Registros da Academia Catalana de Letras – Catalão na Guerra do Paraguai Texto 2
A participação de catalanos na II Guerra Mundial é bastante conhecida, principalmente porque um filho da cidade morreu em batalha no território italiano. Trata-se do soldado Ademar Ferrugem, que se tornou nome de rua em Catalão e em Goiânia por ter sido o único goiano vitimado no conflito.
O que poucos sabem é que, bem antes, Catalão também participou ativamente da Guerra do Paraguai cedendo 27 voluntários e um tenente coronel. O oficial foi ferido em batalha e os demais foram mortos em razão do conflito.
A Guerra do Paraguai aconteceu no período de 1864 a 1870. Catalão havia pouco se emancipado como cidade quando recebeu a convocação de voluntários para a guerra. O responsável pela arregimentação foi o tenente coronel Antonio da Silva Paranhos que residia em um sobrado no centro de Catalão.
Paranhos chegara a Catalão por volta da metade do século XIX, na condição de coronel reformado do exército, tornando-se próspero comerciante em nossa região.
Com a guerra, o oficial foi nomeado um dos comandantes dos Voluntários da Pátria que lutaram no território sul do Mato Grosso.
Em Catalão, Paranhos arregimentou 27 voluntários para a luta e partiu com eles para o front da batalha, unindo-se a centenas de outros voluntários de Goiás e Mato Grosso.
O dia da partida ficou registrado. Aconteceu no Distrito de Vai-Vem, município de Catalão, em abril de 1865. Na ocasião, o comandante Antonio Paranhos discursou solenemente em tom melancólico de verdadeira despedida. Frisou que: “É este, pois, o lugar que designei para dizer -vos o adeus da despedida e apertar-vos em meus braços. É este, pois, um dos momentos mais graves da minha vida pública e um dos lances mais tristes por que tenho passado. (…) Adeus… adeus meus amigos”.
Primeiramente o Cel Paranhos comandou o 7° Batalhão dos Voluntários da Pátria lutando na batalha de Curupaiti. Foram os primeiros a travar combate corpo a corpo com os paraguaios já em território brasileiro. Pouquíssimos sobreviveram e ainda tiveram que enfrentar a fome, a malária e o cólera.
O próprio comandante Paranhos foi ferido a bala em Curupaiti e conduzido a hospitais de campanha. Recuperado, foi nomeado para o comando do 9° Batalhão dos Voluntários onde lutou ao lado do então tenente coronel Floriano Peixoto.
Os voluntários do 7° Batalhão que sobreviveram sequer receberam homenagens de reconhecimento posterior. Dos 27 soldados de Catalão restaram apenas dois que haviam deserdado no calor da luta. Mas, ambos foram assassinados tão logo retornaram a Catalão, por resistência a prisão.
Terminado o conflito, Antonio Paranhos também voltou para Catalão. Com o advento da República tornou-se o primeiro senador representante de Goiás no âmbito federal e participou da Primeira Constituinte do Brasil em 1891. Seis anos depois foi assassinado à sombra do sobrado em que vivia no centro de Catalão.
FOTO: Vista da futura Av. 20 de Agosto e do sobrado em que vivia o Cel Paranhos bem na área central de Catalão. (Foto: Acervo de familia)
FOTO: Cel Paranhos e esposa, no sobrado em que residiam em Catalão
FOTO: Mantimentos para o front da Guerra saindo do Largo do Comércio em Uberabinha (Uberlândia)
FOTO: Brigada do Cel Paranhos na batalha de Piris. (Reprodução)
Luís Estevam