Conhecendo as festas em Goiás por Cairo Mohamad Ibrahim Katrib
Folia de Reis
As festas em homenagem aos Reis Magos acontecem geralmente entre os dias 24 de dezembro e 06 de janeiro de cada ano. Em Catalão, acontecem muito nas comunidades rurais como:Fazenda Coqueiro, Comunidade Mata Preta, Comunidade São Domingos. Acontece também em diversos municípios da região.
Folias são formas de festejos difundidas no Brasil desde a época da Colonização, ligadas às comemorações do culto católico do Natal. A prática foi sendo recriada no país, principalmente no interior, e agregadas a ela as celebrações em homenagens a outros santos. É comum em Goiás a realização das Folias de Reis no período natalino e também a de outras festividades com a presença das folias em épocas distintas, como é o caso das comemorações ao Divino Espírito Santo e São Sebastião. Em Catalão encontramos sua realização na cidade nos meses de dezembro e janeiro, acontecendo em bairros centrais como Santo Antônio, São João, Nossa Senhora de Fátima e em outros mais afastados, como festas de devoção familiar que agregam os moradores adjacentes e ocorrem nos quintais ou ruas da cidade com a visitação das folias. Em Catalão existem três grupos em atividade: Folia Estrela do Oriente, Três Reis Magos, e Estrela Guia. Esses grupos se revezam entre as festas da cidade e da zona rural. Na Folia temos os seguintes personagens: o embaixador, que é o cantador dos versos; o alferes, que leva a bandeira; o bandeireiro, que encabeça o cortejo e não deve ser ultrapassado por ninguém; e os palhaços, que representam os soldados de Herodes convertidos. No sudeste goiano a presença desse personagem na Folia é facultativa.
Fotos: Giro da Folia – visitas as residências dos devotos. Janeiro 2009 – Catalão – Acervo da Pesquisa
Folia ou Festa do Divino
As festas em louvor ao Divino Espírito Santo são comemoradas 50 dias após a ressurreição de Cristo. Em Catalão, já foram realizadas nas comunidades rurais da Fazenda Coqueiro, Mata Preta e São Domingos e são comemoradas concomitantemente na região.
A festa do Divino é de origem portuguesa e foi difundida no interior do país com mais intensidade a partir do século XVIII. Essa comemoração ganhou mais difusão pela região centro-oeste. Alguns personagens são encontrados na maioria das festividades e outros são específicos de cada região. No sudeste goiano o guia é quem comanda as obrigações de toda a romaria ou peregrinação da folia pelo município. Existem ainda o Imperador que é quem nomeia o alferes, responsável pela organização dos festejos. Além desses dois personagens temos: o contra-guia, o caixeiro, o pandeireiro, o tropeiro, o fogueteiro, o ajudante do cantador, as rezadeiras e os catireiros. Durante as festividades ocorrem as cavalgadas, as catiras, as rodas de viola, bem como as novenas com queima de fogos, levantamento de mastro com a bandeira do Divino e missa solene no domingo. O Divino Espírito Santo é representado pela imagem de uma pomba branca estampada na bandeira, que é conduzida pela folia. Durante as visitações às casas das fazendas e da cidade são feitas as orações e recolhimento dos donativos.
A folia se retira depois de receber a doação feita pelo dono da casa e segue o giro. A casa que recebe a folia no final da tarde é a residência que oferece o pouso. A chegada da bandeira é recebida com foguetório e explosão de roqueiras. Os foliões adentram a propriedade passando por baixo de arcos de bambu e/ou bananeira enfeitada, a fim de depositar a bandeira na lapinha, um altar improvisado em um dos cômodos da casa. No jantar a mesa é farta e os foliões entoam canções de agradecimento.
Foto: Giro da Folia em Catalão. Janeiro 2009. Acervo da Pesquisa
Festa de São Sebastião
No município de Catalão ocorre com frequência nas comunidades rurais e nos distritos Mata Preta, Fazenda Coqueiro, Morro Agudo, Martírios no distrito de Santo Antônio do Rio Verde, Fazenda Cruzeiro, comunidade São Domingos.
A festa de São Sebastião acontece geralmente no mês de janeiro após as festividades de Reis, mesclando em sua estrutura os traços europeus e africanos. Na área da pesquisa assume toda a sua goianidade, apresentando características próprias e próximas a da Folia de Reis, em que muitas vezes é o mesmo grupo de foliões que homenageia São Sebastião a convite dos festeiros. É por isso que os personagens dessas práticas são próximos, ficando assim definidos: alferes da bandeira (ou dono da Folia), regente, embaixador e companheiros. O processo ritual dessas práticas se efetiva através do pouso, do almoço, do jantar, das visitas aos devotos e da entrega da bandeira. A estrutura simbólica gira em torno da bandeira, das esmolas, das cantigas, das canções, das rezas como o terço cantado e da catira. O santo é bastante cultuado nas comunidades rurais por ser o protetor contra pestes e doenças contagiosas.
Fotos: Festa de São Sebastião – 2009 – Fazenda Mata Preta. Catalão – Acervo da Pesquisa.
Festas Juninas
Na cidade de Catalão acontece nas paróquias locais. Inclusive dos anos de 1920 até início dos anos de 1980, uma das mais tradicionais festas era a de São João, realizada no Morro de São João, no bairro das Américas. Entre junho e julho acontece a realização de diversas festas com fogueiras e bandeirolas. Nas escolas é a festa popular mais comemorada.
Existem várias versões que tentam explicar as festas juninas. Algumas afirmam que as festas tiveram sua origem em países católicos da Europa em homenagem a São João. Essas comemorações foram chamadas inicialmente de joaninas. A prática de festejar os santos juninos veio para o Brasil trazida pelos portugueses, ainda durante o período colonial. Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses na colônia, como aponta Câmara Cascudo. É por isso que essas comemorações no país apresentam uma dinamicidade significativa e cada região brasileira incorporou seus modos de vida nessas festividades. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres que, no Brasil, influenciaram muito as típicas quadrilhas. A tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Mas foi no interior das Gerais e de Goiás que o elemento caipira passou a fazer parte dessas festividades presentes na figura do casamento de roça, dos arrasta-pés, do bolo de milho, da pamonha, do mingau, dos doces de amendoim, dentre tantos pratos típicos que referendam a cultura do lugar. A partir dos anos de 1980 aumentaram significativamente as festas em homenagem aos santos juninos e a uma série de outros na zona rural desses municípios.
Fotos: Festa em louvor a São João Batista. Fazenda Pires – junho 2009. Acervo da Pesquisa.
Festa em louvor à Nossa Senhora da Abadia
Em Catalão acontecia com frequência nas Comunidades de São Domingos e Mata Preta.
A devoção à Nossa Senhora da Abadia é muito intensa entre mineiros e goianos. Geralmente a comemoração ocorre em agosto, sendo celebrada com missas, rezas e muita festividade. Sendo ela a protetora do meio ambiente, as festas em sua homenagem são organizadas pelos devotos na comunidade que reforça os vínculos com a santa, realizando rezas em sua homenagem. O culto à Nossa Senhora da Abadia foi trazido ao Brasil pelos portugueses, implantando-se no Triângulo Mineiro, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo.
Festa em louvor à Santa Luzia
Cidade de Campo Alegre de Goiás
A devoção à Santa Luzia é bastante antiga no Brasil e também remonta aos idos da colonização. Sendo ela a protetora dos olhos, conhecida como protetora das “janelas da alma”, é bastante cultuada nas regiões nordeste e norte do país. No interior de Goiás seu culto ocorre, mas na forma de grandes comemorações coletivas ou romarias. O dia 13 de dezembro é dedicado à santa e detectamos na região sudeste algumas festas isoladas, como as ocorridas na cidade de Campo Alegre de Goiás. Uma das características que marca essa comemoração no interior de Goiás é o terço cantado que ocorre nas residências dos devotos durante os cultos que são bastante significativos, pois mesclam o latim à língua portuguesa, dando vida própria à linguagem devocional em homenagem à santa. Em Campo Alegre a festividade ocorre entre os meses de maio e agosto sem data fixa para sua realização, diferindo da data oficializada pelo calendário católico.
Festa em homenagem à Santa Helena
Davinópolis: Comunidade Boqueirão de Cima
A devoção à Santa Helena é comemorada com festa, geralmente celebrada no dia 18 de agosto. Ela é a protetora contra os raios e trovões. Nas comunidades rurais é bastante evocada e algumas a tem como padroeira, como ocorre em certas regiões do município de Davinópolis, no sudeste de Goiás, cuja fé na santa, conforme o imaginário popular dos moradores da região foi incentivada pelos mais antigos do lugar, sendo até hoje celebrada em algumas comunidades.
Festa em louvor à Nossa Senhora do Amparo
Municípios de: Campo Alegre de Goiás, Ipameri e Davinópolis
Nossa Senhora é denominada através de mais de cem títulos, sendo a de Amparo bastante cultuada, pois representa o papel da grande mãe que ampara seus filhos nas dificuldades. As celebrações em sua homenagem se realizam no dia 08 de setembro, e acontecem em algumas cidades do sudeste goiano como Ipameri, Davinópolis e, em especial, em Campo Alegre de Goiás onde a Santa é considerada pelos moradores a padroeira do município. Acontecem novenas com reza do terço, missas e outros cultos acompanhados de parte festiva com bailes, bingos, jantares e almoços coletivos que une a comunidade nos dias de comemoração.
Festa em louvor à Nossa Senhora Aparecida
Município de Davinópolis: Comunidade Varão e cidade
Município de Catalão: Fazenda Paulista
Município de Campo Alegre de Goiás
Sendo Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil, sua comemoração ocorre por todo o país. É comum no interior de Minas Gerais e de Goiás a realização dos festejos em sua homenagem no mês de outubro. Nos municípios da pesquisa são comuns comemorações isoladas, marcadas pela reza de um terço, celebração de missas na cidade ou em centros comunitários rurais, mas nada de uma expressividade significativa, talvez pelo fato de Nossa Senhora ser tão comemorada quando assume outras nomenclaturas.
Festa em louvor à Nossa Senhora do Rosário
Municípios de: Catalão, Cristalina e Davinópolis, Goiandira, Ouvidor, Três Ranchos, dentre outras…
É uma das mais expressivas do sudeste goiano, tendo na festa realizada na cidade de Catalão a grande referência para essa devoção. A realização coincide, na maioria das vezes, com os primeiros dias do mês de outubro, período em que se comemora o Santíssimo Rosário (07 de outubro) e o dia de Nossa Senhora (12 de outubro). As comemorações na região sudeste foram em grande parte incentivadas pelos fazendeiros mineiros que para a região vieram nos idos do século XIX e pelo grande número de negros que lá se fixaram. Daí a força da devoção à santa com a realização das Congadas. A principal festa é a da cidade de Catalão, que se realiza há mais de 130 anos no município e desde 1936 na cidade, ocorrendo até os dias atuais. A comemoração referenda a forte influência negra na cidade, que revive sua ancestralidade através da louvação à Nossa Senhora do Rosário que representa a grande Mãe protetora. Foi eleita no ano de 1973 a padroeira da cidade por decreto municipal devido à grande devoção da população do município à santa.
Fotos: Ceia Síria – Festa em louvor a N. Srª do Rosário. Outubro 2009 – Acervo da pesquisa
Fotos: Bandeirinhas ternos de Congo. Outubro 2009 – Catalão – Acervo da Pesquisa
Fotos: Ternos do Congado de Catalão. Acervo da Pesquisa
Foto: Barracas de comércio – Festa em Louvor Nossa Srª Rosário. Outubro 2008. Catalão-GO. KATRIB, 2008
Festa em louvor à Nossa Senhora das Graças
Davinópolis: Comunidade Varão
A festa se realiza entre os meses de julho e/ou agosto na comunidade Varão, que se organiza em prol das celebrações que envolvem novena com reza do terço, bailes, leilões, bingos e sorteio de prendas (pratos típicos, tecidos, bebidas, etc). Nossa Senhora das Graças é considerada a santa da prosperidade, daí sua celebração nesta comunidade em que a maioria dos moradores é de pequenos produtores e trabalhadores rurais que tiram seu sustento da terra, reacendendo suas preces e orações.
Festa em louvor à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Campo Alegre de Goiás e Davinópolis
Mesmo não sendo uma comemoração de cunho devocional, a festa das fiandeiras é tradicional em alguns municípios do sudeste goiano, como é o caso de Campo Alegre. A comemoração funciona como importante veículo de sociabilidade que une tradição e modernidade e dá estatuto significativo a arte de fiar e tecer, tão utilizada na zona rural antigamente e hoje pouco difundida. Geralmente ocorre no mês de junho e acontece associada a alguma outra atividade, como as festas juninas.
Fotos: Festa Fiandeiras – Campo Alegre de Goiás – julho 2009. Acervo da pesquisa
Festas de Peão
Catalão – distrito de Santo Antônio do Rio Verde (ocorre no mês de junho, dentro das festividades de Santo Antônio na comunidade), Municípios de Campo Alegre de Goiás, Paracatu, Cristalina, Davinópolis e Ipameri
São comuns tanto nas cidades quanto em alguns distritos ou comunidades, a realização desse tipo de festividade. Em sua maioria, incentivam a prática da montaria em touros, bois e cavalos nos tradicionais rodeios com competições entre os peões da região, seguida sempre de muita dança e diversão. O seu calendário é dinâmico, não tendo datas fixas, mas ocorrem associadas aos aniversários dos municípios ou a outra comemoração local nos distritos ou comunidades. Junto destas festividades ocorrem sempre as tradicionais cavalgadas em que cavaleiros e amazonas percorrem as ruas da cidade e a zona rural, tendo como parada obrigatória alguma fazenda da região onde os participantes realizam o tradicional churrasco como forma de congraçamento.
Fotos: Cavalgada – Campo Alegre de Goiás – julho 2009. Acervo da pesquisa
Festa do Garimpeiro
Cristalina
Cristalina, como o próprio nome diz, tem grandes veios de cristais, sendo os produtos deles derivados referências do lugar. Desse modo, a festa do garimpeiro, que acontece na cidade no dia 16 de maio, foi oficializada em homenagem àqueles que trabalham na exploração desses veios. No dia da comemoração, feriado na cidade, acontecem shows, sorteios de brinde, rodas de carteado e gincanas envolvendo toda a população.
Corpus Christi
Cidades de: Campo Alegre de Goiás, Catalão, Cristalina, Davinópolis, Ipameri, Paracatu
A palavra Corpus Christi é de origem latina e significa Corpo de Cristo. É uma festa móvel, pois depende da data em que o carnaval e a quaresma acontecem. Essa comemoração remonta ao século XVIII, celebrando Cristo na Eucaristia. Ocorre sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma festa significativa para os católicos devido à manutenção dos princípios religiosos da fé cristã, por isso é comum a realização de missa neste dia. É costume antigo ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes multicoloridos e temáticos, cujos desenhos representam o corpo e o sangue de Cristo, confeccionados de serragem, flores, cal e areia, dentre outros elementos.
Fotos: Tapetes – Via Sacra Corpus Christi – Catalão 2009. Acervo da pesquisa
Fotos: Processo artesanal de confecção de tapetes Corpus Chisti. Acervo da pesquisa
Festa em homenagem a São Francisco de Assis
Realizada na cidade de Catalão, na paróquia São Francisco de Assis, ocorrendo a parte religiosa e a festiva nos moldes das festas juninas. A renda com a festividade é revertida para a própria paróquia. O dia do Santo é 04 de outubro, mas a festa acontece em junho ou julho devido à coincidência com as festividades em louvor à Nossa Senhora do Rosário, que nesta cidade acontecem sempre nas primeiras semanas de outubro.
Malhação do Judas
Celebração que ocorre com frequência em muitas fazendas das comunidades rurais. Em Catalão, por exemplo, é realizada no dia posterior à Encomendação das Almas – sexta-feira da paixão de Cristo, principalmente realizada na comunidade rural de Mata Preta. Em municípios como Campo Alegre de Goiás essa comemoração já foi bastante difundida, mas nos últimos anos deixou de acontecer nas fazendas, restringindo-se a uma mera brincadeira nos bairros periféricos da cidade.
Festa do Arroz
Foi bastante realizada na comunidade São Domingos, em Catalão-GO, para celebrar as boas colheitas. É uma comemoração que atualmente é dirigida à população que vive na zona rural e nas imediações da própria comunidade. São feitas celebrações religiosas como rezas e orações coletivas, e em seguida comemora-se com comida, música e muita diversão.
Festa de São Domingos
Na comunidade de São Domingos, em Catalão, acontecia dentro dos festejos juninos, em virtude de o santo também ser comemorado no mês de junho, e segue os mesmos moldes das demais comemorações juninas. É tradicional a realização de uma partida de futebol entre os moradores dessa comunidade e times desafiantes das comunidades vizinhas.
Desfiles cívicos (ocorrem em todos os municípios da área da pesquisa)
É comum nas cidades do interior a comemoração do aniversário de emancipação político-administrativa do município. As festas tem como ponto alto os desfiles cívicos e/ou militares. É um atrativo significativo para a maioria das cidades, pois funciona como o único momento festivo coletivo de muitas dessas cidades ao longo do ano.
Romaria de Santa Salete
Peregrinação festivo-devocional praticada pelos moradores de Ipameri e Campo Alegre de Goiás, que saem do município e se deslocam até o santuário na vizinha cidade de Caldas Novas-GO. Chegando à entrada da cidade os devotos seguem a pé até o santuário. Geralmente é realizada no dia 06 de setembro.
Exposições agropecuárias ou Pecuária
São realizadas durante os festejos de aniversário dos municípios e contam com shows artísticos, leilões de gado, rodeios, parques de diversões e uma feira variada que oferece entretenimento e exposição de animais e equipamentos, dentre outras atividades. Em alguns municípios ocorrem as festas de peão, sendo comemoradas em conjunto.
Vigílias e Santa Ceia das Igrejas Evangélicas
Vigílias realizadas geralmente uma vez por mês, no primeiro domingo e nas passagens do Natal e Ano Novo. Após as orações celebram o Deus vivo com louvores. Esses são momentos de congraçamento em torno da fé, sendo significativos da sociabilidade praticada entre as comunidades rurais e também entre estas e as das igrejas da cidade, ocorridas durante as visitações aos templos. São celebrações que ocorrem tanto nas igrejas da cidade como das comunidades rurais onde o número de evangélicos é significativo, como é o caso da área de abrangência da pesquisa.
Festas de Roça
No sudeste goiano, muitas festas familiares ou de comunidades cederam lugar às festas de roça – uma categoria nativa que difere das festas comunitárias voltadas para um grupo maior e variado, ou seja, a reza, os terços e a religiosidade ficam a cargo dos membros da comunidade local e a festa é absorvida por um número significativo de festeiros que se desloca todos os dias da cidade e até de municípios circunvizinhos para se divertir nesses espaços festivos rurais. Nestes tem os tradicionais bailões com conjunto musical que canta e toca músicas sertanejas e de raiz, acompanhadas por muito arrastapé, comilança e bebedeira, que são oferecidos aos presentes na forma de leilões e bingos de pratos típicos doados pelos simpatizantes e colaboradores dessas festas. Se à noite ocorre essa festança, em algumas comunidades ela se estende durante o dia, principalmente aos finais de semana ou no último dia de festividade, com os almoços comunitários em que a fartura de doces é um atrativo à parte e oferecido gratuitamente aos que ali estiverem presentes. Essas comemorações foram se adequando à modernidade e aos modismos, visto que os bailes de roça que aconteciam debaixo das toldas improvisadas hoje são realizados nas tendas metálicas ao som de todo tipo de música e iluminação, transformando esse evento numa “discoteca rural”.
Fotos: Encomendação das almas – Fazenda Mata Preta – Catalão – Acervo da Pesquisa
Adaptado por MAYSA ABRÃO
FONTE: KATRIB, C. M. I.. Cenários de fé e de festa: levantamento patrimonial das práticas festivo-devocionais na área de abrangência da Usina Serra do Facão- Goiás/Minas Gerais. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 24, p. 7-255, 2016
TEXTO CEDIDO E AUTORIZADO A ADAPTAÇÃO PELO AUTOR.
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