BLOG da Maysa Abrão homenageia o ex-prefeito do Catalão, José Evangelista da Rocha

“Devo evitar: açúcar, gordura e prefeitura”.

(José Evangelista da Rocha)

A família relata que José Evangelista da Rocha foi um Catalano bastante atuante no que diz respeito à comunidade. Começou a trabalhar ainda menino com funções diversificadas, dentre algumas, guia de cego e vendedor de doces na rua. Na adolescência foi trabalhar com o tio Lamartine Evangelista em Cumari, Goiás, em um armazém, lá ficou conhecido como: Zé do Lamartine.

Aos 18 anos, foi sócio fundador do Frigorífico Santa Terezinha. Como era ainda muito jovem para entrar na sociedade, seu irmão, Geraldo Rocha, solicitou ao pai, Idelfonso Rocha, que emancipasse José. Durante o período em que ocupou a função administrativa na indústria, tornou-se a “face” da empresa. Sua calma e a maneira afável com que tratava os credores, bancários e empregados, angariou para a empresa grandes benefícios, sobretudo durante tempos de crises. Era muito comum ouvir de credores como, Santinho Borges e Alceu Dias o seguinte comentário: “A gente vai zangado ao frigorífico cobrar uma dívida vencida, mas, depois de dois dedos de prosa com o José, a gente acaba concordando não só em rolar a dívida, mas também emprestando ainda mais”.

No dia 27 de dezembro de 1953 José Evangelista da Rocha se casou com Olívia Paranhos Rocha. A cerimônia aconteceu às 11:00 horas da manhã, na Igreja Velha Matriz, em Catalão, Goiás e contou com a vocalista Ornézia Coelho Vaz, na época amiga da noiva. O vestido foi confeccionado pela irmã da noiva Anna Pereira da Silva. O tecido, a grinalda e o bouquet de rosas foram comprados em Araguari-MG (assim como todo o mobiliário da futura casa dos noivos). Os convidados foram recepcionados com deliciosos salgados, pelas mãos da cozinheira Duzinha, na residência da noiva. O bolo de três andares foi confeccionado pela Dona Rosa do Calixto, e tinha um casal de noivos no topo. Alguns padrinhos foram Maria Afiúne, Paulo Paranhos, irmão da noiva, que também a levou ao altar, José de Melo, que posteriormente batizou a filha do casal. Na ocasião, como José era muito magro e a aliança ficara larga, ele tinha que usar o polegar para mantê-la no dedo! Ao término da recepção, às 16:00 horas, os noivos embarcaram na Maria Fumaça na Estação acompanhados da família de ambos para a despedida. A lua- de- mel se deu em Serra Negra- MG, fazendo uma escala em Monte Carmelo. Na ocasião Serra Negra era bastante procurada por turistas por fazer parte do circuito das águas. No hotel, às 06:00 horas da manhã era oferecido a todos os hóspedes um copo de água sulfurosa para dar início a um animado dia de passeios. Segundo Olívia, como a  água tinha um forte gosto de enxofre, inventava sempre um subterfúgio para não tomá-la, ao passo que José, como gostava de tudo “certinho”, nunca a recusava. O enxoval foi comprado através de viajantes que, de tempos em tempos, viam a Catalão.

De volta à rotina diária, José Rocha com a sua distração costumeira, ao voltar do trabalho foi almoçar na casa dos pais. Sua mãe intrigada lhe perguntou: “Por que você está almoçando aqui?” Caindo na real ele disse: “Ô nega veia, esqueci que tinha me casado!”. O casal teve três filhos, o primeiro, Cairo, no dia 20 de outubro de 1954, na primeira residência do casal, na Rua Afonso Paranhos. O 2º filho Fábio, em 18 de abril de 1957, na segunda residência do casal, Na Rua Juca Cândido, com uma parteira chamada Aurora. Por último nasceu Sônia exatamente dois anos após o nascimento do Fábio no dia 18 de abril de 1959 na Santa Casa de Catalão com o Dr. Lamartine.

FOTO: os irmãos: Sônia, Cairo e Fábio

José Rocha foi eleito prefeito de Catalão em 1976 e tomou posse em janeiro de 1977. Acostumado à retidão e honestidade com que sempre conduzira suas funções no frigorífico e avesso aos procedimentos tortuosos e artimanhas da máquina político-administrativa, José passou por grandes dissabores no período em permaneceu no cargo. Como exemplo, no seu primeiro dia de mandato, recebeu de um de seus secretários, um talão de cheques e um bloco de papéis em branco para que assinasse. Sem vacilar, disse-lhe que tinha como princípio jamais assinar um documento sem antes ler seu conteúdo. Após dois anos de mandato, sofreu um enfarto do miocárdio, fato que o levou a renunciar por recomendação médica e forte pressão familiar.

Visita dos Leões

No final de 1978, já recuperado do problema de saúde, José e Olívia foram prestigiar o Circo que acabara de chegar a Catalão. Na mesma noite, já de madrugada, Olívia ouviu um barulho diferente vindo do alpendre de sua casa. Ao olhar pela janela, viu dois leões enormes bem próximos ‘a janela de seu quarto. Apavorada, acordou José, que também levou um grande susto. Os vizinhos começaram a ligar preocupados com a situação. A porta principal era de vidro e um dos leões ficou encostado nela, o que causava ainda mais medo. Muitas pessoas tentaram distrair os leões, mas estes, sentindo-se em casa pela semelhança das grades do alpendre com as jaulas do circo, nem se tocavam. Depois de um longo tempo, chegaram os funcionários do circo, que com sua experiência sabiam que só comida atrairia os leões para sua jaula. Assim, depois de várias tentativas e amassados no carro de José, decidiram colocar a jaula de frente à garagem e atirar pedaços de carne dentro dela. Esta foi a solução e o fim do episódio. No dia seguinte, não se falava em outra coisa. Alguns achavam que era intriga da oposição, já que se tratava da residência do prefeito; outros diziam que havia sido uma visita patrocinada pelo Lions Clube ao leonino José Rocha, que na época fazia parte da diretoria do clube.

FOTO: Concurso Miss Catalão 1977, Olinda Leite ganhou e a homenagem feita a ela pela maçonaria

 

Aspectos importantes da vida de José

Sem sombra de dúvida, a religião constituiu um dos aspectos mais importantes de sua vida. Tal como um apostolado, José procurou pautar seus valores e suas ações nos ensinamentos e normas cristãs, não apenas de maneira teórica, mas seguindo a risca os ditames de sua fé. Ademais, participou ativamente na igreja não só como Ministro Extraordinário da Eucaristia, quando levava a eucaristia e uma palavra de conforto aos doentes, mas também com generosas contribuições financeiras a causas e projetos da paróquia.

José Rocha, durante toda a sua vida, fez da caridade sua grande bandeira. Sentia-se feliz entre os menos afortunados e dedicou-se com grande zelo ao auxílio de todos que batiam a sua porta em busca de auxílio. A família só se deu conta da grandeza de seu desprendimento após seu falecimento. Era comum ver, durante o velório, inúmeras pessoas aproximarem-se e chamá-lo de um “pai que não tive!”.

Anos após sua partida, Jose Rocha, recebeu uma merecida homenagem da instituição Alcoólatras Anônimos, quando colocaram cerimonialmente sua foto na sala principal, como modelo de retidão e modelo a ser seguido.

Olívia também, juntamente com seu esposo, colaborou com inúmeras entidades, principalmente com a Sociedade São Vicente de Paulo e atualmente com os Alcoólatras Anônimos. Foi uma das fundadoras da Associação dos Diabéticos do Sudoeste Goiano, entidade que a muitos orienta e auxilia. Dentre suas atividades sócio-beneficente, foi rotariana, cursilhista e leonina.

Durante a gestão de seu esposo como prefeito de Catalão, Olívia participou ativamente de todos os encargos de 1a. dama oferecendo-lhe o precioso respaldo para suas atividades administrativas. Como cidadã sua contribuição abrangeu vários setores da comunidade que, assim como seu esposo, José Rocha, sempre o fez humildemente, distante dos holofotes da notoriedade.

É conhecido o ditado que diz: “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”, entretanto ao se observar a trajetória de vida de Olívia, há que se fazer uma alteração: “Ao LADO de um grande homem, há uma grande mulher”.

 

Lado pitoresco de José Rocha, sempre lembrado também por suas distrações:

1 – Na correria do dia-a-dia, colocou dois chapéus, um, sobre o outro.

2 – Foi ao banco em sua camionete e ao sair, esqueceu que estava de carro, pegou carona para ir ao frigorífico, chegando lá deu falta do veículo e achou que o mesmo tinha sido roubado.

3 – No trajeto para o Frigorífico e logo após para Goiandira – GO, ele deveria deixar a sobrinha Haydée no Colégio Mãe de Deus para sua aula diária, mas se esqueceu da presença da sobrinha e foi direto à Goiandira, para a satisfação da estudante.

4 – Alternadamente, José e Wilson iam à Fazenda buscar o leite pra deixar na Cooperativa. Um certo dia, José se esqueceu de entregar o leite na cooperativa e deixou o leite nos latões na garagem do irmão Wilson. No dia seguinte quando Wilson foi pegar o leite na fazenda ele “levou o queijo”, sem saber.

5 – Incumbido de levar e trazer sua neta Lorena da aula de piano, um dia a esqueceu por conta de compromissos no Banco. Sua neta preocupada com o esquecimento deixou um bilhete no seu carro dizendo: “Não me se esqueça de me buscar na aula de piano.”

6 – Ao fazer compras em um supermercado da cidade ele, distraidamente colocou a cartela de ovos no teto do seu carro, só percebendo ao chegar em casa.

7 – Numa viagem a Uberlândia quase voltou para buscar seus óculos que na verdade estavam nos seus olhos.

8 – Uma vez no barbeiro, José viu um par de óculos quebrados sobre aparador do salão e lamentou o ocorrido achando que o par de óculos era seu. O barbeiro observou, mas não disse nada.  Ao pagar o serviço verificou que os seus óculos estavam intactos no bolso da camisa. Os óculos eram do barbeiro!

FOTO: José Evangelista da Rocha quando prefeito do Catalão.

 

 

Frases famosas:

–  “Eu caminho um dia sim, outro também”.

– “Para comer só se chama uma vez”.

–  “Tudo certinho, dentro do vidrinho, bem tampadinho para não entrar mosquitinho”.

– “Quem pensa, não casa; quem casa, não pensa”. (ao entrar na piscina).

– “Vou devagar porque tenho pressa”.

– “Fulano (nome da pessoa) das moscas bonitas”. (brincando com os credores).

–  “Devo evitar: açúcar, gordura e prefeitura”.

– “Tudo certo como dois e dois são cinco”.

–  “No fim tudo dá certo” (frase que reflete seu otimismo e fé nos desígnios divinos).

No dia 25 de julho de 1994, por volta das 23 horas, Catalão perdia seu filho “José Evangelista da Rocha”, vitima de enfarto. O BLOG da Maysa Abrão homenageia aquele que foi Rotariano, Vicentino, Cursilhista, Ministro da Eucaristia, Tesoureiro Efetivo da Comissão da Festa do Rosário por vários anos, Leonino, Fundador da ADISGO (Associação dos Diabéticos do Sudeste Goiano) e Prefeito de Catalão.

FONTE: Biografia feita pela família.

 

FOTO: Família unida

FOTO: Fábio e Sonia Rocha

FOTO: Primeira Eucaristia da filha Sônia Rocha

FOTO: Sônia e o pai

FOTO: Dona Olívia com o filho Cairo que reside há 20 anos em “Nassau- Bahamas”

FOTO: Essa eu não poderia deixar de fora, não é mesmo Sônia? Essa foto mostra bem a religiosidade da Família Rocha…

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