O Visionário João Fayad
Filho de Miguel Fayad e Maria, o produtor rural João Fayad nasceu no dia 22 de junho de 1918, na Fazenda São Bento, município de Davinópolis e dividiu a atenção dos pais com mais seis irmãos: Aiçor, Adib, Édson, Flori, Helena e Geny.
Dono de uma infância pobre, onde não tinha botina para usar, Fayad, com muita garra e perseverança, lutou contra as estatísticas e construiu uma vida exemplar.
O casamento com Helena Mattar aconteceu em 1941 e não tiveram filhos, uma vez que a esposa não podia engravidar. Com isso, criaram 12 sobrinhos, seis filhos do irmão Édson e seis da irmã Geny. Porém, devido a uma grande aproximação fraternal do tio João e a sobrinha Julieta, o casal resolveu adotar a pequena aos cinco anos.
Em Davinópolis, João era tratado como padre, juiz, delegado ou até mesmo prefeito, pois tudo que acontecia naquela região, ele quem resolvia. Caso uma mulher ficasse viúva, a mesma o procurava para resolver tudo sobre o sepultamento do marido. Aconselhava, ensinava e impunha as regras de bom relacionamento entre as famílias. De acordo com a sobrinha Sandra Fayad, o tio fez vários casamentos de meninas que deixavam de ser virgens, porque eram enganadas por homens mais velhos. “Recordo um caso, onde ele foi atrás do rapaz, levou a família dele e dela para a delegacia, depois ao cartório e por fim a igreja para selar o compromisso moral. Assim, evitou que ocorresse uma tragédia familiar”. Conta Sandra.
A filha Julieta relata que o pai era honesto ao extremo. “Certa vez participou de um bingo no cinema da cidade e o premio era um Fusca O km. Com isso, um dos seus peões pediu ao meu pai que olhasse a cartela dele. Durante o sorteio das pedras, João gritou “bingo”. Naquele momento, muitos no evento reclamaram: “Nossa, só ganha quem não precisa”. Mas, o agricultor respondeu: “Não fui eu o ganhador, mas o meu peão”. Com isso, João pediu ao amigo João Aprígio para buscar o peão “Nego” na roça para o mesmo receber o carro”. Relata Julieta.
Na “Crônica da Semana”, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, conta que o ruralista e proprietário de terras, renhido defensor do mundo rural, iniciou um movimento pela implantação, em nossa cidade, de um polo agroindustrial, integrando Catalão no já vicejante mundo do agronegócio. “Visionário, saiu a somar forças e, com o apoio de quase duas dezenas de produtores rurais, transformou o sonho em realidade: fundou a Cooperativa Agropecuária de Catalão. Isso no distante dezembro de 1964, época em que o Brasil já estava sob uma ditadura militar. Surgia ali, sob a sua batuta, a maior indústria de Catalão – agroindústria a colocar no mercado a produção dos cooperados, consolidando um dos pólos mais fortes e importantes da nossa economia. Nascia ali, da ideia dele, a nossa conhecida Coacal. Se foi da ideia e da iniciativa dele, nada mais justo que fosse ele, por unanimidade, guindado ao posto de presidente. Foi o primeiro a comandá-la. E o fez durante 15 anos, até o dia da sua morte”.
De acordo com Julieta Fayad, o pai era um homem humilde, generoso e devoto fervoroso. “Gostava de almoçar com os afilhados em volta da mesa e com os trabalhadores da fazenda. Colhia centenas de frutas, colocava na traseira da camionete e distribuía entre os menos favorecidos de Catalão. Na sexta-feira da Paixão, quando não fornecia leite, enchia os galões e oferecia gratuitamente pela cidade. Quando demorava a chover, colocava água nos tambores, levava até o “Morrinho de São João”, onde regava as cruzes e de joelhos rezava. Passava dois, três dias e chovia”.
Ainda de acordo com a filha, o prefeito de Catalão, Adib Elias, quando criança, viajava para a fazenda com Sr. João. “Meu pai esperava ele sair da escola e era o Adib quem abria e fechava as porteiras. Com isso, naqueles momentos de lazer, Adib, ainda criança, aprendeu muito sobre a arte em administrar fazendas”.
Rotariano, foi companheiro do Rotary Club Catalão por muitos anos. Sempre viveram em Catalão, em uma casa alta, em frente à Fundação Cultural Maria das Dores Campos.
Morreu em 17 de dezembro de 1979, vítima de um acidente automobilístico, onde voltava de Igarapava, São Paulo, com sua esposa Helena.
Em homenagem pós-mortem, deu-se o seu nome ao Centro de Convivência da Terceira Idade, de Catalão, Goiás.
FOTO: João Fayad
FOTO: A Casa da Fazenda São Bento
FOTO: João Fayad no cafezal
FOTO: Julieta com o pai João Fayad na sua formatura (1975 – Uberaba, MG)
FOTO: Helena Mattar, Julieta Fayad, João Fayad e Adib Elias
FOTO: João Fayad, Édson Fayad, Paulo, Dr. Jamil Sebba e Dr. William Faiad
FOTO: Helena, Odette, João e as crianças na fazenda São Bento
FOTO: João, Michele e Helena
FOTO: João e Adibinho
FOTO: João, Helena e Alvacyr
O casal Helena Mattar e João Fayad
FOTO: Adibinho, Helena, Julieta, João Fayad, Cesário Mattar e Manira Mattar
João Fayad e Helena comemorando 25 anos de casados
FOTO: Descerramento da placa de Inauguração do Supermercado da Cooperativa em 1º de junho de 1981
FOTO: Inauguração do Supermercado da Cooperativa em 1º de junho de 1981 – Bia, Adib, Helena, Julieta, Alvacyr, Lindalva e Nelson
Aqui nossa singela homenagem.
Equipe Blog da Maysa Abrão