Recordações da Academia Catalana de Letras – Construção da RMV e o “Massacre dos Ferroviários”
A Academia Catalana de Letras relembra que, a ligação ferroviária entre Catalão e Belo Horizonte foi implantada com muitas dificuldades e durou quarenta anos. Durante a sua construção, no início do percurso entre Catalão e Ouvidor, aconteceu um massacre de ferroviários em que doze morreram na hora, quarenta ficaram feridos e vários desaparecidos. O conflito entre os trabalhadores da estrada de ferro e o chefe político de Catalão, Isaac da Cunha, se deu por causa do assassinato de uma prostituta, Emerenciana Neiva, cometido por dois ferroviários bêbados. Ela era amasia do comandante do destacamento policial de Catalão, um alferes conhecido por “Suan de Vaca” devido a sua feiúra, alto porte e estrutura desengonçada. De imediato, esse policial enviou um destacamento para vingar a sua amante. Mas, os ferroviários reagiram no acampamento, feriram um soldado e colocaram os demais pra correr. “Suan de Vaca”, raivoso e ofendido, pediu ajuda ao chefe político, Isaac da Cunha, que comandou um massacre aos turmeiros, na manhã de 05 de fevereiro de 1916, atacando as gôndolas repletas de trabalhadores que se dirigiam, de trem, para a frente de serviços, bem na saída de Catalão. Tentando escapar, o maquinista da locomotiva foi dando ré, até chegar perto do largo da Velha Matriz, descarregando os mortos e feridos no salão da velha Escola Sagrada Família, onde hoje funciona uma concessionária de veículos. Ali foram atendidos com a ajuda da população, ocasião em que mais quatro faleceram, inclusive duas crianças. Houve paralização dos trabalhos na ferrovia, que somente foram retomados após o assassinato de Isaac da Cunha, em junho de 1917. Os trilhos chegaram em Ouvidor em 1922 e, depois de cruzarem o Paranaíba, alcançaram Patrocínio e Belo Horizonte em 1942. Quarenta anos depois, Catalão perdeu essa ligação com Minas Gerais em função da barragem da hidrelétrica da Emborcação, que inundou a ponte e grande parte dos trilhos. Hoje, a Rede Mineira de Viação existe apenas na lembrança dos velhos catalanos.
Construção da RMV
Luís Estevam
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