O Eco do Passado – Nossos Antepassados

Maysa Abrão 11 de maio de 2020.

A minha família paterna veio de um Município chamado Neukirch, que fica no Distrito de Bodenseekreis, na Região Administrativa de Tubinga, no Estado de Baden- Württemberg, na Alemanha. Uma região de cordilheiras, coberta de matas densas de pinheiros escuros e de abetos. É a Floresta Negra, uma das regiões mais pitorescas do país. O referido município, sito ao sudeste da Alemanha, faz fronteira com a Áustria e com a Suíça.
Parece-me que de lá veio grande parte da família, ou seja, cinco dos filhos de Sebastian Hummel e de Crescentia Fehrenbach vieram para a América do Sul, por volta de 1820, comercializar relógios: Augustin Hummel, Severin Hummel, Leo Hummel, Mathias Hummel,e Friedrich Hummel, sendo que Friedrich fixou-se no Brasil e é o nosso ascendente direto.
Meu bisavô Frederico Hummel, constituiu uma numerosa família de quinze filhos, dentre eles o meu avô José Augusto e meu tio-avô, professor Hummel.
Tomei conhecimento do professor Hummel através do Arcebispo de Goiás Dom Emanuel Gomes de Oliveira, quando estudava no Ginásio Anchieta, em Bonfim, hoje Silvânia. Além do ginásio, existia lá um seminário, onde residia o Arcebispo. Como o Anchieta era um colégio católico, eram estreitas as relações entre o referido Ginásio e o Arcebispo. Fazia parte da programação do colégio, visitas protocolares dos alunos ao seminário. Porém, essas visitas periódicas ao Arcebispo eram privilégio apenas dos alunos que se destacavam nos estudos.
Numa dessas visitas, constava o meu nome na lista dos visitantes e quando Dom Emanuel leu meu sobrenome, pediu que eu me aproximasse e aí ele me contou que o Professor Hummel, de ascendencia alemã, fora seu professor de química, em Santos, e que ele era muito parecido comigo. Disse, ainda, que o professor era muito capacitado, mas que depois ele se mudou para São Paulo e daí em diante não soube mais notícias dele.
Quando voltei para junto dos meus colegas, percebi que eles, e também os padres que nos acompanharam ao seminário, pareciam ter ficado com ciúmes do Sr. Arcebispo ter falado comigo naquela intimidade, ou seja, tão amigavelmente!
Tempos depois, soube, através de familiares, que o Professor Hummel era filho de Frederico Hummel, portanto tio de papai.
Os pais de meu pai, João Hummel, eram José Augusto Hummel e Maria do Carmo de Azevedo Hummel. O casal teve sete filhos: João (meu pai), Luiz, Antônio (Tonico), as freiras Maria das Dores e Maria da Piedade (gêmeas) e Maria do Carmo (Cotinha
Conheci minhas tias freiras quando elas vieram a Catalão em 1930. Mais tarde, a Wanda, o Tovar, o Paulinho e eu visitamos uma delas em São José dos Campos, em 1974, já velhinha e numa cadeira de rodas.
Em 1938, o tio Luiz veio a Catalão, acompanhado do filho João, voltando em 1940, dessa vez com o filho “Beijo”
Quando eu trabalhei com transporte de carga, nas minhas viagens para o Rio de Janeiro, em 1955 e 1956, passei várias vezes por Cachoeira Paulista (SP) e lá conheci pessoalmente o tio Antônio que, apesar de cego, exercia a advocacia com grande eficiência. Ele tinha uma família grande, mas eu só fiquei conhecendo o Bento, a Cotinha e o José. Este participou da Revolução de 1932 e era, na época que o conheci, inspetor da polícia rodoviária na Via Dutra. Quando faleceu, foi enterrado em São Paulo, no Museu do Ipiranga, num Partenon muito bonito onde estão todos os que lutaram naquela revolução. Na entrada do Partenon há uma marquise com os dizeres: “Aqui jazem aqueles que morreram jovens para viverem para sempre”. Entrei lá com o meu primo Palaí e vimos os túmulos de todos os soldados mortos e também daqueles que estavam vivos e que um dia seriam sepultados ali. As placas, com letras em ouro, traziam os nomes dos soldados e a data do falecimento. Vimos a futura sepultura de “José dos Santos Hummel”.
O tio Tonico, casado há 30 anos, tinha vinte e quatro filhos, todos com a esposa legítima.