro o curativo.
Sou tudo, Eu sou tudo,mas é certo
Quem comigo viver será coberto
com o manto sacrossanto de jesus
Alumiado pela santa luz.
Ensino a paz aos povos que em conflito
padece e que sofre e vive aflito,
Aos meus irmãos pretos e aos brancos,
Ensino-lhes viver leais e francos.
A porta de meu peito é sempre aberta.
estou em toda parte, sempre alerta
para mostrar-lhes a felicidade!
Sabe quem eu sou? Eu sou a FRATERNIDADE!
Ao pobre dou-lhe minha mão e meu abrigo,
ao jovem o conselho de um amigo,
a prostituta dou-lhe meu sorriso,
ao ateus com amor eu catequiso.
Enquanto tu, CULTURA, ensinas o belo,
aos corações, a fé, amor revelo.
aos errados eu mostro-lhes a verdade.
É por isso que eu sou a FRATERNIDADE!
Neste ponto o sol ja era um esplendor,
ao mundo dando luz, dando calor.
e as duas saindo estrada afora
Alegremente, rindo, foram embora.
Por onde punham os pés, nasciam flores
A embelezar o mundo com as cores!
Júlio Pinto de Mello ~ 1 st Place in the International Academy of Arts gold medal ~ Rio de Janeiro 1987… and much more awards, fundations, publications, collaborations, associate member of academies, among others (…) – Memorial Júlio Pinto de Melo