João Martins Teixeira: Um Legado de Ciência, Educação e Humanidade

No dia 1º de outubro de 1924, nascia em Catalão, Goiás, um homem que dedicaria toda a sua vida à construção de um legado inesquecível para sua cidade e para todos aqueles que cruzaram seu caminho. João Martins Teixeira, filho de Olegário Martins Teixeira e de Clotildes Maria Borges, cresceu em um lar simples e amoroso, compartilhando sua infância com 12 irmãos. Inclusive, foi sua irmã Dalva quem lhe ensinou as primeiras letras. Essa convivência fraternal foi o alicerce de sua personalidade humilde e generosa, sempre voltada para o bem coletivo.

Desde pequeno, João revelou-se um estudante dedicado e curioso. Seus primeiros passos na educação se deram no Grupo Escolar Morro Agudo e no Grupo Escolar de Catalão, onde foi aluno da professora Elvira Righetto. Também foi aluno na Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, no ginásio do Professor José Rios Castelões e nas escolas locais, Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus e no Colégio Presidente Roosevelt. No entanto, a busca pelo conhecimento o levou além das fronteiras de sua cidade. Em Ribeirão Preto, João concluiu o curso preparatório e ingressou na faculdade de Bioquímica, onde se formou em 1947. Esse momento marcou o início de uma jornada que o levaria de volta a Catalão, com a missão de transformar a realidade local.

Em Catalão, João fundou o primeiro laboratório de Análises Clínicas do sudeste de Goiás, um marco para a saúde da cidade e da região. Mas sua dedicação à medicina não parou por aí. Diante da escassez de profissionais especializados na área de anestesia, João se viu obrigado a atuar também como anestesista. Com o mesmo amor e dedicação com que trabalhava, ele garantiu o bem-estar de incontáveis pacientes ao longo dos anos, inclusive em cidades vizinhas.

João Martins Teixeira era um homem de visão, e essa visão o levou a ser um dos membros fundadores da Santa Casa de Misericórdia de Catalão, uma instituição que se tornaria essencial para o atendimento médico da cidade. No dia 18 de janeiro de 1949, ele assinou a ata de fundação da Santa Casa, que seria inaugurada em 1959, no ano do centenário do município. Na instituição, João assumiu o cargo de provedor e dedicou-se ao hospital por vários anos, sempre com a mesma paixão pelo cuidado com as pessoas que o motivou a seguir a profissão.

Além de sua notável carreira, João Martins Teixeira também foi um educador de grande destaque. Ao longo dos anos, lecionou Ciências, Biologia e Física em diversas escolas de Catalão, como no Colégio Estadual João Netto de Campos, no Ginásio São Bernardino de Siena, Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus e na Escola Técnica de Comércio Wagner Estelita Campos. Formando gerações de estudantes, sua paixão pela educação o levou a um feito notável: quando assumiu a direção do Colégio Estadual João Netto de Campos, ele transformou a instituição em um modelo de ensino. Criou o primeiro laboratório químico da cidade, fundou uma banda musical, construiu uma piscina olímpica e uma praça de esportes, além de promover constantes competições esportivas e desfiles cívicos. Seu compromisso com o desenvolvimento integral dos alunos foi uma marca que perduraria por gerações.

Fazendeiro por tradição, João também teve grande sucesso no campo da agropecuária. Seu estudo sobre o uso de transfusão sanguínea em bovinos, publicado na revista Zebu de Uberaba na década de 1950, tornou-se um importante avanço científico na área e reforçou seu nome como um intelectual comprometido com o progresso.

Mas João Martins Teixeira não era apenas um homem de ciência e educação. Ele também era um poeta, um escritor, e, acima de tudo, um homem de alma sensível. Seus livros “Agora… Pensar”, de 1999 e “De modo que”, de 2003, ambos pela Editora Modelo, de Catalão, são um reflexo de sua profundidade e sensibilidade, onde expressou suas reflexões e sentimentos em forma de poesia e contos. Além disso, sua paixão pela música o acompanhou desde a infância. Aos 13 anos, já era membro de uma banda, e ao longo da vida, tocou piano, órgão e acordeon com maestria, encantando a todos com seu talento musical. Seu neto Frederico Teixeira tem a quem puxar.

Em sua vida pessoal, João foi abençoado com um amor verdadeiro. Casou-se com Shirley Rosa, filha de Othilio Joaquim Rosa e Maria Piantino, com quem teve quatro filhos: João, Elaine, Juarez e Virginia. Juntos, construíram uma família sólida e unida, que continuou o legado de João com o mesmo amor e dedicação à comunidade. O casal teve ainda 9 netos, aos quais João transmitiu seu vasto conhecimento e valores de vida. A família sempre foi o alicerce de sua felicidade, e foi nela que ele encontrou o apoio incondicional para suas múltiplas jornadas.

João Martins Teixeira foi também um homem reconhecido e reverenciado pela cidade de Catalão. Em 1999, foi imortalizado na Cadeira nº 24 da Academia Catalana de Letras, recebendo o devido reconhecimento por sua contribuição à cultura e ao conhecimento. Sua história de vida foi uma de constante dedicação à cidade, às pessoas e às causas que acreditava ser fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e próspera.

Em 22 de maio de 2019, aos 94 anos, João Martins Teixeira partiu, deixando um legado imensurável para Catalão e para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Sua trajetória de vida foi uma de entrega e serviço à comunidade, e ele permanece uma figura imortal na história da cidade. A história de João Martins Teixeira não é apenas a história de um grande homem, mas a história de alguém que soube, com sabedoria e humildade, transformar a vida de muitos ao seu redor, deixando um rastro de amor, aprendizado e evolução. Seu nome será sempre lembrado, e seu legado seguirá inspirando gerações futuras.

FOTO: Maysa Abrão com Sr. João e dona Shirley

Texto: Maysa Abrão

Fonte de Pesquisa: Jornal O Catalão; Escritor Roberto Rocha; Escritor Coelho Vaz.

Fotos: Arquivo Pessoal (Facebook) Elaine Teixeira