Réplica da Cruz do Anhanguera é instalada no seu local de origem na região rural de Catalão

Os moradores de Catalão resolveram fazer uma réplica da Cruz do Anhanguera, que atualmente está na cidade Goiás, e, colocaram no mesmo lugar de onde a original foi retirada – na região da Mumbuca, há 46 km de Catalão. Centenas de moradores, autoridades políticas e historiadores participaram do evento que aconteceu nesse final de semana. A réplica tem cerca de 4 metros, o mesmo tamanho da original.

Segundo essa tese, o monumento marca a passagem do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o filho do Anhanguera, pela região sul do estado, e deveria estar em Catalão. “Foi em 1722 na região da antiga Fazenda dos Casados que foi colocada a Cruz do Anhanguera, marcando sua passagem pela região onde hoje é o município de Catalão”, conta o doutor em economia e integrante da Academia Catalana de Letras.

A retirada deste símbolo das bandeiras de seu local de origem gerou muita revolta dos moradores. Isso desde 1914. E hoje historiadores e a Academia Catalana de Letras, bem como a população, tem cobrado esta “dívida histórica” da Cidade de Goiás para com Catalão. A cidade completa neste ano 159 anos no dia 20 de agosto.

“É uma mágoa, um amargor que volta a tona neste mês de aniversário de Catalão porque em 2022 completou 300 anos da passagem do Anhanguera por nossa região”, diz Luiz Estevam, para quem o povo catalano merece um “pedido de perdão” por parte dos vilaboenses. Segundo Luiz Estevam, o local de onde foi retirado o monumento está protegido pelo cerrado, coberto de vegetação. Na Prefeitura de Goiás o assunto deixou todos espantados.

“As terras revolvidas e as pedras onde estava a Cruz do Anhanguera continuam praticamente do mesmo jeito e queremos revitalizar o local, colocando uma réplica para incentivar o ecoturismo na região”, conta Luiz Estevam. A ideia é que tudo esteja pronto para a comemoração dos 300 anos da passagem dos bandeirantes pela região em 2022 e eles esperam que a Cidade de Goiás ajude nesse processo de alguma forma. “Afinal, perdemos muito no quesito turismo desde que a Cruz foi arrancada de nós”, reclama Luiz Estevam.

Para o economista e escritor, a Cruz do Anhanguera tem uma grande importância histórica para Catalão e a “dívida histórica” não se trata de questão monetária, de pagamento em dinheiro. “Queremos o reconhecimento do local originário da Cruz, que foi colocada na região onde hoje é o município de Catalão e que ocorreu bem antes da Cidade de Goiás”, reclama. A Cidade de Goiás completou 293 anos em julho de 2022.

Onde está a Cruz?

Desde a grande enchente que atingiu a Cidade de Goiás, em 2001, a Cruz do Anhanguera foi levada para o Museu das Bandeiras, onde faz parte da exposição permanente. Na época da enchente, o monumento onde foi instalada a Cruz do Anhanguera foi levado pelas águas do Rio Vermelho. Após ser encontrado e restaurado foi colocado no Museu das Bandeiras. “Hoje no local, que fica às margens do Rio Vermelho, está uma réplica do monumento histórico”, explica a secretária de Cultura da Cidade de Goiás, Raíssa Coutinho.

A História

Em Catalão, a Cruz do Anhanguera é ligada à passagem do Anhanguera (Bartolomeu Bueno Filho) pelo Porto Velho (Porto do Lalau) distante seis quilômetros do local. De acordo com integrantes da Academia Catalana de Letras, a retirada da Cruz do Anhanguera de Catalão foi um acontecimento que marcou a história do município.

Esta história começou na primeira década do século XX quando Vila Boa era capital do estado. A Cruz do Anhanguera ficou por quase 200 anos em Catalão até ser retirada de seu local originário pelo então juiz e poeta Luiz do Couto. Foi o vilaboense que patrocinou a empreitada para levar o monumento para a então capital de Goiás. E esta história tem alguns pontos de curiosidade e um deles é o fato de que durante quase dois séculos era um sinal misterioso, de procedência ignorada.

Originalmente, a Cruz foi instalada ao lado de uma antiga passagem para o Porto Velho, local de travessia do rio Paranaíba. Ali perto tinha uma estrada muito utilizada por fazer a comunicação entre fazendas vizinhas, próxima às margens do ribeirão do Ouvidor. A retirada deste local foi feita por meio de Decreto do Governo Estadual em 1916 e a transferência do monumento para Vila Boa, o que efetivamente aconteceu somente em 1917. Desde então, os catalanos guardam esta “mágoa”, que para Luiz Estevam pode ser reparada agora com ações conjuntas dos dois municípios – Goiás e Catalão – como cidades irmãs, fundadas no ciclo do ouro.

(Com informações, UnMix / Fotos: Maysa Abrão)

 

Todas as fotos: https://www.maysabrao.com.br/galeria/replica-da-cruz-do-anhanguera-foi-colocada-em-seu-lugar-de-origem/