Observações da Academia Catalana de Letras – Os eixos fundamentais da Política Catalana

Academia Catalana de Letras observa que, a história política de Catalão pode ser vista através de dois eixos fundamentais: o tempo do autoritarismo e o tempo da democracia. O primeiro durou mais de um século, de 1830 a 1947. A democracia, por sua vez, está completando pouco mais de 70 anos, de 1947 a 2020.

Entretanto, tudo não aconteceu de forma linear. O período do autoritarismo atravessou diferentes etapas ao longo dos anos. Catalão experimentou um autoritarismo pleno que durou de 1830 a 1860, um autoritarismo institucional de 1860 a 1910, um autoritarismo fortemente de timbre pessoal de 1910 a 1930 e um autoritarismo institucional, porém ainda mesclado por traços de violência pessoal, no período de 1930 a 1947.

Da mesma forma, a democracia não foi linear. Catalão vivenciou a democracia plena de 1947 a 1964. Logo depois, uma democracia tutelada por regras militares de 1964 a 1982 e, por fim, o retorno da plena democracia de 1982 a 2020.

Vale a pena revisitar o longo período.

Na fase do autoritarismo pleno (1830-1860), o poder em Catalão foi exercido sem grandes contestações. Foi o tempo em que o Cel Roque Alves de Azevedo comandava a política local. Quase não foi importunado no exercício do poder. Recebeu oposição, de forma esporádica, por parte de um juiz de direito e de um presidente da província. Episódio que não arranhou a sua liderança e no qual foi bravamente defendido pelo juiz municipal Bernardo Guimarães. O Cel Roque Alves de Azevedo comandou Catalão de forma plena, praticamente sem enfrentar contrariedades. Viajantes que por aqui passaram deixaram relatos de sua forte e incontestável liderança política.

A partir de 1860, entretanto, o exercício do poder mudou completamente. Foi a época em que o comerciante Antonio Paranhos começou a figurar na liderança política do município, tornando-se o personagem principal na fase do autoritarismo institucional (1860-1910).

Antônio Paranhos, oriundo de família nobre da monarquia, repousava o seu poder nas instituições. Catalão era uma cidade recém emancipada e dependia de acordos e arranjos com a monarquia em vigor. Quando veio a República, Paranhos passou a enfrentar forte oposição institucional por conta dos novos partidos políticos que se formavam. Não existia mais o exercício pleno do poder como nos tempos de outrora. Entre os seus adversários estavam os Ayres, os Andrade e os Cunha. Foi o período, em termos políticos, mais sangrento de Catalão.
A fase da liderança dos Paranhos, apesar do assassinato do próprio Antonio Paranhos em 1897, perdurou até 1910 sob o comando do seu neto, Cel Alfredo Paranhos. Mas, desde então, o autoritarismo mudou de agente e de feição.

A partir de 1910, com o poder nas mãos de Elyseu da Cunha, começou uma era de valentia pessoal na liderança política do município. A base do poder não estava mais nas instituições, mas no jaguncismo que se tornou corriqueiro. O jagunço, que era um mero instrumento de apoio dos poderosos, assumiu o próprio poder. O mando derivava da coragem e da audácia de cada gestor municipal. Passando por Elyseu e Isaac da Cunha, o fato culminou com a administração de Salomão de Paiva quando a baderna e mortes encomendadas tornaram-se corriqueiras em Catalão.

O próprio intendente Salomão de Paiva foi assassinado em 1924 por João Sampaio, que se tornou dali em diante o homem mais temido e valente da região. Se bem que, João Sampaio, apesar da vigorosa empáfia, não demonstrou pretensões políticas.
Contudo, embora alguns intendentes pacíficos e ordeiros tenham assumido o poder, o período de 1910 a 1930 ficou caracterizado como de autoritarismo violento e pessoal.

Veio a revolução de Getúlio Vargas e Pedro Ludovico tomou o poder em Goiás. Em Catalão, Diógenes Sampaio assumiu o comando municipal. A fonte do autoritarismo era institucional porque o poder emanava do interventor Pedro Ludovico. Mesmo assim, conservou traços de violência e valentia pessoal, pois Diógenes Sampaio era um homem dado a combates. Lutara ao lado de Pedro Ludovico e na revolta paulista de 1932 comandou pessoalmente um pelotão na batalha paulista, chegando a assumir a intendencia municipal de Ribeirão Preto nos conflitos.

Diógenes Sampaio, um homem culto, elegante e carismático, permaneceu na liderança politica em Catalão enquanto Pedro Ludovico era governador.

Foi intendente, vereador, deputado e secretário de estado. Com ele terminou a última fase do autoritarismo em Catalão (1930-1947).

Passado o período da ditadura Vargas, vieram as eleições para prefeito em todo o país e o arauto dos novos tempos em Catalão foi o jovem João Netto de Campos. Atendendo a um abaixo assinado da população, candidatou-se a prefeito em 1947, vencendo as eleições. Homem moderno, agropecuarista bem sucedido, virou um grande líder político regional. Desta feita, a fonte do poder era o voto popular. Mesmo assim, João Netto, apesar de homem pacífico, ainda enfrentou arroubos de valentia pessoal, chegando a levar um tiro no rosto.
Nesta fase de democracia plena (1947-1964), após o seu mandato, João Netto elegeu seguidamente todos os prefeitos que apoiou: Cyro Netto, Antonio Chaud, Jacy Netto e Osark Vieira Leite.

No período seguinte, após a revolução militar de 1964, outras lideranças surgiram em Catalão, principalmente os irmãos Enio e Silvio Paschoal, em oposição ao grupo político de João Netto de Campos. O poder municipal passou a ser dividido e ocupado em revezamento como resultante dos embates eleitorais do bipartidarismo em Catalão. Ora ganhava a situação, ora a oposição ao governo federal. Esse tipo de democracia tutelada, com medidas restritivas, perdurou até 1982.

Após as eleições de 1982, o embate prosseguiu, mas a fase de abertura política facilitou a consolidação de novos líderes. Um deles, Haley Margon, passou a desfrutar de grande popularidade, tornando-se referência política na história contemporânea de Catalão.

Ficou assim restabelecida a democracia plena no período de 1982 em diante. O revezamento entre os grupos políticos da atualidade continua baseado no voto e nas eleições livres. A fase do autoritarismo acabou.

FOTO: Antonio Paranhos e família

FOTO: Intendente Diógenes Sampaio

FOTO: Prefeito João Netto de Campos

FOTO: Prefeito Silvio Paschoal

FOTO: Prefeito Haley Margon Vaz

(Luís Estevam)

 

 

 

 

 

 

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