Aquela caminhada solitária entre as serras, numa manhã nublada e com forte nevoeiro, embora exigisse um intenso esforço físico, ofereceu-me os instantes de maior introspecção da viagem. Momentos de muita lucidez, aceitação, humildade, compaixão e amor. Em minhas reflexões, pude fazer um paralelo da minha vida com os principais problemas encontrados no Caminho, procurando ver suas razões, seus significados e suas mensagens.
Refleti como nunca sobre os males provocados pelo apego, a mais didática lição ensinada na viagem. No Caminho, apesar da mochila representar uma carga expressiva, responsável por cansaço, dores e insegurança, quase todos relutam, enquanto podem, em eliminar o excesso de peso. Apesar...
Na manhã seguinte, passei em Ponferrada, situada apenas 3,5 km após Molinaseca. É uma grande cidade, com cerca de 100 mil habitantes, bonita e civilizada. Deve seu nome a uma antiquíssima ponte, que tinha proteções laterais de ferro (do latim pons ferrata), construída sobre o Rio Sil, para ajudar aos peregrinos que demandavam a Santiago.
A cidade conserva em excelentes condições o Castillo del Temple, uma colossal fortaleza construída no século XII. Foi doada pelos Reis de León aos Templários, que dominaram toda aquela região e, a partir do castelo, davam refúgio e proteção aos peregrinos. Extinta a Ordem, os Caballeros del Temple morreram defendendo...
Natural de Catalão, Goiás, Mário Mendonça Netto nasceu em 26 de abril de 1930. Filho de Maria Isabel de Mendonça Netto e João Netto de Campos (Prefeito de Catalão e Deputado Estadual, 1951-1955 e 1975-1979), se mudou para São Paulo com seus quatro irmãos aos 12 anos de idade para estudar o ginásio no colégio Mackenzie.
Foi colega e amigo pessoal dos irmãos Gilda Cardoso e Fernando Henrique Cardoso e na ocasião participou do “Movimento Petróleo é Nosso” fundado pelo General Leônidas Cardoso, pai de seus amigos e que deu origem a Petrobrás.
Formado em advocacia pela Faculdade de Direito, Largo de São Francisco, USP, São Paulo, se tornou advogado e mais tarde agro pecuarista em Catalão. Inspirado nos movimentos que participou...
Catalão possui dentre seus filhos, pessoas que se destacaram por aquilo que de melhor fizeram em suas vidas. Na literatura, na política, na diplomacia, no ensino e na música
Filho de Nicolau Abrão e Samira Calixto Abrão, o músico João Abrão nasceu em Catalão, Goiás, no dia 16 de julho de 1939. Desde pequeno demonstrava pendores musicais.
Com apenas quatro anos de idade já tocava gaita com grande facilidade e fascinação. Aos nove, iniciou o estudo de violino com o saudoso professor, maestro e compositor, Frederico Campos, muito querido em nossa região.
Ainda jovem João Abrão foi estudar fora de Catalão, pois o diretor do Colégio dos Padres Franciscanos, depois Colégio Paroquial São Bernardino de Siena e hoje Colégio Aprov,...
Tomei o café-da-manhã no próprio albergue, pertencente à Associação Saint James (designação inglesa para São Tiago), uma organização de voluntários que mantém o refúgio e oferece essa refeição a seus hóspedes, gratuitamente. Disposto e com o pé melhor, tive um bom desempenho na subida da montanha, cujo cume fica a 1.517 m de altitude e se constitui no ponto mais alto do Caminho, onde tirei foto, auxiliado por um casal de austríacos.
Na subida da serra passei por vários locais muito interessantes, como Foncebadón, o famoso "pueblo" abandonado. Na verdade, o povoado tem umas poucas casas habitadas e inúmeros cães, que não me molestaram, apesar...
À tarde, em Rabanal, enquanto lia na varanda do albergue, ouvi um sotaque brasileiro na recepção da hospedagem.
Voltei-me e vi um rapaz moreno, que não conhecia. Ele não entrou. Informou-se e seguiu para outro refúgio. Todavia, sua presença provocou um amargo comentário de um outro brasileiro, sentado em uma mesa próxima, cuja presença eu não havia percebido:
— Até aqui me aparecem essas porcarias! — disse ele.
Fiquei indignado com a atitude daquele desconhecido conterrâneo que, a seguir, gastou todo o seu portunhol para explicar aos seus espantados companheiros de mesa, espanhóis, que apesar de ser brasileiro, era filho...
O novo curativo funcionou muito bem e, no dia seguinte, fiz uma caminhada de quase 35 km. Estava com um fôlego raro, talvez pensando em rever a sevilhana... No trecho, passei por Hospital de Órbigo, onde fotografei a famosa ponte de pedras, sobre a qual Don Suero de Quiñones venceu 68 cavaleiros em corridas de lança, segundo a lenda. Desafiava todos os cavaleiros que quisessem atravessar a ponte a enfrentá-lo, ou, então, depositar uma luva em sinal de covardia...
Alcancei Astorga às 14h, depois de cruzar uma meseta árida, com um extenso platô no seu topo. Astorga é uma cidade de cerca de 11 mil habitantes,...
Meus pés não ofereciam condições de prosseguir. Decidi, então, pernoitar ali mesmo em Villar de Mazarife, onde cheguei por volta das 14h, após uns 20 km de caminhada. O albergue era muitíssimo austero, dispondo de algumas poucas camas. Os colchões estavam sendo colocados diretamente sobre o piso.
Naquela hospedaria, logo em seguida, chegou um casal de espanhóis de Sevilla. Ela era uma linda morena de estatura mediana, corpo bem feito e olhos verdes. Tinha uns 25 anos e os cabelos negros, que chegaram perto da cintura. Havia ralado um joelho em uma queda, motivo que os prendeu ali. Mais tarde chegaram Joan Bueno e mais umas 6 pessoas, todas conhecidas.
Entre tantas viagens que fiz de caminhão de Catalão para São Paulo, capital, e para Santos-SP, houve uma que quero ressaltar. Em 1956, quando eu possuía um caminhão melhor, fazia uma viagem por mês para a fábrica dos Farid, levando manteiga em latas de 05 e 10 kg.
Às vezes eu pegava um pouco da carga aqui em Catalão, outra parte em Água Limpa e de lá, passando por Itumbiara, seguia até Uberlândia-MG e dali até São Paulo.
Quando estava para completar a carga, em Água Limpa, fazendo a contagem de toda a mercadoria que entrara no caminhão,...
Estranhamente, quando já avistava El Burgo Ranero, cerca de 8 km à frente de Bercianos, voltei a sentir fortes dores nos pés e na coluna, o que quase me impedia de caminhar.Tive sérias dificuldades para alcançar o povoado, onde encontrei um albergue em boas condições. Lembrei-me da recomendação da Lourdes e resolvi ficar por ali. Passei boa parte da tarde tratando de minhas bolhas, expondo-as ao sol, inclusive. Sentia dores nos pés e receava ser tendinite, conforme fora alertado.
Pela primeira vez,, conheci um albergue que não dispunha de empregados e ficava aberto 24 horas por dia. Uma moradora da vizinhança era a responsável pela faxina, disseram-me. Mas eu não a...