Catalão 165 anos – A TRADIÇÃO AMEAÇADACatalão 165 anos
Catalão se encontra em um momento de transformação, cruzando a ponte que leva do passado ao futuro. Nessa jornada carrega, na bagagem, apenas o essencial. Qualquer entrave ou empecilho ao desenvolvimento econômico vai sendo eliminado. Menos a memória coletiva, impossível de ser apagada porque nela residem os fundamentos culturais do município.
Se algum dia estiver distante, em qualquer lugar do mundo, e alguém lhe perguntar sobre a sua terra, irá dizer primeiramente que Catalão é uma cidade média, situada no interior do território brasileiro, que tem uma economia diversificada na indústria, no comércio e no agronegócio. Ou seja, uma cidade progressista, de passado relevante e que almeja ser maior ainda no futuro.
Logo em seguida, você irá relembrar a nostalgia do Morrinho de São João, do belo vale do Pirapitinga, explicar a origem do nome Catalão e descrever, com entusiasmo, as congadas na Festa do Rosário.
São esses os pontos fundamentais que diferenciam Catalão de outras localidades e que fornecem identidade ao município. Formam as especificidades do relevo, da economia e da tradição.
Como cidade progressista, Catalão paga um alto preço. As velhas elites vão sendo deslocadas, os sobrenomes vão perdendo sua antiga importância e as residências do passado estão sendo, pouco a pouco, demolidas. O espaço urbano vai tomando diferentes feições e as lembranças arquitetônicas vão sendo apagadas. Sinal de que Catalão tem priorizado o desenvolvimento e não se encontra voltado para glórias antepassadas.
Toda cidade é resultante de um processo histórico particular que condiciona o seu futuro. Pirenópolis e a Cidade de Goiás, por exemplo, sobrevivem do turismo de conservação, tendo de preservar o passado arquitetônico, mesmo que isso comprometa a qualidade de vida dos moradores e a infraestrutura urbana.
Caldas Novas, por sua vez, encontrou no lazer o eixo de sua economia, Rio Verde e Cristalina no avanço do agronegócio e assim por diante. A própria capital, Goiânia, sobrevive como centro comercial varejista e do turismo de negócios.
Catalão avança em um processo econômico particular e na busca de melhor qualidade de vida para seus moradores. Mas nem por isso pode esquecer os fundamentos de sua existência ao longo dos três séculos.
Neste mês de agosto, Catalão completa 165 anos de emancipação. Uma cidadezinha que iniciou sua trajetória em 1859 e hoje atravessa o momento de transformação.
Nos últimos vinte e cinco anos a população dobrou de contingente, assim como as demandas sociais cresceram em ordem geométrica. Significa que a maioria dos novos moradores chegou recentemente e deseja fazer desta cidade a sua terra definitiva.
O poder público municipal tem ancorado as demandas sociais, exercendo um admirável trabalho, principalmente na área de infraestrutura, tornando Catalão uma cidade com qualidade de vida e tranquilidade social.
Resta aos novos moradores, assumir a identidade de Catalão.
A identidade de Catalão, forjada na sua história, é bastante forte. O maior orgulho dos catalanos repousa no cultivo da tradição.
Os verdadeiros catalanos não costumam pisar em falso porque os fundadores da cidade e os antigos moradores jamais o fizeram. Neste aspecto, a afirmativa de Auguste Comte é verdadeira, pois em Catalão, de fato, os mortos governam os vivos.
(Luís Estevam)