O prefeito de Catalão, João Netto de Campos, no início do seu primeiro mandato em 1948, visitou toda a zona rural do município. No extremo sudeste, à beira do rio Paranaíba, teve uma surpresa. Encontrou muita gente morando na região do Boqueirão de Cima, Jacuba, Porto dos Pereira e Boqueirão de Baixo. Era uma meninada que crescia, sem instrução, bem longe das escolas municipais. Conversando a respeito com um fazendeiro local, conhecido por Zequinha, o prefeito acenou com a possibilidade de construção de um grupo escolar naquela região. José David de Souza, o Zequinha, de imediato reservou um hectare de terra, em sua propriedade, para a prefeitura edificar o estabelecimento escolar.
Qualquer pesquisador, ao verificar o passado, deve ficar atento aos costumes e valores predominantes em cada sociedade de época. Jamais se pode analisar os tempos antigos sob o prisma da sociedade moderna. Para se evitar o anacronismo, a compreensão antecipada de alguns parâmetros é necessária.
Sexo, desaforo e fuxico, por exemplo, são parâmetros norteadores que, de forma bem acentuada, permearam os valores sociais vigentes até a metade do século passado.
Em primeiro lugar, havia um tabu inviolável: a moça, ao se casar, deveria estar na condição de virgindade. Isso lhe...
Um dos maiores políticos catalanos quase não é lembrado nos discursos oficiais. Tanto que, seu nome é pouco conhecido pelo povo do município. Existe, na verdade, um silêncio em torno de Wagner Estelita Campos, apesar de ter sido o mentor do trajeto da BR-050 passando por Catalão e de outras grandes realizações.
Talvez o motivo da omissão de Wagner Estelita, no rol dos grandes políticos locais, esteja no distanciamento imposto pela sua vida pública, morando no Rio de Janeiro e Brasília ou, quem sabe, pela simplicidade e modéstia que sempre caracterizaram suas ações.
Wagner Estelita Campos foi responsável pela construção da BR-050, pela edificação...
A história de Catalão é repleta de particularidades. Quase sempre o inesperado acontece. Quem acha, por exemplo, que a inauguração da estação ferroviária foi um alegre acontecimento está redondamente enganado. A festa não se realizou como programada, frustrando os inúmeros convidados.
Eram quase 11 horas da manhã, no dia 24 de fevereiro de 1913, quando a locomotiva chegou, pela primeira vez, em Catalão. Vinha de Araguari, puxando quatro vagões de passageiros, abarrotados de convidados para a cerimônia. Entre eles, o diretor da estrada de ferro, Luiz Schnoor, o administrador da ferrovia, Vicente Marot, o mestre de linha, João Marques Rolo, o intendente municipal de Araguari, Cel Olímpio dos Santos, vários jornalistas...
Com a instituição do Estado Novo por Getúlio Vargas, em 10 de novembro de1937, foram dissolvidos o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais. Os Estados passaram a ser governados por Interventores (de livre nomeação pelo Presidente da República) e os municípios por Intendentes (escolhidos pelos governadores). Iniciava-se um grande período de exceção, que duraria até 1945.
Em Catalão esse movimento também teve seus reflexos. Certamente seguindo os princípios tecnocratas do Estado Novo, que prometia uma gestão pública menos política e mais técnica, Pedro Ludovico nomeou Públio de Souza como Intendente em Catalão. Tenente da Polícia Militar do Estado, ele substituiu o intendente...
O trem de ferro, na estação de Goiânia, já estava de partida quando um rapaz entrou no vagão de passageiros e seguiu com destino a Catalão. Depois de quase dez horas embarcado desceu na plataforma de Goiandira, onde tomou a pequena jardineira para completar sua viagem.
Foi assim que o rapaz, no prenúncio de uma brilhante carreira no jornalismo, teve o seu primeiro contato com Catalão, numa curta estadia na década de 1960. Jamais iria imaginar que, meio século depois, Catalão se tornaria a sua cidade do coração, local de moradia e palco de novos projetos.
O moço do trem era Luiz Carlos Bordoni,...
Essa foi a trajetória do catalano João Netto de Campos. Como boiadeiro era conhecido e respeitado pelos grandes criadores de gado do Triângulo Mineiro. Como político, defendeu a liberdade dos moradores de Catalão que, pela primeira vez, experimentaram o voto sem cabresto.
João Netto nasceu em 1911 e, desde cedo, tinha tudo para ser político. Sua família descendia do primeiro administrador de Catalão, João de Cerqueira Netto, e seu pai, Mário de Cerqueira Netto, também ocupou a intendência municipal. No entanto, quando jovem, tinha outras inclinações. Gostava mesmo era da vida rural.
Estudou nos colégios Sagrada Família em Catalão e no Diocesano de Uberaba. Apesar...
Catalão teve de tudo. Mas, é um erro comparar a nossa história com as lendas do velho oeste americano. Aqui não havia disputa por terras e, muito menos, o vitorioso era quem sacava primeiro.
Os criminosos de Catalão, na sua maioria, eram homens comuns, dedicados a família e que, por um motivo ou outro, tiveram que defender sua honra e sobrevivência.
É certo que haviam muitos jagunços no município. Mas, ao contrário do que se pensa, não eram homens de muita coragem pessoal, pois a maioria de seus crimes era feita de tocaia, pelas costas, de encomenda.
O destaque fica por conta dos valentões, categoria que proliferou no município de Catalão na primeira metade do século...
A Academia Catalana de Letras registra que, as duas grandes avenidas comerciais de Catalão homenageiam dois baianos que vieram para cá no século passado: Lamartine Pinto de Avelar e José Marcelino da Silva. Todos os catalanos conhecem muito bem, no alto do São João, a avenida Dr. Lamartine e, no lado de cima dos trilhos, a avenida José Marcelino.
Dr. Lamartine apareceu em Catalão, já formado em medicina, no final da década de 1950. Foi muito dedicado ao exercício da profissão, deixando muitas lembranças na Santa Casa de Catalão. Depois de sua inauguração em 1959, o hospital arregimentou um grupo seleto de médicos que foram pioneiros naquela casa: Lamartine, Roberto Marot e Silvio Paschoal. Os três tinham uma grande clientela...
Na história política de Catalão, quatro vice-prefeitos assumiram, em definitivo, a gestão municipal. Cada um deles, por tempo e razões diferenciadas, administrou o município de acordo com as condições herdadas e o entusiasmo que dedicou à tarefa.
O primeiro foi Paulo Hummel, que em 1964 substituiu Osark Vieira Leite, dado o impedimento do titular. O segundo foi Bento Rodrigues de Paula que, em 1969, assumiu o último ano da gestão de Leovil Evangelista da Fonseca, em função de acordo prévio firmado entre os dois. O terceiro foi Divano Elias da Silva, vice-prefeito que, em 1979, substituiu José Rocha por motivos de saúde. Por último, Maria...