De 1947 para cá, quando começaram as eleições democráticas, Catalão teve 19 disputas eleitorais para prefeito. Os médicos foram vitoriosos na maioria delas, seguidos por empresários urbanos e rurais. Mas, nem todos os eleitos cumpriram o período integral de mandato, por razões diferenciadas, sendo substituídos pelos respectivos vice-prefeitos, que também marcaram presença na administração do município.
Verdade que, antigamente, na época da Primeira República, havia eleições para escolha dos Intendentes Municipais até 1930. Mas, o processo não era transparente e, ainda por cima, bastante seletivo. As mulheres, os analfabetos, as pessoas desprovidas, os soldados rasos, por exemplo, não participavam do pleito eleitoral. Além do que, o voto não era secreto e o processo estava fortemente monitorado pelos...
Já escrevi aqui algumas vezes sobre Catalão, GO, que, como toda cidade do interior de tempos passados, era dominada por algum coronel e seus jagunços. A história de hoje ficou conhecida nos anais da cidade como Matança dos Ferroviários.
Construía-se um prolongamento da estrada de ferro que ligaria Catalão a Ouvidor e Três Ranchos. O cenário, nesses casos, não varia muito. Os operários, recrutados em outros locais, vivem em acampamentos e nos fins de semana vão à cidade. Tabernas e bordéis se multiplicam para atender essa clientela.
Certo fim de semana, alguns trabalhadores da estrada,...
Na história de Catalão, algumas congregações religiosas marcaram o apostolado no município. Tanto que, a devoção católica ficou imortalizada na denominação dos bairros que foram surgindo pela cidade: Mãe de Deus, Santo Antônio, São João, N. S. de Fátima, São Francisco, Três Cruzes, Santa Terezinha, São José, Monsenhor Souza, Santa Cruz, Santa Helena, Santa Rita e outros mais.
Na verdade, Catalão nasceu sob o signo da cristandade. Entre os fundadores do lugar estava um padre beneditino, Frei Antônio da Conceição, que lançou a semente do apostolado local em 1722. Conforme relato do escrivão da bandeira do Anhanguera, o padre retornou a São Paulo, depois de três anos, mas deixou seu sobrinho tomando conta das roças no lugarejo que posteriormente se...
Catalão ficou conhecida como terra de homens valentes, como reduto de intelectuais, como local de grandes empreendedores e como palco de sangrentas disputas políticas. Sempre foi uma cidade, de alguma forma, respeitada e famosa. Basta lembrar que o Sítio do Catalão foi o primeiro povoamento no território goiano, fundado por integrantes da própria bandeira do Anhanguera.
Durante um longo período, a cidade era lembrada como terra da violência e da valentia pessoal. Isso fez com que muitos catalanos, ao residir em outras localidades, fossem recebidos com receio e tratados com certo distanciamento. Reputação que, ao invés de envergonhar, proporcionava velado orgulho aos filhos de Catalão.
O ano de 2022 carrega um significado histórico muito importante. Fazem 300 anos que a expedição paulista, comandada por Bartolomeu Bueno Filho, atravessou o rio Paranaiba, rascunhando o território de Goiás.
A terra era despovoada de migrantes, habitada somente por índios carajás, xavantes, tupis e principalmente caiapós. Tribos que, na língua geral, os bandeirantes denominavam goyases. Em tupi, goyaz significa "nação de irmãos, de uma raça só".
O portal de entrada dos sertanistas foi na parte meridional do território, em local que ficou conhecido como Sítio do Catalão. Em seguida, o coroamento da expedição aconteceu em Santa Cruz, Vila Boa, Meia Ponte e Corumbá....
No local onde construíram o supermercado Bretas, em Catalão, funcionou uma grande escola de educação física no início da década de 1940. A entidade chegou a ter mais de duzentos atletas, nas mais diversas modalidades, ganhando medalhas e prêmios em apresentações pelo interior e na capital do estado.
Com a criação da Escola de Educação Física Hermano Ribeiro, Catalão se destacou como o mais avançado centro de treinamento esportivo estadual, numa época em que Goiânia nem havia sido oficialmente inaugurada.
A fundação desse centro esportivo, com apoio do governador Pedro Ludovico e do prefeito de Catalão, Armando Storni,...
A rua Americano do Brasil é uma das mais antigas de Catalão. Começa na área central da cidade e percorre boa parte do bairro São Francisco. A sua abertura se deu no final da década de 1930, na gestão de Públio de Souza que, por sinal, havia sido amigo do homenageado.
Americano do Brasil foi um dos mais brilhantes e ilustres intelectuais de Goiás. Escritor de renome, publicou a famosa Súmula da História de Goiás, que se converteu em um livro clássico de pesquisas acadêmicas. Poucos sabem, no entanto, que ele era um médico conceituado e que foi barbaramente assassinado, na porta do seu consultório,...
Durante um tempo, o Dia de Finados era celebrado com tristes melodias em Catalão. A banda de música se colocava na entrada do cemitério municipal, logo de manhã, executando dobrados e marchas fúnebres, enquanto a população visitava os túmulos dos entes queridos ao longo do dia.
Esse ritual surgiu na década de 1930 e perdurou por quase vinte anos. Era uma ocasião solene, em que as pessoas conversavam sobre o passado, enfeitavam jazigos, túmulos e covas rasas, acendendo velas e orando pela alma dos falecidos. Tudo ao ritmo contagiante das melodias fúnebres executadas pela banda de música.
O...
No período da colonização da região de Catalão, da mesma forma que no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, era grande o isolamento da população, provocado pelas grandes distâncias e as dificuldades de locomoção daqueles tempos. Os bancos também eram raros, fator que inibia a circulação de moeda corrente, exigindo, muitas vezes, a realização de negócios por meio de permutas, como a melhor opção para girar a economia.
Esse fato, certamente, foi o responsável pelo surgimento da cultura do Catireiro, um típico personagem da região, um comerciante geralmente informal, especializado nos negócios feitos por meio de trocas de mercadorias, o escambo, popularmente conhecido como catira, gambira,...
A Academia Catalana de Letras relembra que, a retirada da Cruz do Anhanguera de Catalão foi um acontecimento marcante que ficou na memória do município. Os moradores compareceram à estação ferroviária, no dia da transferência da cruz, mas pouco entenderam o que estava acontecendo. Presenciaram lances dramáticos de choro, lamento e raiva, assim como também demonstrações de euforia, satisfação e ardor cívico. Sob um foguetório intenso e ao som da banda de música, a cruz foi acomodada em uma prancha do vagão de carga e o trem partiu rapidamente.
A história começou dois anos antes, lá no mato onde a cruz foi retirada. Estivera fincada no local por quase 200 anos como um sinal...