Luiz Carlos Bordoni – Um Catalano de Última Hora
O trem de ferro, na estação de Goiânia, já estava de partida quando um rapaz entrou no vagão de passageiros e seguiu com destino a Catalão. Depois de quase dez horas embarcado desceu na plataforma de Goiandira, onde tomou a pequena jardineira para completar sua viagem.
Foi assim que o rapaz, no prenúncio de uma brilhante carreira no jornalismo, teve o seu primeiro contato com Catalão, numa curta estadia na década de 1960. Jamais iria imaginar que, meio século depois, Catalão se tornaria a sua cidade do coração, local de moradia e palco de novos projetos.
O moço do trem era Luiz Carlos Bordoni, paulista de Monte Aprazível, que se tornou um comunicador admirado na televisão, rádio e jornais do estado de Goiás. Filho de Aristides Bordoni e Maria Zapolin cursou Ciências Jurídicas e Política, radicando-se em Goiânia na década de 1970.
Bordoni atuou praticamente em todas as áreas de comunicação. Como jornalista trabalhou para o Diário da Manhã, Jornal Opção, TV Brasil Central, além de conduzir diversos programas em emissoras de rádio na capital. Recebeu o título de Cidadão Goiano e de Cidadão Goianiense pelos trabalhos que desenvolveu ao longo da profissão. Em termos políticos foi coordenador e diretor de campanha para diversos candidatos e, nas redes sociais alimenta um blog de informação e entretenimento bastante visitado.
Bordoni é também escritor. Publicou “O Gafanhoto”, “Terrestre Extra”, “O Último Templário”, “O Totem dos Desvalidos” e “Folhas Mortas”, sendo membro titular da Academia Goianiense de Letras.
Nessa intensa jornada na área de comunicação acabou estacionando em Catalão. Não se sabe os motivos de tal escolha, mas foi um presente muito bem recebido pela comunidade.
Na verdade, Bordoni deve ter descoberto que Catalão é a terra da criatividade. O catalano não teme a novidade por mais estranha que lhe pareça. Como terra de fronteira, a cidade esteve sempre sujeita ao convívio com forasteiros. Habituou-se a receber e a se engajar nos mais diferentes projetos ao longo da história.
Mas, não é fácil captar o espírito do catalano, tampouco conseguir a sua confiança e aprovação. O catalano é, antes de tudo, um desconfiado. Acata o forasteiro, mas observa detidamente os seus passos. Tanto que, um dos maiores jornalistas de Goiás, Moisés Santana, residiu em Catalão, fundou um jornal, mas acabou sendo expulso da cidade.
É que, Moisés Santana, apesar de sua extrema seriedade e admirável competência, agia sempre como um forasteiro. Escrevia e falava com certo distanciamento, de fora para dentro, a ponto de considerar Catalão “uma berregã imunda e sem lei”.
Bordoni, ao contrário, captou o espírito catalano, integrando-se de tal forma à comunidade que fala de dentro para fora, não sendo mais um forasteiro. Tanto que, ao assumir a Secretaria de Comunicação Municipal disse, com humildade, que veio “para somar sua contribuição em uma imagem ainda mais positiva de Catalão”.
Assim, o município tem o orgulho de contar com um dos mais experientes jornalistas do país no setor de comunicação.
Claro que Bordoni continua se pautando pela sinceridade e franqueza nas suas opiniões. Não abdicou das famosas “bordonadas”. Registrou nos seus dados pessoais apenas “ego eimi” em latim. Ou seja, “eu sou o que sou”.
Até nisso, na mais crua autenticidade, demonstra ser, de fato, um catalano. Ainda que, de última hora.
FOTO: O jovem Bordoni com Mané de Oliveira (1975)
FOTO: Bordoni comanda programa na TV Brasil Central (1988)
FOTO: Bordoni e Jorge Kajuru nos EUA (1994)
FOTO: Luiz Carlos Bordoni
(Luís Estevam)