Recordações da Academia Catalana de Letras – Lamartine Pinto de Avelar e José Marcelino

A Academia Catalana de Letras recorda que, a comunidade baiana de Catalão demonstrou forte presença e deixou marcas inapagáveis na memória da cidade. Tanto que, as duas maiores avenidas comerciais de Catalão levam o nome de dois migrantes da Bahia: Av. José Marcelino e Av. Dr. Lamartine.

Não se trata meramente de homenagens gratuitas. O baiano José Marcelino ergueu uma ponte sobre o rio São Marcos, em 1953, que até hoje sustenta o trânsito de quem se dirige a Davinópolis.

O baiano Dr. Lamartine formou-se em medicina em 1940, no Rio de Janeiro e, em 1949, já estava em Catalão discutindo a fundação de uma Santa Casa de Misericórdia para os moradores.
Vale a pena reviver o passado.

José Marcelino nasceu no município de Cocos, na Bahia, no começo do século passado. Aos 18 anos de idade, juntamente com um irmão, aventurou-se numa corajosa mudança para Ipameri à procura de trabalho e melhores condições de vida. Ambos eram pedreiros e passaram a trabalhar para o saudoso Cel João Vaz.

Depois de juntar algum dinheiro, José Marcelino veio para Catalão, em 1930, montando uma grande cerâmica de fabricação de telhas, tijolos e ladrilhos. O estabelecimento, pioneiro na região, se tornou referência para a cidade, estando localizado bem acima dos trilhos, no antigo alto do Marca Tempo. O acesso ao local ganhou naturalmente o nome de seu fundador.

José Marcelino, de pedreiro virou empresário e construtor, inclusive, levantando uma ponte sobre o rio São Marcos a serviço do prefeito Cyro Netto. A obra de arte continua até hoje sendo utilizada para acesso a Davinópolis.

Antes de 1953, ano de construção da ponte, existiam apenas balsas para travessia do rio. Na época, não existiam construtoras por aqui. O próprio prefeito e o construtor criaram o projeto. José Marcelino inventou pilastras e vigas usando trilhos de ferro na vertical para sustentação da ponte. Tornou-se uma estrutura inabalável como as construções de antigamente.

A ponte, que foi feita para pequenos caminhões e nunca foi retocada, sustenta a passagem de carretas com pesadas turbinas da Usina do Facão sem mostrar uma rachadura sequer.
José Marcelino fundou uma loja maçonica em Catalão e deixou numerosa família que aqui participa, em diversos setores, do desenvolvimento da cidade.
Tornou-se imortal, inesquecível, com a homenagem da mais extensa avenida comercial de Catalão.

O baiano Lamartine Pinto de Avelar, por sua vez, estudou medicina na famosa Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, concluindo os estudos em 1940.

Pouco tempo depois, vindo a Goiás conhecer a cidade de Caldas Novas, passou por Catalão e aqui resolveu ficar definitivamente.

Montou um consultório no centro da cidade e integrou-se à sociedade catalana. Em 1949, quando se fizeram as primeiras reuniões para fundar a Santa Casa, fez parte da comissão organizadora, liderada por João Netto de Campos.

Em 1959, quando o hospital foi inaugurado, fez um discurso histórico ressaltando a importância da Santa Casa de Misericórdia para as famílias mais pobres e desassistidas de Catalão.
O hospital arregimentou um seleto grupo de médicos pioneiros, sob a direção geral de Dr. Lamartine, que cativou grande clientela no município. A equipe de Dr. Lamartine muitas vezes atravessava madrugadas e via o sol nascer no hospital em atendimento a enfermos, geralmente pobres e indigentes. Dos clientes particulares, a equipe recebia pelas consultas e tratamentos, mas doavam uma parte para custeio no orçamento da Santa Casa de Misericórdia.

Dr. Lamartine faleceu em 1976, deixando uma grande lacuna na gestão daquele hospital. Tornou-se inesquecível, levando o nome da movimentada e extensa Av. Dr. Lamartine.
Assim, para se sair ou entrar em Catalão, pela BR-050, tem que passar por um dos baianos: José Marcelino ou Dr. Lamartine.

 

 

FOTO: O médico Dr. Lamartine Pinto de Avelar, que foi o primeiro diretor da Santa Casa de Catalão

FOTO: Álbum de formatura de Dr. Lamartine em 1940

FOTO: José Marcelino, construtor da ponte de acesso a Davinópolis

FOTO: Ponte sobre o rio São Marcos em construção. (1953)

Luís Estevam

 

 

 

 

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