Recordações da Academia Catalana de Letras – Transportes urbanos de Catalão desde antigamente
A Academia Catalana de Letras recorda que, os transportes urbanos de Catalão, desde antigamente, estiveram concentrados no Largo da Estação ferroviária. Ali, primeiro estacionavam os carros de boi, principalmente na década de 1930, quando estiveram proibidos de circular pelo centro da cidade. Eram veículos pesados que deixavam profundos sulcos nas ruas estreitas de Catalão além do excremento bovino. Por isso, eram sempre monitorados. Inclusive, na gestão do prefeito Publio de Souza, os carros de boi estiveram sujeitos a emplacamento e ao pagamento de um imposto de circulação.
Depois da metade do século, os carroções e as carroças mais leves tomaram conta do Largo da Estação. O fluxo de mercadorias transportadas pelo trem praticamente dobrou com a implantação de um novo ramal da Rede Mineira de Viação em direção a Belo Horizonte. Como se tratava de um trem de passageiros, aumentou também o número de cavaleiros que se aglomerava no Largo, acompanhando a chegada e partida dos viajantes.
Com o tempo, apareceram as charretes mais luxuosas e os primeiros caminhões de aluguel, que aguardavam frete nas cercanias da estação.
Na verdade, o Largo da Estação teve mais de uma estação. A primeira ficou pronta para inauguração em 1913. Inclusive, era para ser uma grande festança patrocinada pela Estrada de Ferro Goiaz. Mas, houve um desentendimento entre chefes políticos locais e o acontecimento terminou com ameaça de tiroteio e debandada da população. Isto porque, o ex-deputado Ricardo Paranhos viera no comboio da inauguração, desde Araguari, discursando em várias paradas e estações intermediárias. Quando chegou em Catalão, foi ameaçado pelo irmão do Intendente, Isaac da Cunha que, de arma em punho, gritou: “Se abrir o bico, morre!…” Com isso, não houve a festança programada pela direção da Estrada de Ferro Goiaz em Catalão. Mas, de qualquer forma, os trilhos proporcionaram grande impulso para a economia do município.
Outra ocasião importante, que trouxe grande movimentação para o Largo, foi quando a Rede Mineira de Viação encampou a Estrada de Ferro Goiaz e completou a ligação Catalão/Ouvidor/Três Ranchos com Minas Gerais, inaugurando um trem de passageiros que alcançou Patrocínio/Divinópolis/Belo Horizonte. Nessa época, início da década de 1940, Catalão ganhou uma nova estação, sendo a antiga demolida.
Foi um período de modernidade, em que o sistema ferroviário foi substituindo as antigas máquinas a vapor por locomotivas a diesel. Pode-se dizer que, foi o auge do modal ferroviário brasileiro, pois, daí em diante, veio a decadência do setor. A partir da década de 1950, o governo federal declarou opção pelo transporte rodoviário, deixando de investir em ferrovias.
Em Catalão, desde a construção da Usina da Emborcação, no final da década de 1970, com a inundação da ponte férrea em Três Ranchos, o trem de passageiros para Minas foi desativado, assim como todo o ramal.
Até mesmo o prédio da estação em Catalão ficou sem utilidade. Por isso, em 2001, o Conselho Municipal optou pelo tombamento e sua posterior transformação em museu ferroviário.
Foi o fim da movimentação de transportes no Largo da Estação.
FOTO: Chegada festiva do trem da RMV. Catalão 1926.
FOTO: Vagões de passageiros da RMV.
FOTO: Nova estação. Catalão.
FOTO: Carro de boi pequeno.
FOTO: Carroça mais ágil e leve.
Luís Estevam
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