Recordações da Academia Catalana de Letras – Catalão já foi a capital econômica de Goiás
A Academia Catalana de Letras recorda que, Catalão já foi a capital econômica de Goiás. Antes de existir Goiânia e Brasília, o centro industrial e comercial do estado era o município de Catalão.
Nas primeiras décadas do século passado, Catalão já tinha fábricas de manteiga de leite, de macarrão, charqueadas de carne bovina, indústrias de processamento de couro para sapatos, usina de beneficiamento de arroz, açúcar cristal, torrefadoras de café, empacotamento, engarrafamento de bebidas etc.
Os empreendimentos econômicos eram muito variados. Além do que, a cidade contava com energia elétrica gerada no próprio município e com grandes lojas comerciais de secos e molhados. Na época, os representantes da Ford, Chevrolet e Jeep para o Brasil Central residiam em Catalão, cidade que, inclusive, passou a fabricar peças de automóveis alguns anos depois.
A movimentação econômica era tão vigorosa em Catalão que a cidade fazia parte do circuito de linhas aéreas com destino a São Paulo e Rio de Janeiro.
Enquanto tudo isso ocorria em Catalão, a Cidade de Goiás, capital do estado,
continuava sendo uma localidade pacata e tradicional, sem qualquer empreendimento econômico privado de vulto. A vocação turística daquele santuário da memória goiana se conservou em função disso. O que foi bom para aquela cidade.
O segredo do sucesso econômico de Catalão foram os imigrantes estrangeiros que para cá vieram no início do século passado. Em 1911, por exemplo, já residiam em Catalão cerca de 80 famílias de origem sírio libanesa. Além de alguns austríacos e muitos italianos.
O meio de transporte das mercadorias era a estrada de ferro. Através dela, as empresas de Catalão negociavam com o sudeste do país e a área central do território de Goiás.
Porém, a partir da década de 1940, com a inauguração oficial de Goiânia (1942), o cenário econômico começou a se alterar. O crescimento demográfico da capital de Goiás e logo depois a construção de Brasília constituíram um mercado consumidor admirável no centro do estado, que foi providencialmente aproveitado por Anápolis para onde as empresas se deslocaram. Inclusive, com a abertura da Belém – Brasília, Anápolis se tornou sede do maior comércio atacadista do estado.
O fato é que Catalão esteve à margem dessas transformações porque a estrada de ferro não recebeu novos investimentos e ficou limitada. Ou seja, a opção pelo rodoviarismo, por parte do governo federal, levou à estagnação econômica dos municípios unicamente servidos pela ferrovia.
Na metade do século passado, muitos empreendedores deixaram Catalão ou fecharam as portas por não suportar a nova concorrência. Foi o período em que o município encolheu com a emancipação de Ouvidor e Três Ranchos em 1953 e mais tarde Davinópolis em 1963.
O renascimento econômico de Catalão aconteceu somente a partir da década de 1970 com a vinda das mineradoras. Antigos empreendimentos renasceram, outros surgiram e a cidade foi ganhando nova economia.
A partir da década de 1990, com a instalação das montadoras de veículos e de máquinas agrícolas, o setor industrial se consolidou no município.
Ao lado disso, a agricultura tradicional de Catalão sofreu grande transformação com incorporação de tecnologia de produção, aproveitando econômicamente as terras de cerrado da região. O agronegócio estreou como nova força econômica do município.
Além do que, pela sua posição estratégica bem no coração do país, Catalão abriga um setor de serviços em crescimento contínuo nas últimas décadas. Distribuidoras de remédios e de eletrodomésticos escolheram a cidade para centro de distribuição. Sem deixar de mencionar que, os serviços urbanos aumentaram muito em função da expansão da cidade.
FOTO: Antiga indústria da carne na década de 1910 em Catalão
FOTO: Indústrias Margon no começo do século passado
FOTO: Casa comercial no Largo da Velha Matriz
FOTO: Fábrica de parafusos dos Irmãos Rodrigues de Paula
(Luís Estevam)
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