Major Paulino Ribeiro Guimarães

Em 1903, o Catalão era (cidade) Comarca do Rio Paranayaba com 600 casas e 2.600 almas. As terras eram ubérrimas, onde cultivavam-se café, cana, fumo e todos os cereais. Os terrenos auríferos possuíam muitos minerais como mangaba e diamantes. A criação de gado era intensa e Catalão estava a 14 léguas da estação de Araguary (E. de F. Mogyana). Naquele ano, o Catalão teve como intendente o senhor Paulino Ribeiro Guimarães, oficial do Exército, conhecido por todos como Major Paulino e que, em 1892 assumiu o cargo de delegado por longos anos. Paulino era casado com a professora Palmyra Porto Guimarães (filha de Francisco Alves (Figueiredo) Porto e de Josefina Ferreira Damasceno). Do matrimonio nasceram Dily Porto Guimarães, Portugal Porto Guimarães, Virgílio Porto Guimarães, Olinda Porto Guimarães e Austrália Porto Guimarães. A história conta que, certo dia, quando o major ainda exercia o cargo de  delegado do Catalão, a policia foi acionada para separar uma briga da família Ayres e o bando do índio Afonso. Porem, como naquela época, a polícia vivia sob o comando dos Paranhos e com pouquíssimos oficiais na delegacia, o delegado achou melhor não atender as exigências dos Ayres. O que resultou na morte de três homens dos Ayres e a retirada do bando da cidade. Frustrados, os Ayres adentraram a cidade atirando para todos os lados, o que fez Paulino pedir reforço ao mestre Quincas (veterano da Guerra do Paraguai) e junto aos seus praças colocaram os Ayres para correrem. Naquela ocasião, o major aproveitou que estava com a moral em alta e proibiu o porte de armas dentro dos limites da cidade. Decisão essa que deixou os moradores muito descontentes, uma vez que, naquela época os homens da cidade sem armamento se sentiam totalmente nus. Afinal de contas ser homens para eles significava ter um revólver na cintura e uma carabina no ombro. Indignado o capitão Carlos Andrade mandou que, um dos seus capangas, Domingos Calaça, passasse armado na porta da casa do delegado. A provocação não deu outra, o major deu ordem de prisão ao capanga, que despertou a ira do capitão que exigiu a liberdade do pistoleiro. E, como o delegado era vizinho do senador Paranhos, naquele instante, toda a cidade já estava concentrada a espera da luta. Os Ayres correram armados para casa do capitão Andrade, onde estavam o chefão, José Maria Ayres e Elyseu da Cunha, afinal de contas eles queriam tiroteio. Às dez da manhã, do dia 16 de dezembro de 1892, têm inicio o que a historia nomeia de “Primeiro Fogo de Catalão”.  Tiros eram disparados da casa do capitão, bem como da residência dos Paranhos, onde estavam os familiares, o intendente da época, o juiz da comarca, o delegado Paulino e muitos jagunços. O tiroteio durou por uma hora e foi interrompido porque dona Belisária Paranhos, mulher do senador, teve uma crise nervosa. Na verdade, isso foi apenas uma desculpa, uma vez que, os Paranhos estavam em desvantagem numérica. Os Ayres aceitaram o cessar-fogo, mas com a condição dos Paranhos se retirarem da cidade.  Acordo feito, porem naquele confronto não houve mortes. Inconformados, ao decorrer do dia alguns tiros resultou a morte de um jagunço. Morte essa aceita pelos dois lados, pois não ficava bem, tiroteio em Catalão sem defuntos. Os Paranhos reuniram a família e saíram da cidade, voltando um pouco antes do enfrentamento que ficaria conhecido como o “Segundo Fogo do Catalão”. Anos se passaram e em 1903, Paulino Ribeiro Guimarães foi nomeado intendente do Catalão, tendo como secretário, Calixto Cunha. Naquele mesmo ano, a câmara municipal teve como presidente, o major Christiano V. Roiz e como vice-presidente, o tenente coronel Ricardo Paranhos. Os vereadores eram Augusto Netto Carneiro, Manoel J. de Sant’Anna, Joaquim Prudente Sobrinho e Antônio Leão.

 

FONTE:

Herança de Sangue – Um faroeste brasileiro de Ivan Sant´anna.

Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro – 1891 a 1940 – PR_SOR_00165_313394).

Revista Portal VIP, Edição Especial Aniversário de Catalão 2015.

João Damasceno Porto e  Luiz Antônio Guimarães (Comentários do http://nossocatalao.blogspot.com.br/).

TEXTO: Maysa Abrão.