A Música Maravilhosa de João Abrão

Catalão possui dentre seus filhos, pessoas que se destacaram por aquilo que de melhor fizeram em suas vidas. Na literatura, na política, na diplomacia, no ensino e na música

Filho de Nicolau Abrão e Samira Calixto Abrão, o músico João Abrão nasceu em Catalão, Goiás, no dia 16 de julho de 1939. Desde pequeno demonstrava pendores musicais.

Com apenas quatro anos de idade já tocava gaita com grande facilidade e fascinação. Aos nove, iniciou o estudo de violino com o saudoso professor, maestro e compositor, Frederico Campos, muito querido em nossa região.

Ainda jovem João Abrão foi estudar fora de Catalão, pois o diretor do Colégio dos Padres Franciscanos, depois Colégio Paroquial São Bernardino de Siena e hoje Colégio Aprov, o encaminhou para outra instituição escolar por não se adaptar ao ritmo da escola.

Segundo Frei Antônio, João deveria estudar em uma escola, onde pudesse aproveitar seu dom musical, o mesmo que outros professores e padres daquela instituição haviam reparado – “sendo assim, acho que os senhores devem considerar este gênio do seu filho, não como um sinal de má vontade, mas sim aproveitado em uma escola que tenha mais facilidade em treinar musica”, (palavras ditas aos pais de João Abrão pelo frei Antônio).

E, assim, com seus onze anos de idade, seus pais o levaram para a cidade de São Paulo, onde o matricularam interno no Colégio Liceu Coração de Jesus, para estudar medicina. O desejo dos pais era que “ele” fosse médico e não músico.

No novo colégio, João contava os dias para chegar às férias escolares para ficar junto dos pais, irmãos e amigos. O que Abrão gostava mesmo era de tocar seus instrumentos musicais de brinquedo que ganhava e os guardava com muito carinho.

Os anos passaram e o vestibular para medicina chegou. João prestou e passou porem não tendo vocação para médico, trancou a matricula da faculdade escondido dos pais e foi estudar em um conservatório musical. Em Catalão, os pais acreditavam estar pagando faculdade de medicina, jamais uma escola de música.

Faltando pouco para obter o diploma de pianista, João encontrou um novo amor, uma paixão à primeira vista: o órgão eletrônico que em apenas quinze dias já dominava completamente.

Mas há sempre um “mas” em tudo e a essa altura os pais souberam de toda a verdade – houve aí um pequeno conflito familiar. Felizmente, tudo acabou em paz. Ao invés de Dr. João Abrão, ele se tornou um exímio tecladista, como era seu desejo.

Foi convidado a integrar uma grande orquestra, com a qual excursionou por todo o país, adquirindo experiência e desenvolvendo as qualidades que o fez um dos mais completos artistas brasileiros no gênero. Chegou a gravar dois discos com o nome de “Paulo Roberto e os Diplomatas do Samba”. Paulo Roberto foi o nome artístico que adotou em homenagem ao seu irmão caçula, Paulo Abrão.

Em São Paulo tocou nas melhores casas noturnas e teve um círculo de amizades com grandes músicos, como Aguinaldo Rayol, Altemar Dutra, Caçulinha, do “Domingão do Faustão e outros.

Após 25 anos viajando por todo o Brasil e também pelo exterior, precisou abandonar seus sonhos e sua linda carreira musical para voltar a sua cidade natal, a querida Catalão. O motivo? Só ele trazia em seu coração.

Em suas viagens, João Abrão teve muitos amores e várias paixões, mas nenhuma conseguiu leva-lo ao altar. Com sua volta para a terra natal, “conheceu uma jovem de um metro e meio de altura que o encantou”, assim dizia ele. Uma jovem de família simples, tradicional, admirada por todos. Com ela casou-se no dia 15 de março de 1973. Ela é Édima Ribeiro, filha de Sebastião Pinto Ribeiro e Sira Machado Ribeiro.

Desta feliz união nasceram dois filhos, Maysa Samira, afilhada do saudoso cantor Altemar Dutra, e Danilo que nasceu com o mesmo dom musical. Para a alegria do pai, aos quatro anos Danilo já tocava piano.

O músico frequentou por muitos anos o Rotary Club de Catalão e não cobrava cachê em apresentações que levantavam recursos para causas sociais. Católico praticante abrilhantou muitas missas e casamentos sempre na companhia do Frei Sebastião, seu grande amigo.

João tornou-se excelente comerciante. Trabalhou com seu pai durante muitos anos no maior estabelecimento comercial de Catalão na época, o primeiro supermercado de nossa cidade com o nome de Super Nicolau. Foi também, por oito anos, responsável pelos restaurantes que forneciam refeições para milhares de trabalhadores das mineradoras estabelecidas nessa cidade: Metago, Goiasfértil, Fosfago, entre outras.

Com o incentivo e dedicação de sua esposa, Abrão voltou para a carreira musical. Desta vez, acompanhado por seu filho Danilo, fazendo bailes e shows pelo nosso Brasil. Nesse período, Deus lhe deu a alegria de gravar seis CDS – João Abrão no órgão e Danilo nos teclados. Pai e filho juntos. Os CDS levaram o nome de “A Música Maravilhosa de João Abrão e Danilo” que foi um sucesso.

Quando preparava o novo CD de volume 07, para a tristeza de todos nós, João foi pego de surpresa por uma cruel doença, “Síndrome de Mielodisplasia na Medula Óssea” e veio a falecer no dia 07 de agosto de 2004. Aos 65 anos completos, o musico deixou um vazio imenso em suas musicas e uma grande dor e tristeza em nossos corações, bem como da esposa Édima, dos filhos Maysa e Danilo, da nora Patrícia e da netinha Badra, por ele muito amados. Deixou um exemplo de amor, bondade, simplicidade e humildade.

João Abrão foi filho querido, esposo exemplar, pai amoroso, avô carinhoso e um amigo dedicado. Deixou-nos suas musicas que encantam a todos aqui na terra. Hoje, temos a certeza que no céu, “ele” encanta Deus, anjos e arcanjos com lindas melodias suaves e alegres. Enfim, “A Música Maravilhosa de João Abrão” que tanto alegrou e alegra cada um que as ouve.

 

FOTO: João Abrão com sua filha Maysa Abrão

FOTO: João Abrão e Tereza Margon (Vó Tereza)

FOTO: Convite de Casamento Édima e João Abrão

 

 

 

 

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