A crônica da Dona Cristina
A comunicação entre os seres humanos é estranha, não é? É cada vício de linguagem, cada expressão, cada coisa que até Marcos Bagno duvida! Ele, com as suas teorias sobre preconceito linguístico, jamais leria este texto sem fazer algum comentário. Mas acalme-se, querido Bagno. Como diz o outro, eu só quero contar uma historinha.
Dona Cristina, na semana passada, estava com a mania de dizer “Como diz o outro, …”. Eu já havia ouvido essa expressão. Na verdade, aqui em Catalão ela é bem corriqueira. Talvez, por este motivo, eu ainda não havia prestado atenção no comentário que vem depois dela.
Veja bem: se o outro diz, existe um “outro”. Mas quem é o outro? De toda forma, existe uma referência. Certo? Errado. A frase, normalmente, não é seguida de uma citação filosófica, tampouco política, sequer religiosa. “Como diz o outro” é seguido por algo que qualquer pessoa no mundo pode ter falado. Qualquer uma. De qualquer forma, em qualquer contexto.
Então, Dona Cristina, sabida das coisas, disse: “Como diz o outro, vou fazer uma comida para mim” e “Como diz o outro, não tem nada na geladeira”. No primeiro caso, o “outro” poderia ser, certamente, eu, quando sinto fome e não tenho outra solução; no segundo, também poderia ter sido eu, sempre. Ou você, ou a mãe de alguém.
De todo jeito, o importante é entender que, apesar de toda a questão filosófica envolvida em decifrar quem é o outro que fala, a culpa será sempre do pobre outro, não interessa quem seja ele, e mesmo que seja minha. Afinal de contas, a culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser, não? Bem, é isso. E, como diz o outro, por hoje é só, pessoal!
Texto: Estela Fiorin
Fotos: Reprodução Internet
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