Galeno Paranhos: Um Catalano que Marcou Goiás

Galeno Paranhos nasceu em Catalão, Goiás, no dia 26 de março de 1898, em uma família profundamente envolvida na política e na sociedade local. Filho de Augusto Pimentel Paranhos, farmacêutico, coronel, deputado estadual e chefe político em Catalão, e de Amazília Angélica da Costa Paranhos, Galeno cresceu em um ambiente onde as questões políticas e sociais sempre estiveram em primeiro plano. Seu pai, uma figura de grande influência, teve um papel central em sua formação e foi responsável por moldar a visão de mundo do futuro político.

Após completar seus estudos secundários na Escola Normal de Goiás, Galeno foi bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito de Goiás, o que consolidou sua base acadêmica e o preparou para uma vida pública de destaque. No entanto, sua atuação não se restringiu apenas ao direito, pois Galeno também foi jornalista, professor e, mais tarde, um escritor de importância para a história de Goiás. Sua carreira política começou cedo, em 1934, quando foi eleito deputado estadual. Seu mandato foi interrompido pela decretação do Estado Novo, que, em 1937, suprimiu as assembleias legislativas do Brasil, mas o jovem político não se intimidou, e sua história continuou a ser marcada por uma sucessão de eventos que o tornaram uma figura respeitada no cenário político goiano.

Em 1938, Galeno Paranhos assumiu o cargo de chefe de polícia do estado de Goiás, durante a gestão do interventor federal Pedro Ludovico Teixeira, figura fundamental na política goiana naquele período. Galeno permaneceu nesse cargo até 1942, quando se afastou da função, mas seu compromisso com o desenvolvimento e a organização do estado permaneceu firme. Em 1945, ele presidiu o Conselho Administrativo de Goiás, cargo que reforçou sua importância política na administração pública.

O grande marco de sua carreira política foi sua eleição como deputado federal em 1945, quando, após a queda do Estado Novo e a restauração da democracia, ele se candidatou à Assembleia Nacional Constituinte. Ele foi eleito pelo Partido Social Democrático (PSD), e seu mandato foi estendido até janeiro de 1951 com a promulgação da nova Constituição em 1946. Durante este período, Galeno atuou ativamente, contribuindo para a elaboração de uma nova ordem constitucional para o Brasil. Em outubro de 1950, ele foi reeleito para a Câmara dos Deputados, onde continuou a exercer sua liderança como vice-presidente da Comissão de Agricultura, uma posição que o colocou em contato com questões fundamentais para o crescimento e a modernização do campo brasileiro.

Apesar de suas vitórias eleitorais, a carreira política de Galeno não foi isenta de desafios. Em 1954, ele se lançou candidato ao cargo de governador de Goiás, dessa vez pela União Democrática Nacional (UDN), mas não obteve sucesso nas urnas. Galeno também tentou uma nova candidatura a deputado federal pelo PSD, mas novamente não teve êxito nas eleições. A década de 1960 marcou um período de transição em sua vida, e entre 1963 e 1964, ele atuou como assessor jurídico do estado de Goiás, uma função que permitiu a ele continuar a contribuir para o estado, embora já não estivesse mais em cargos eletivos.

Além de sua trajetória política, Galeno Paranhos também deixou um legado significativo na área da educação. Durante sua carreira, ele atuou como inspetor de ensino, diretor de Grupo Escolar e foi responsável por criar o Serviço Social Rural, um projeto que buscava ajudar as populações rurais com assistência educacional e social. Ele também foi um defensor do progresso agrícola e rural de Goiás, com destaque para a construção da Santa Casa de Misericórdia de Catalão e a instalação do Posto Agropecuário, essenciais para o desenvolvimento da cidade e do interior de Goiás. Galeno sempre teve uma visão voltada para o bem-estar coletivo e, em muitas de suas ações, buscou integrar o progresso com a melhoria das condições de vida das pessoas.

Sua contribuição para a educação goiana e a transformação de Goiás não se limitou apenas ao seu trabalho como político. Como professor, ele também desempenhou um papel fundamental na formação de várias gerações de goianos. Galeno acreditava que o desenvolvimento do estado estava intimamente ligado ao avanço da educação e à capacitação de sua população. Sua formação em Direito o fez sempre defender a justiça social, e sua paixão pela educação o motivou a engajar-se em várias iniciativas para melhorar o sistema educacional.

Além de sua carreira política e educacional, Galeno Paranhos também teve uma produção literária importante. Entre suas publicações estão Uma velha demanda de Goiás, Pecuária, lavoura, transportes e Missão Abbink, que abordam temas como a transformação do estado, a pecuária, a reforma agrária e as questões sociais e econômicas que permeavam a realidade goiana na época. Essas obras não apenas refletem sua visão política, mas também seu desejo de contribuir para o debate sobre o futuro do estado de Goiás.

Em sua vida pessoal, Galeno foi casado com Joselita Alves Paranhos, com quem teve nove filhos. A filha Heloísa Paranhos se destacou como assessora da Câmara dos Deputados, e Joselita era filha de João Alves de Sousa, militar e chefe político em Patrocínio, Minas Gerais. Um de seus primos, Antônio da Silva Paranhos, também foi uma figura de destaque na política nacional, tendo sido senador do Império.

Embora sua carreira tenha sido marcada por vários altos e baixos, Galeno Paranhos sempre foi um homem de princípios firmes e de profunda dedicação ao seu estado e ao seu povo. Sua morte, em 3 de maio de 1969, em Goiânia, aos 71 anos, marcou o fim de uma era de grandes transformações para Goiás, mas seu legado continuou a ser reverenciado por todos que o conheceram.

Em uma homenagem póstuma, o professor Antônio Miguel Jorge Chaud, em sua obra Memorial do Catalão, dedicou palavras de grande respeito e admiração a Galeno. A importância de Galeno para a cidade de Catalão foi ainda mais marcada pela criação da cadeira número 5 da Academia Catalana de Letras, cujo patrono é justamente o nome de Galeno Paranhos. Sua memória, portanto, permanece viva, não apenas nas páginas de seus livros, mas também na história política e educacional de Goiás.

Galeno, com sua coragem e dedicação à causa pública, é lembrado como uma das figuras mais emblemáticas da história política de Goiás. Sua luta pela justiça, pelo desenvolvimento de Goiás e pela melhoria das condições de vida de sua população permanece como um exemplo de perseverança e de amor pelo seu estado. Seu nome, sua história e suas contribuições continuam a inspirar gerações, refletindo o grande político, educador e cidadão que foi.

TEXTO: Maysa Abrão

FONTE: Antônio Miguel Jorge Chaud (in memoriam) “Memorial do Catalão”, CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967) , Wikipedia e “Nosso Catalão”.