Cassiano Leite Martins: Uma Vida de Dedicação e Saudade
Cassiano Leite Martins, conhecido carinhosamente como Cassianinho, foi um homem de trajetória marcante, cujo legado permanece vivo na memória de sua família e de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Filho de Francisco Cassiano Martins e Palmira Leite Martins, nasceu em 1933, enfrentando desde cedo desafios que moldariam sua força e determinação. Nascido com um dos pés virado para trás, foi enviado a São Paulo ainda criança para uma cirurgia corretiva. Essa experiência precoce, porém, não limitou sua caminhada; ao contrário, fortaleceu seu espírito resiliente.
Cassianinho construiu uma linda família ao lado de sua esposa Áurea, com quem compartilhou mais de 60 anos de união. Juntos, criaram cinco filhos: Luis, Levi, Fernando, Hélio e Francisco. Infelizmente, a vida lhe impôs uma das dores mais avassaladoras, a perda dos filhos Francisco e Fernando. Francisco faleceu aos 40 anos, vítima de um derrame, e Fernando partiu em maio de 2015, deixando uma lacuna irreparável na família. Outra grande perda marcou sua trajetória: em 28 de junho de 2012, ficou viúvo com a partida de sua amada Áurea, um golpe difícil de superar após tantos anos de companheirismo. Apesar dessas perdas, ele sempre se manteve forte, encontrando conforto nos filhos, netos e bisnetos, que eram sua maior alegria e motivo de orgulho.
Sua vida foi dedicada ao trabalho, ao progresso e ao sustento de sua família. Desde cedo, esteve envolvido com a produção de cana-de-açúcar, seguindo os passos do pai, que fabricava álcool, açúcar e derivados. Além disso, lidou com gado e foi pioneiro na plantação de soja em Catalão, um feito do qual se orgulhava imensamente. Suas mãos ajudaram a construir uma parte da história agrícola da região, mostrando sua visão empreendedora e inovadora. O amor pela terra e pelo trabalho sempre foram marcas registradas de sua personalidade, valores que fez questão de transmitir para as futuras gerações.
A infância de Cassianinho foi simples, mas feliz. Ele recordava com saudade os tempos em que as crianças jogavam bolinha de gude, rodavam pião e soltavam papagaio. “Não existiam drogas. Digo que minha infância foi a melhor possível, pois foi sadia e feliz”, dizia ele, com um brilho nostálgico no olhar. Para ele, os valores da educação também eram diferentes: “Se fazíamos algo de errado, os pais corrigiam. Hoje, se você bater em um filho, vai para a cadeia”. Essas lembranças, cheias de simplicidade e valores sólidos, eram um reflexo de uma época em que o respeito e o convívio familiar eram a base da sociedade.
O nome de Cassianinho também esteve ligado ao desenvolvimento de Catalão. Ele foi proprietário do famoso Posto JK e teve a honra de receber Juscelino Kubitschek em sua inauguração. Mais tarde, construiu o Posto Dona Celina, antigo Posto Maristela, e, por fim, decidiu trocar os negócios urbanos pela tranquilidade do campo, adquirindo uma fazenda em Paracatu, onde viveu com a família por 35 anos. Essa mudança representou um novo capítulo em sua vida, permitindo-lhe desfrutar da natureza e do trabalho rural que sempre amou. Ali, ele construiu não apenas uma nova casa, mas um verdadeiro lar, onde ensinava aos netos o valor do esforço, do respeito e do amor pela terra.
Apesar de suas conquistas, o que mais lhe importava eram os filhos. “Não há nada neste mundo que atrapalhe a minha relação de pai com meus filhos”, afirmava com convicção. E assim foi até o fim de seus dias. Para ele, a família era seu maior tesouro, e cada momento ao lado dos filhos, netos e bisnetos era uma dádiva que ele valorizava profundamente. Seu jeito brincalhão e afetuoso fazia com que todos se sentissem especiais em sua presença. Ele era aquele avô que contava histórias, aquele pai que dava os melhores conselhos e aquele amigo que sempre tinha um sorriso sincero no rosto.
No dia 20 de setembro de 2019, Cassianinho partiu, deixando uma cidade inteira enlutada. Seu velório foi realizado na sala de velórios do Rotary Club, e seu corpo foi sepultado no cemitério municipal de Catalão. Sua ausência é sentida profundamente, mas sua essência permanece viva em cada filho, neto e bisneto. Seu jeito alegre, generoso, brincalhão e de coração imenso ficou gravado em cada um que teve a sorte de conhecê-lo.
Cassianinho não resistiu e foi levar sua alegria para o céu. Mas aqui na terra, sua memória segue firme, enraizada no amor que plantou e na história que construiu. A saudade será eterna, mas a certeza de que sua vida foi bem vivida nos consola. Obrigado, Cassianinho, por tudo que nos deixou.
FOTO: Divulgação Internet
TEXTO: Maysa Abrão com informações em entrevista feita com o senhor Cassianinho em Setembro de 2009.
FOTO CAPA: StudioMais/Revista Portal VIP