Registros da Academia Catalana de Letras – Nicolau Abrão
A Academia Catalana de Letras reconhece que, grande parte do desenvolvimento econômico de Catalão se deve ao trabalho e esforço dos imigrantes estrangeiros. Eles foram chegando à cidade, no início do século passado, se dedicando principalmente ao comércio e à indústria.
Um deles foi Nicolau Abrão, que chegou ao Brasil, no final de 1927, vindo de Damasco, capital da Síria, aos 17 anos de idade. Do porto de Santos veio direto para a casa de um primo seu, David Abrão, em Vianópolis-GO, com quem começou a trabalhar, como mascate, vendendo bijuterias na região de Anápolis. A princípio, andava a pé, tomando chuva, sol e passando frio. Seu primo tinha uma mula, mas era utilizada para o transporte das mercadorias. Antes de completar dois anos de trabalho, ganhou um cavalo, com arreios, de um fazendeiro da região e conseguiu juntar, com seu esforço, 300 mil réis. Certo dia, preparando o passaporte, estava na iminência de partir para a casa de uma tia, na Argentina, quando um amigo lhe falou sobre as potencialidades econômicas de Catalão, na época, em pleno florescimento. Assim, em novembro de 1929, Nicolau Abrão veio parar em Catalão. Suas economias deram para comprar um cômodo e um pequeno estoque de mercadorias que se resumia em alguns sacos de sal e umas latas de sardinha. Logo se casou com Samira Calixto e começaram a vida de comerciantes.
Catalão, em 1930, tinha cerca de 4.000 habitantes, poucas ruas e somente alguns bairros. Nicolau Abrão instalou seu pequeno armazém fora do circuito comercial que, na época, estava concentrado na Rua da Grota. Mas, progrediu juntamente com a cidade por conta do esforço, paciência, honestidade e amizades que foi angariando ao longo do tempo. Dizem que Nicolau considerava Catalão uma verdadeira “Cidade de Deus”, mesmo tendo testemunhado um dos períodos mais violentos da história do município. Era um homem rotineiro. Levantava de madrugada, andava vários quilômetros a pé, tomava um banho frio e assumia o posto de comando na sua casa comercial. Com o tempo, os catalanos foram se acostumando a comprar no “Armazém do Nicolau” que vendia secos e molhados, no atacado e no varejo, a vista ou a prazo.
Nicolau Abrão se tornou tão popular que até o seu sotaque soava agradável e era imitado por muitos. Um homem admirável que deixou um exemplo de trabalho e uma numerosa família de verdadeiros catalanos.
Luís Estevam
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