Daniel Pires, estudante de atuação SP, protagoniza peça multiplataforma que provoca o público com textos de Fernando Pessoa e Clarice Lispector
Daniel Pires, estudante de atuação da SP, convida a todes, todas e todos para assistirem à estreia da peça Infinitivo, veiculada digitalmente nesta sexta-feira, 1º de abril, às 18h. A transmissão acontece no site e nas redes sociais da Indelicada Cia. Teatral, grupo que promove o evento. A temática do experimento cênico reúne grandes expoentes da literatura brasileira, como Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Albert Camus. A partir de fragmentos poéticos desses autores, será questionada a arte polifônica e o papel do dramaturgo em seu processo criativo. O espetáculo é gratuito e será disponibilizado com versão em libras no dia 8 de abril, sexta-feira, no canal do Youtube do grupo.
Na dramaturgia do espetáculo, é trabalhado o caráter ‘work in progress’ da polifonia, uma lógica que consiste na soma das muitas vozes presentes ao redor do ambiente. O estudante Daniel Pires explica mais de como funciona essa técnica:
“A polifonia é construída com nossa experiência individual, mas totalmente conectada às múltiplas experiências coletivas, espalhadas por vários cantos. Essas vozes são de sujeitos que são traduzidos e colocados em visibilidade por nós atores e pelo trabalho de João Bosco Amaral, dramaturgo e diretor da montagem. Isso vai ao encontro às vozes de Pessoa, Camus e Lispector, além daqueles artistas/performers que nos inspiram em nosso trabalho com a videoarte, como Joseph Beuys, Bill Viola e Robert Wilson”.
Assim, foi sendo construído um trabalho em grupo, no qual cada artista também ocupa o papel de criador e interfere ao longo do processo. Os atores participaram ativamente da concepção poética do experimente cênico, escolhendo textos e dados biográficos para dar corpo a matéria narrativa. A interação e observação com o universo em que cada artista-criador estava inserido foi um condutor das ações performáticas. De maneira que os atores foram afetados por essas experiências sensoriais em cada espaço-tempo, para criação de novas histórias, imagens e personagens, emprestando seus olhares para o compartilhamento dessa experiência com o público. O diretor João Bosco Amaral afirma que a intenção do projeto é despertar uma postura ativa no espectador, de maneira a eles próprios darem uma ordem aquele caos poético:
“As pessoas definirão a ordem e os diferentes sentidos – sensoriais ou enquanto semiologia das experiências vivenciadas – que desejam para cada cena/performance. Assim, o público poderá definir a dramaturgia do experimento cênico na totalidade, escolhendo o áudio para o vídeo que quiser, seguindo ou não as orientações textuais que lhe foram destinadas. E poderá também experimentar apenas isoladamente ou mesmo nos momentos do encontro”.