Afonso Luiz Prestes Paranhos: Uma Vida de Serviço, Justiça e Amizades Duradouras

Afonso Luiz Prestes Paranhos nasceu em Catalão, Goiás, no dia 16 de junho de 1926, sendo filho de Lyrio do Valle Paranhos e Izardina Ferreira Paranhos. Desde cedo, demonstrou vocação para o estudo e o serviço público, traçando uma trajetória marcada pelo compromisso com o direito e a administração pública.

Durante sua infância e adolescência, estudou no Externato Santana e no Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, em sua cidade natal. Posteriormente, ampliou sua formação acadêmica no Colégio Marcone, em Belo Horizonte, e no Liceu de Goiânia, consolidando sua base educacional. Seu empenho o levou a ingressar na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde se formou em 1955.

Ao longo de sua carreira, Afonso Paranhos exerceu diversas funções de destaque no serviço público. Atuou como Conferente de Balancete na Secretaria da Fazenda, Oficial Administrativo, Taquígrafo Parlamentar e funcionário da NOVACAP, além de ter ocupado cargos importantes na área jurídica, como Procurador do Estado e Advogado de Ofício da Auditoria Militar. Sua atuação na Prefeitura de Goiânia o levou a assumir o posto de Procurador-Geral do município. Mais tarde, desempenhou a função de Coordenador de Divulgação e Imprensa no governo do Dr. Leonino Di Ramos Caiado.

Além de sua brilhante carreira na advocacia e na administração pública, Afonso Paranhos também se dedicou ao magistério, contribuindo para a formação de novos profissionais do direito. Em sua vida pessoal, construiu uma família ao lado da advogada Leonice Di Ramos Caiado, com quem teve quatro filhos: Maíra, casada com Antônio Carneiro, Leolice, Afonso Leão e Alfredo.

Residindo em Goiânia por muitos anos, Prestes Paranhos, como era conhecido, tornou-se uma das figuras mais estimadas nos círculos políticos e sociais da capital. Seu caráter íntegro, sua atuação profissional exemplar e sua facilidade em cultivar amizades lhe garantiram o respeito e a admiração de muitos.

Seu falecimento, ocorrido em 21 de novembro de 1984, foi um choque para todos que o conheciam. Vítima de um infarto do miocárdio, teve uma morte súbita, deixando um grande vazio na sociedade goiana. Seu sepultamento no Cemitério das Palmeiras, em Goiânia, foi acompanhado por uma expressiva homenagem de amigos, familiares e admiradores, que reconheceram sua inestimável contribuição ao estado.

Afonso Luiz Prestes Paranhos deixou um legado de ética, compromisso e dedicação, sendo lembrado não apenas por suas conquistas profissionais, mas também pelo impacto positivo que teve na vida daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

(Imagem criada por IA)

 

 

FUNDAÇÃO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA MÃE DE DEUS por

— Prestes Paranhos —


... se buscarmos as histórias de Catalão iremos encontrar os seus intelectuais que as narraram de forma bela, simples, sincera e apropriada.

Os jornais da época gravaram as suas composições literárias e jornalísticas. Com base nelas, na tradição, na história contada de geração em geração, podemos situar a chegada de Bernardo Guimarães em 1860, para exercer aqui as altas funções de Juiz Municipal.

Romancista de nome nacional, solteiro, culto, inteligente, ligou-se imediatamente ao boêmio Roque Alves de Azevedo, apelidado Roquinho, filho adotivo do cel. Roque Alves de Azevedo, senhor absoluto de braço e cutelo dessas cercanias, àquela época. Tornaram-se amigos inseparáveis, talvez devido à identidade de propósitos e de conduta. Catalão ouviu as suas primeiras serenatas executadas por Roquinho, com a participação do Juiz Bernardo Guimarães, cue ir-mando ao seresteiro, adentrava a noite catalana, versejando ilusões desfeitas, amores impossíveis, romances destruidos. Quanto coração chorou a saudade do passado na música rimada e nos acordes sonoros das serenatas e no extro poético de Bernardo e Roquinho!…

Mas, o gosto pela literatura, e aí é que é importante, aumentava dia a dia, e todos queriam simplesmente um teto, queriam naturalmente um local aonde se pudesse estudar, melhorar as letras, concluir um curso superior, além do curso primário. As produções literárias surgiam, a cidade crescia, a população estudiosa pedia mais jornais, mais informações, mais livros, mas escolas, mais aprendiza-do. E nós não tinhamos aqui, neste berço querido, onde nascemos, um Estabelecimento de ensino capaz de atender àqueles que buscavam o aprimoramento da cultura, a melhoria do nível intelectual.

Daí a fundação, em 1915, pelos Padres Agostinianos, segundo a História, do Colégio da Sagrada Família, que mais tarde se fundiu no Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, das Madres Agostiniana, da mesma congregação, pois Catalão, pequena e despovoada, não comportava mais de um Educandário.

Catalão foi a primeira paróquia oferecida e entregue aos Padres Agostinianos pelo Bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte da Silva e a ela chegaram os primeiros religiosos a 3 de julho de 1899. Alojaram-se os missionários em humílima casa alugada, guarnecida com seis cadeiras emprestadas, três enxergões de palha e algumas táboas que serviram de cama, além de alguns trastes de cozinha. A exten-ção da paróquia naquele tempo era de 800 léguas e o número de habitantes uns 20.000, incluindo o distrito de Santo Antônio do Rio Verde. Em Catalão, desde 1915, funcionou o Colégio de ensino, intitulado — “Colégo da Sagrada Família”, porém, sendo a cidade pe-quena, os primeiros entusiasmos logo se arrefeceram, em 1924 fechava as suas portas. A paróquia continuou suas atividades com grande fruto até 1940, data em que teve de ser abandonada por falta de Pa-dres, motivada pela guerra civil espanhola em 1936. Dois nomes mereceram relevo: Pe. Augustin Camarzana, que reconstruiu em sua totalidade a Igreja da Matriz e o Pe. Gabino Cabrera, verdadeiro ídolo do povo catalano.

… das Irmãs Agostinianas, que chegaram neste solo, humildemente e em nome de Deus, para fundar este Estabelecimento que iluminou várias gerações. Foram elas: Madre Natividade Gorrochátequi, Madre Mercedes Iriarte, Madre Esperança Garrido, Madre Paz Hernandez e finalmente Soror Inez Lopes.

Narra a tradição, que a pedido do Monsenhor Francisco de Souza, por intermédio dos Padre Agostinianos residentes em São Paulo e de Dom Prudêncio, Bispo de Goiás, naquela época, 1921, conseguiu-se a vinda destas cinco irmãs da Espanha para a primeira fundação em terras brasileiras, chegando em Catalão no dia 22 de fevereiro de 1921, onde fundaram o Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus.

Mas, após as primeiras dificuldades vencidas, puderam iniciar as aulas neste Educandário, no dia 2 de julho de 1921.

 

(Imagem criada por IA)

 

 

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS – GO. Pronuncia o seguinte discurso em Novembro de 1984.)
Publicado no: DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)


“No início da década de sessenta, não havia militar revolucionário, dissidente da deteriorada situação então vigente, que, indo a Goiânia, não procurasse, em primeiro lugar, a casa do Dr. Paranhos e de Dona Leolice — esta, a decidida e incomparável companheira do grande goiano desaparecido.

À medida que nos aproximávamos do final de 1963 e do início do histórico ano de 1964, crescia o Movimento Revolucionário, e a ansiedade tomava conta de todos que frequentávamos a casa dos Paranhos.

Apesar da intensa movimentação e do constante entra e sai, Paranhos e Dona Lilita — apelido carinhoso da grande dama goiana — guardavam as aparências, mantendo uma impressionante calma e fleugma. Ele, com suas inigualáveis histórias e piadas, que nos faziam rir; ela, vigilante, a curta distância, dos filhos pequenos — Maira, Ilydia, Lice, Afonso Leão e Alfredo —, que maravilhavam os pais e a nós com suas travessuras e alegria esfuziante.
Radioamador dos mais conceituados e queridos, tanto nacional quanto internacionalmente, Prestes Paranhos dividia seu tempo entre essa atividade e o cumprimento das tarefas e colóquios revolucionários.

Praticante da verdadeira solidariedade cristã, o ilustre extinto prestou relevantes serviços a muitas pessoas que sequer conhecia e a diversas comunidades, às quais servia com devotamento e desvelo.

Figura humana inexcedível, Afonso Luiz Prestes Paranhos desapareceu no auge, no vigor de suas forças físicas e intelectuais, quando poderia aproveitar melhor a vida — não apenas no sentido de usufruí-la, mas, sobretudo, de doá-la, atendendo à gama dos mais belos sentimentos que carregava no mais íntimo do nobre ser com que Deus o privilegiou.

A contribuição que Prestes Paranhos deu à Revolução de Março, à evolução das lides forenses e dos meios jurídicos, à administração pública, à cultura, ao radioamadorismo, à política e a tantos outros setores da atividade humana em Goiás não pode ser quantificada de imediato, dada a grandiosidade de sua enriquecedora atuação.

Dotado de excepcionais dotes e virtudes morais, intelectuais e espirituais, firme em suas decisões e na sustentação de suas responsabilidades, mas sempre magnânimo com os fracos e humildes, respeitado até mesmo pelos adversários, Afonso Luiz Prestes Paranhos legou-nos belíssimos exemplos de vida.

Não apenas sua família se queda desamparada, mas também seus incontáveis amigos e admiradores, seus companheiros de lutas e de trabalho.

Ao concluir, Sr. Presidente, registro, em nome da Liderança do PDS nesta Casa, do Diretório Regional do meu partido em Goiás, dos meus familiares e no meu próprio, as mais sentidas condolências. Envio à admirável Dra. Leolice Di Ramos Caiado Paranhos, a Mafra, Antônio Carneiro, Leolice, Afonso Leão e Alfredo, bem como aos demais familiares do ilustre desaparecido, nossa profunda manifestação de pesar.

Receba Deus, na comunhão dos justos a que fez jus, a excepcional figura de Afonso Luiz Prestes Paranhos, que tanta saudade nos deixa”.

 

TEXTO: Maysa Abrão

FONTE: Cornélio Ramos ( Letras Catalanas)

                DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) – Novembro de 1984