A vitória do amigo Vitor por Marcos César Rodrigues Machado

“Morte vela sentinela sou do corpo desse meu irmão que já se vai
Revejo nessa hora tudo que ocorreu, memória não morrerá…”

Inicio esse relato com esses versos de Milton, que embalaram a primeira grande despedida da minha vida…

Vitor Francisco Dullens Santos, Filho de Alice Margareth e Altamiro Santos, nascido em 24 de setembro de 1966, primeiro de quatro rebentos, todos muito bem educados pelo rigor da mãe e a austeridade do pai, porém com imensas manifestações de amor.

Seu dom natural de alegrar aos seus convivas irradiava amor por onde passava. Livre de qualquer vício, lutava por uma sociedade menos violenta, tanto que se torna Advogado para assim poder lutar com mais afinco.

Plena dedicação às causas de Deus. É assim que se pode definir sua personalidade. Atuante católico, colaborador com causas em prol da caridade e da solidariedade. Além de tudo e, principalmente, dedicou grande parte de sua vida ao Terno de Congo , dedicação essa que lhe renderam homenagens e reconhecimento. Salve o Rosário!

Poeta, contista, folclorista, viveu e fez viver, seus pais, irmãos e amigos.

Um trágico acidente a caminho da cidade mineira de Iturama ceifa-lhe a vida terrestre, tornando-o um anjo a iluminar seus familiares e amigos.

img-20151012-wa0010Segue um poema por ele composto:

Vitória

No mais de minhas sedes

desejo ser mais sedento

conhecimentos muitos

me acrescentar

desde que não me fustiguem

o raciocínio

sabedorias não fúteis

úteis símplices

ser eu

mas ser o grande eu

o eu maior

eu o maior

prático sempre

com apenas

primaveras vintes

e a mesma beleza

se falar fosse dos

outonos invernos verões

em que convencido

nem só vivi

fiz viver

fui vida

humildade me tendo

ignorante

modéstia lhes mostro

ao dizer

num ritmo “vitotiano”

quem sou.

No discurso da turma, ao receber a Carteira da OAB, ele escreveu seu objetivo maior:

“Devemos ser soldados, porque o Direito é luta e a Justiça não se pede de joelhos, mas exige-se de pé.

Devemos ser poetas para ter a sensibilidade para distinguir o feto morto na lua e o fato torto na rua.

E não terá sido em vão o estudo;

E não terá disso em vão este momento;

E não terá sido em vão a vida.”

Até hoje ainda posso ver seu sorriso, ouvir sua voz me falando palavras de ânimo e esperança. Muito do que sou, devo a esse eterno amigo, que como diz a canção, também de Milton, “Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.”

Marcos César Rodrigues Machado – Advogado licenciado, Pedagogo, Revisor ortográfico.