Um Aniversário Diferente por Luis Estevam

Dificilmente um catalano esqueceria a data de aniversário de sua cidade. Principalmente depois que o vereador Carlos César Elias, na década de 1970, unificou as várias ruas que cruzam pelo centro da cidade em uma só denominação: Avenida 20 de Agosto. O que antes havia sido Rua das Flores, Rua da Alegria, Rua do Comércio, Avenida Goiânia, Rua Municipal e Rua Coronel Roque, tornou-se simplesmente 20 de Agosto.

Mas, quem diria. O dia 20 de agosto, deste ano, transcorre de maneira bem inusitada para os catalanos. Em tempos normais seria uma data de festejos, desfiles e eventos cívicos alusivos ao aniversário da cidade. No entanto, com a pandemia e o recomendado afastamento entre pessoas, as comemorações públicas foram canceladas.

Nem mesmo com o temor da “gripe espanhola”, que assolou bastante a nossa região em 1918, os desfiles cívicos deixaram de ser realizados em Catalão. Esta será a primeira ocorrência, desse tipo, a ser registrada na memória do município.

Catalão está completando 161 anos de emancipação política como cidade. Se adicionar os tempos de vila, arraial, povoado e sítio, o lugar vai inteirar 300 anos brevemente.
Com exatidão, tomando como marco inicial a passagem do Anhanguera, em julho de 1722, Catalão irá completar três séculos de existência em 2022. De pequeno sítio, fundado por um imigrante da Catalunha, em meados do século XVIII, o povoado surgiu e ganhou área urbana, delimitada como Paróquia Mãe de Deus, nos primórdios do século XIX.

De lá para cá alcançou foros de arraial e vila tendo somente um amontoado de casas de adobe à beira do Pirapitinga. Quando veio a emancipação, em agosto de 1859, a cidadezinha pouco tinha o que ostentar. Possuía o prédio do fórum e cadeia pública, dois ou três sobrados, meia dúzia de casarões, algumas dezenas de casinhas de adobe e esparsos ranchos de capim distribuídos ao longo do córrego.

A área urbana era pequena, mas em compensação o município era enorme. Abrangia todo o território hoje pertencente à Ipameri, Campo Alegre, Davinópolis, Ouvidor, Três Ranchos, Goiandira, Cumari, Anhanguera, Nova Aurora e Corumbaíba.

A maioria absoluta da população, durante mais de um século, residia na zona rural. Engana-se, porém, quem pensa que as elites políticas de Catalão se valeram do poderio ou patrimônio rural. A maioria das lideranças, durante
todo o tempo, foi de pessoas voltadas eminentemente para atividades urbanas. Poucas vezes, em Catalão, a condição de fazendeiro foi suficiente para dar suporte a um pretendente municipal. A maioria dos intendentes e prefeitos se originou de profissionais liberais, do próprio funcionalismo público e de empresários ligados ao comércio e indústria locais.

Nas últimas décadas, por exemplo, na sua maior parte, os prefeitos têm sido profissionais liberais da área médica, educacional ou jurídica. O setor agropecuário em Catalão é bastante vigoroso, principalmente depois da modernização tecnológica e da incorporação de novas terras do cerrado na produção de grãos. No entanto, os empresários rurais têm se mantido à margem, pelo menos diretamente, das disputas eleitorais do município. As velhas elites ainda continuam as mesmas.

FOTO: Praça Getúlio Vargas na década de 30

FOTO: Fazenda dos Casados

FOTO: Rua da Grota, na década de 30, provavelmente

FOTO: Vista Aérea de Catalão, recente

FOTO: Praça Getúlio Vargas hoje

Luis Estevam, Presidente da Academia Catalana de Letras

 

 

 

 

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