Dia Nacional da Umbanda: História da religião de origem brasileira

Conheça mais sobre a origem e as entidades da religião

 

O Dia Nacional da Umbanda é comemorado anualmente no dia 15 de novembro. A Umbanda é uma religião que nasceu no Brasil e, na sua origem, une características de outras religiões como o catolicismo, espiritismo e outras religiões de matrizes africanas e indígenas. A palavra “Umbanda” significa “curandeiro” e tem origem da língua Kimbundo, falado na Angola. Para celebrar este dia, vamos falar um pouco sobre a religião e sua história!

Como nasceu a Umbanda

A Umbanda nasceu no dia 15 de Novembro de 1908 (oficializado no Brasil no dia 18 de Maio de 2012 pela lei federal 12.644) na Federação Espírita de Niterói, através do medium Zélio Ferdinando de Moraes. Antes do surgimento da Umbanda, já existiam os Cultos aos Orixás no Candomblé, e também falanges de pretos-velhos, caboclos, exus, pombagiras e crianças trabalhando em alguns terreiros de Candomblé, das macumbas carioca e paulista e em alguns centros espíritas kardecistas.

A história da Umbanda

Zélio sofria de uma paralisia e os exames médicos não indicam nada de anormal, mas mesmo assim ele não conseguia se movimentar da cintura para baixo. Um dia, ao acordar, anunciou à sua família: “amanhã estarei curado”. No dia seguinte, se levantou da cama e andou como se nada tivesse acontecido. O fato espantou seus médicos, que também eram tios de Zélio e padres católicos, que não conseguiram explicar o que havia ocorrido. Zélio, então, foi levado à Federação Espírita de Niterói e, chegando lá, o médium dirigente iniciou os trabalhos.

Em determinado momento, Zélio se afastou e buscou uma rosa, que colocou no centro da mesa. Os presentes estranharam aquilo, estranharam ainda mais quando vários espíritos começaram a se manifestar e se identificaram como caboclos indígenas ou escravos africanos.

O médium dirigente do centro pediu que esses espíritos se retirassem, tentando doutriná-los por serem “atrasados espiritualmente”. O espírito que havia levado Zélio a buscar a flor voltou e questionou o médium dirigente, perguntando o motivo dele considerar que aqueles espíritos não eram evoluídos, apenas por terem sido de cor e classe social diferentes da dele na última reencarnação. Apesar da pertinente argumentação, os membros daquele centro kardecista continuaram a tentar doutrinar os espíritos.

O espírito então respondeu: “Se julgam atrasados estes espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (referindo-se a Zélio, que abriu espaço para esses espíritos e aceitou ser um canal para eles) para dar início a um culto em que esses pretos e índios poderão passar suas mensagens e, assim, cumprir a missão espiritual que a eles foi confiada. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim”

No dia seguinte foi comprovada a veracidade dos fatos e os doentes que aguardavam fora da Federação foram convidados a entrar para iniciar os trabalhos de cura, dando início ao que hoje conhecemos como Umbanda. Antes do final da sessão manifestou-se um preto velho, Pai Antonio, que ensinou o ponto cantado: “Chegou, chegou, chegou com Deus. Chegou, chegou, o Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

Entidades Ancestrais

As entidades espirituais que fazem parte da teologia da Umbanda são orixás e guias espirituais. As divindades são fontes de um magnetismo, elemento específico que transporta qualidades de Deus. Por exemplo, Oxum é a divindade feminina regente do elemento mineral, do magnetismo agregador que rege as emoções e controla o sentido da vida que é o amor. Sua materialização se encontra nas cachoeiras e rios enquanto santuário natural. Já os guias são espíritos humanos desencarnados em vários níveis evolutivos e vibratórios. Saiba quais são os guias da Umbanda e suas principais características.

Caboclo e Preto-Velho

São os pilares da estrutura espiritual religiosa. Simbolicamente, o Caboclo traz o arquétipo do índio, o homem da floresta, o nativo da natureza original, o símbolo do jovem determinado, forte e corajoso, integrado à natureza, o sagrado e a realidade urbana. Já o Preto-Velho é a personificação do ancião e do próprio culto ao orixá já reinterpretado ao olhar umbandista, inspirado da sabedoria, resiliência, humildade e paciência.

Pomba-Gira

É a força feminina que se manifesta à esquerda, juntamente com Exú. Traz a potência feminina e a relação prática com o sagrado feminino. São entidades amigas e guardiãs do plano espiritual, que caminham ao nosso lado buscando a evolução para seus espíritos e nos ajudam a alcançar o crescimento em vida. Na Umbanda, elas se dividem em linhas dos orixás, e suas manifestações se darão de acordo com o poder que manifesta cada orixá e o que as Pombas- Giras têm para ensinar aos seus filhos.

Malandro

É uma linhagem mais recente e tem como ícone o Zé Pelintra. Reflete aquele que vive à margem da sociedade e que se mantém forte, com jogo de cintura nas dificuldades da vida. É disso que se trata a malandragem, que não deve ser confundida com marginalidade.

Boiadeiro

É a figura do sertanejo, trazendo a religiosidade mista do homem agreste. Atuam potencialmente em limpeza pesada de energia e quebra de magia negativa.

Ciganos

É uma linhagem de espíritos que aportaram nos terreiros mais na década de 80, trazendo a representação do nômade, o indivíduo livre e autônomo em sua espiritualidade. Não se conecta com uma religiosidade específica e traz a mística oracular típica.

Redação João Bidu
História da religião de origem brasileira –
Foto: Foto de Shutterstock. / João Bidu